quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Desmatamento e segurança dos alimentos - Desmatamento na Amazônia favorece aumento de bactérias resistentes a antibióticos.

 

Estudo realizado na Amazônia por pesquisadores mostrou que o desmatamento tem causado aumento na diversidade de bactérias resistentes a antibióticos

Foto: Cena-USP via Agência Fapesp / CC-BY-NC-ND


A expansão da pecuária e da agricultura é responsável pelo aumento acentuado das taxas de desmatamento na floresta amazônica, com consequências para o clima e micro e macro biodiversidade. Embora muitos estudos tenham avaliado os efeitos do desmatamento no microbioma, seu efeito no resistome do solo permanece desconhecido.


Pensando nisso,  pesquisadores do Cena, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (Esalq), em Piracicaba, e do Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis (RJ), realizaram uma análise de 48 amostras de solo de áreas desmatadas do Pará e do norte do Mato Grosso. Comparando os microrganismos que vivem no solo da floresta nativa com aqueles encontrados em pastagens e plantações.


Usando ferramentas de bioinformática, os pesquisadores compararam cerca de 800 milhões de sequências de DNA extraídas das amostras, com um banco de dados de genes conhecidos pela resistência a antibióticos. Foram encontrados 145 genes com essa característica, capazes de resistir à ação de antibióticos por meio de 21 mecanismos moleculares diferentes. Ainda que bactérias resistentes a antibióticos estejam presentes no solo florestal, esses microrganismos e seus mecanismos de resistência se apresentaram muito mais abundantes nos solos de pastagens, áreas desmatadas e plantações.


bactérias e fungos isolados de solo e raiz de cana-de-açúcar. Foto: GCCRC/Divulgação via Agência Fapesp / CC-BY-NC-ND


“As bactérias produzem substâncias para atacar umas às outras. Essa competição por recursos é comum em qualquer ambiente. Quando uma área é desmatada, porém, uma série de fatores aumenta a competição, favorecendo justamente aquelas bactérias que podem resistir a essas substâncias. Se chegam aos humanos, esses microrganismos podem se tornar um grande problema”, explica Lucas William Mendes, pesquisador apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, e um dos autores do estudo. A pesquisa integra um projeto ligado ao Programa Biota-Fapesp e coordenado por Tsai Siu Mui, professora do Cena.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a resistência a antibióticos um problema de saúde pública global . Doenças resistentes a medicamentos, de modo geral, causam cerca de 700 mil mortes por ano no mundo, segundo a organização.


De acordo com Mendes - o processo de ocupação na Amazônia consiste em, primeiramente, derrubar as árvores mais valiosas para exploração da madeira. Em seguida, todo o resto é desmatado e a área, queimada, para dar espaço a culturas agrícolas ou capim para o gado. Além das cinzas da vegetação que vivia ali, o solo recebe ainda calcário para diminuir a acidez e outros insumos agrícolas. Essa abundância de nutrientes gera uma proliferação de bactérias e uma competição feroz por recursos 


O estudo observou  uma grande quantidade de bactérias resistentes principalmente a dois tipos específicos de antibióticos, tetraciclina e betalactamase. Medicamentos com esses princípios ativos são largamente utilizados no tratamento de doenças do gado e podem chegar ao solo por meio das fezes e da urina, uma vez que os bovinos têm baixa absorção de antibióticos. O uso de esterco como adubo pode, segundo os pesquisadores, contribuir para a propagação das bactérias resistentes.


Não é possível afirmar, no entanto, que os microrganismos imunes a antibióticos são capazes de migrar do solo amazônico para os alimentos produzidos nele, como grãos, cana-de-açúcar e carne. Alguns trabalhos supõem que essa transferência possa ocorrer, mas ainda não há estudos que mostrem uma relação direta. Contudo, é algo que deve ser olhado com atenção, pois se essas bactérias resistentes chegarem aos humanos podem causar um grande problema de insegurança alimentar para milhares de pessoas, além de gerar um grave quadro de saúde pública.

Tampouco há soluções imediatas para impedir o surgimento dessas bactérias em solos cultivados. Um manejo que leve em consideração outras funções dos microrganismos além da produtividade das plantas, como ciclagem de nutrientes e diminuição de espécies produtoras de metano, por exemplo, pode ajudar a mitigar o problema.

Isso pode ser feito com o transplante de solo natural para uma área cultivada ou mesmo com o uso de inoculantes. Esses produtos baseados em microrganismos levam para o solo funções importantes que podem, de quebra, diminuir o uso de fertilizantes e agrotóxicos, a ponto de serem vistos como um potencial mercado de bilhões de dólares.

No caso da Amazônia, as soluções e as oportunidades podem estar logo ao lado de um pasto ou de uma plantação, no próprio solo da floresta nativa.

Referências:

Desmatamento na Amazônia favorece aumento de bactérias resistentes a antibióticos (ecodebate.com.br)


Desmatamento favorece aumento de bactérias resistentes a antibióticos – Jornal da USP


Amazon deforestation enriches antibiotic resistance genes - ScienceDirect


quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Testes indicam bactéria capaz de atacar fungo de lavouras

(Imagem por David B. Langston, University of Georgia. Fonte: IPMimages)

Cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP Piracicaba publicaram um artigo na revista Microbiological Research detalhando seus achados em relação à actinobactéria Streptomyces lunalinharesii. Segundo o estudo, esta bactéria é capaz de impedir a proliferação do fungo Rhizoctonia solani, que ataca plantações como de arroz, feijão, milho e soja.

Esta bactéria é encontrada em plantas de antúrio na ilha de Palmas, do litoral paulista (área de Mata Atlântica). “Hoje em dia é comum na área de pesquisa em produtos naturais de microrganismos que as buscas por novos compostos bioativos, incluindo os de possível aplicação agrícola, envolvam linhagens isoladas em localidades que haviam sido até então subexploradas, como é o caso das ilhas oceânicas, pois microrganismos pouco estudados podem representar grandes oportunidades para se encontrar compostos ainda não descritos na literatura. Além disso, as actinobactérias têm especial relevância neste âmbito, pois são sabidamente capazes de produzir um amplo espectro de metabólitos secundários, muitos dos quais bioativos.”, afirma ao Jornal da USP a bióloga Naydja Moralles Maimone, autora da pesquisa. 

O fungo em questão, Rhizoctonia solani, é do filo Basidiomycota, sendo um fitopatógeno de solo que acomete várias culturas importantes economicamente com doenças conhecidas como "tombamento" ou "podridão radicular". Nos testes em placa (cocultivo), foi fácil verificar que o fungo para de crescer na presença da bactéria S. lunalinharesii, que o ataca, deteriorando suas hifas. A bióloga Naydja Moralles ainda afirma: "Levantamos a hipótese de que esta actinobactéria é potencial produtora de compostos ainda não conhecidos ou descritos na literatura".



Fonte: Bactéria encontrada na Mata Atlântica tem potencial contra fungo de lavouras, apontam testes – Jornal da USP.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Controle e qualidade d’água

A água é uma riqueza inestimável que temos em nosso planeta, ela está diretamente ligada a nossa vida, em sua manutenção e em sua qualidade, sendo essencial também para a indústria. Na indústria a água pode ser utilizada como um elemento na produção, como um meio de inserção de elementos a fórmulas, sendo essencial também como responsável pela limpeza e sanitização. Tendo isso em vista há normas de inspeção que visam garantir sua qualidade e regular seu uso garantindo disponibilidade para todos, devendo assim seguir particularidades físico-químicas e microbiológicas segundo as normas do Ministério da Saúde.

A contaminação da água por agentes biológicos, químicos e físicos têm potencial para  serem danosos ou lesivos a todos os seres vivos. Sendo um assunto de extrema importância, pois o maior volume de água encontrado na Terra não pode ser utilizado para os encargos anteriormente citados, restando assim somente 0,3% de água potável para ser utilizada. Ocasionando assim grandes questionamentos no que se refere a qualidade da mesma devido às ações do homem que poluem fontes importantes como lençóis freáticos, rios e lagos.

Fonte: KASVI


O controle de qualidade da água é importante e essencial para evitar a utilização de fontes contaminadas, sendo necessária a análise para identificar um possível contaminante visando sempre manter a qualidade e uma boa higiene e saúde. No Brasil as normas seguidas para tal análise são as referidas a Portaria 1.469 do Ministério da Saúde, tendo como principais pontos analisados na indústria a acidez, a dureza, o pH, alcalinidade e o cloro residual, devendo se levar em conta a coloração, turbidez, alcalinidade e acidez para manter a qualidade da mesma. Quando usada de fontes seguras e de maneira correta conseguem oferecer várias vantagens tanto para os consumidores como para a indústria, como por exemplo, maior durabilidade dos produtos, melhor qualidade de vida aos consumidores e um maior rendimento na produção dos alimentos.

Ademais a contaminação a utilização da água imprópria pode acarretar em diversas doenças causadas por alimentos contaminados, sendo provocado por bactérias, vírus, fungos, parasitas, substâncias tóxicas, agentes químicos. A maior parte dos surtos e casos são ocasionados por bactérias sendo assim é considerado um dos grupos mais importantes para a saúde pública.

Tendo em vista o atual cenário de seca no país, ou seja, a redução do armazenamento de água se apresenta em um estado crítico atualmente causando grandes repercussões como falta de energia elétrica, período sem abastecimento de água nas casas e estabelecimentos e etc. Esses problemas também possuem um grande impacto na qualidade e controle da água, gerando grande risco a saúde pública  pois, com a falta de água pessoas menos informadas tendem a recorrer a  fontes de providência duvidosa para ter água para realizar a higienização dos alimentos, para beber e para diversos fins e como a mesma são provenientes de lugares sem boa procedência muita vezes estará contamina o que acarretará em sérios problemas para a saúde das pessoas que utilizam da mesma.

Fonte: Blog SP Labor 


Concluímos assim que o controle e qualidade da água é de extrema importância  para evitar a utilização de fontes contaminadas, prevenindo assim a infecção de alimentos e pessoas e garantindo a promoção de bons produtos e da boa saúde. 

 

 Referências:

https://www.extraclasse.org.br/ambiente/2020/04/de-contaminacao-da-agua-consumida/

https://www.tuasaude.com/consequencias-de-beber-agua-contaminada/

https://www.ecycle.com.br/poluicao-da-agua/

https://gtechsolucoes.com.br/como-acontece-a-contaminacao-da-agua/

http://www.ra-bugio.org.br/projetosrealizados.php?id=36&gclid=Cj0KCQjwkIGKBhCxARIsAINMioK0WWaX6k6SZcIcheNJxtvUpW_n7B0BA2dR9KXBC76qgYRcRb1QBbgaAvrREALw_wcB

https://afrebras.org.br/noticias/importancia-da-qualidade-da-agua-na-producao-de-alimentos-e-bebidas/

http://blog.instrusul.com.br/como-funciona-o-controle-de-qualidade-da-agua-em-industrias-de-alimentos/

https://consultoradealimentos.com.br/boas-praticas/qualidade-agua-industria-alimentos/

https://baktron.com.br/a-qualidade-da-agua-na-producao-de-alimentos/#:~:text=A%20%C3%A1gua%20%C3%A9%20fundamental%20para%20a%20ind%C3%BAstria%20de%20alimentos.&text=Segundo%20o%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde,padr%C3%B5es%20f%C3%ADsico%2Dqu%C3%ADmicos%20e%20microbiol%C3%B3gicos.


sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Pesquisa realizada em Minas avalia o potencial da serralha no tratamento do vitiligo

Muito comum em áreas rurais aqui de Minas, a serralha pode ser consumida na forma de chás, sopas e salada, mas recentemente uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Lavras, mostrou que a serralha também pode ajudar no tratamento do vitiligo.

O que é o Vitiligo?

O vitiligo é uma doença não contagiosa caracterizada pela perda de coloração da pele. As lesões tem origem quando a diminuição ou ausência dos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção da melanina, o pigmento responsável por dar cor a pele.

As causas das doenças não são muito conhecidas ainda, porém acredita-se que traumas e fatores emocionais podem ter ligação com o seu surgimento.

O paciente portador de vitiligo apresenta como sintoma a aparecimento de lesões cutâneas de hipopigmêntação, com manchas brancas de tamanho variável na pele. O vitiligo não é contagioso e não apresenta prejuízos a saúde física do paciente apesar de alguns pacientes relatarem uma maior sensibilidade nas áreas afetadas.

A principal preocupação dos especialistas em relação ao vitiligo é a saúde emocional e qualidade de vida do paciente, uma vez que a doença exerce forte impacto na autoestima do portador, sendo em alguns casos recomendado até mesmo o acompanhamento psicológico.

Serralha no tratamento do vitiligo.


A Serralha (Sonchus Oleraceus), também conhecida como cerraia, é popularmente consumida na forma de sopa e saladas pode ter potencial uso no tratamento do vitiligo, uma vez que a presença do aminoácido fenilalanina na planta apresenta potencial para repigmentação da pele.

Um estudo realizado na Universidade Federal de Lavras está avaliando a possibilidade da utilização do extrato de serralha no tratamento do vitiligo.

Para a avaliação da capacidade antioxidante do extrato de serralha, os estudos são realizados em peixes zebrafish, popularmente conhecidos como paulistinha ou peixe-zebra, essa espécie de peixe apresenta cerca de 70% dos genes semelhantes aos genes humanos, o que é um número muito maior quando comparado aos camundongos, que são popularmente utilizados em pesquisas.

Durante os experimentos, extratos de serralha em diferentes concentrações foram aplicados nos aquários. Os primeiros resultados mostraram que os extratos causaram toxicidade aos embriões, porém estimularam a capacidade de pigmentação nos mesmos. Os próximos passos são estudar o que acontecem em relação aos genes do peixe.

 

Referências Bibliográficas:

https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/pesquisa-mineira-avalia-potencial-da-serralha-no-tratamento-contra-vitiligo-1.846117

https://bvsms.saude.gov.br/vitiligo/#:~:text=O%20vitiligo%20%C3%A9%20uma%20doen%C3%A7a,%C3%A0%20pele)%20nos%20locais%20afetados.

http://www.stip.org.br/situacoes-de-risco-no-trabalho-podem-dar-origem-a-vitiligo/

https://unebrasil.org/2020/12/06/os-beneficios-da-serralha-planta-medicinal-rica-em-vitaminas/


Vaca louca: o que é, e por que novos casos no Brasil são menos graves que epidemia letal dos anos 1990?

 O governo brasileiro confirmou neste sábado, 4 de Setembro, a ocorrência de dois casos atípicos do “mal da vaca louca” em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG).  Estes são o quarto e o quinto casos atípicos registrados em mais de 23 anos de vigilância para a doença, segundo a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As amostras dos animais foram enviadas a um laboratório da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, em inglês), no Canadá, para análise detalhada.

Mas o que é a doença da vaca louca?

A encefalopatia espongiforme bovina (EEB) — nome oficial do mal da vaca louca — é uma doença degenerativa que atinge o sistema nervoso do gado. É conhecida popularmente como doença da vaca louca porque os sintomas incluem agressividade e falta de coordenação. A doença também é conhecida como BSE, por causa do seu nome em inglês (bovine spongiform encephalopathy). Ela é causada por um tipo de proteína chamada príon e normalmente é fatal para os animais.


Fonte: Google Imagens

A versão humana da doença mais comum hoje em dia é conhecida como Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD) e também é letal. Ela está ligada ao consumo de carne contaminada. A doença ataca o cérebro progressivamente, mas pode ficar dormente por décadas.

Desde 1995, quando foi identificada, a vJCD já matou 178 pessoas. Entre os principais sintomas da vaca louca estão:

·       Nervosismo

·       Apreensão

·       Medo

·       Ranger dos dentes

·       Hipersensibilidade ao som, toque, luz

·       Ataxia

Qual é a causa da doença?

É provocada pela forma infectante de uma proteína (príon) presente nos restos mortais de bovinos e bubalinos que manifestaram a doença. O consumo de alimentos contaminados pelo príon é a principal via de transmissão. Animais sadios podem contrair a doença pela ingestão de alimentos que contêm farinhas de ossos, carnes e carcaças de animais infectados. Por isso, é proibida a alimentação de bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos com produtos de origem animal.

Fonte: CNN Brasil

O sistema brasileiro de criação de bovinos, principalmente para engorda, é quase que inteiramente a pasto e a suplementação alimentar usada é à base de proteína vegetal, como soja, milho e caroço de algodão.  Desde o aparecimento da doença na Europa, o serviço oficial de defesa sanitária animal do Brasil adotou medidas para evitar a introdução da doença no país, como a proibição de importação de animais e seus produtos vindos de países com registro da doença.  O país também proibiu, em 1996, o uso de proteína animal na alimentação de ruminantes – exceto leite e derivados.  Além disso, em 2019 o Mapa criou um comitê para revisar as normas para vigilância, controle, erradicação, certificação e emergência sanitária do mal da vaca louca.

Mas por que novos casos no Brasil são menos graves que epidemia letal dos anos 1990?

A notícia de que o Brasil suspendeu por tempo indeterminado as exportações de carne bovina para a China no fim de semana devido a identificação de dois casos de vaca louca provocou preocupações em alguns consumidores e gerou incertezas sobre o preço do produto.

O ministério da Agricultura rapidamente emitiu uma nota dizendo que os casos identificados em frigoríficos de Belo Horizonte e Nova Canaã do Norte (MT) não representam risco para saúde humana ou animal. O frigorífico de Belo Horizonte foi interditado, segundo o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Segundo a nota, casos atípicos como esse não são considerados graves e o Brasil continua sendo um país de "risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos".

A suspensão das exportações para a China se deu por conta do estrito protocolo sanitário em vigor entre os dois países — e o governo brasileiro espera que nos próximos dias a exportação já possa ser normalizada.

Para muitas pessoas, a doença da vaca louca traz memórias assustadoras dos anos 1980 e 1990, quando um surto no Reino Unido levou ao abatimento de quatro milhões de cabeças de gado e a dezenas de mortes de pessoas que haviam ingerido carne contaminada — com boicotes e prejuízos bilionários aos produtores britânicos.

Então como esses casos no Brasil são diferentes do que aconteceu no Reino Unido? Isso acontece porque a variante da doença identificada no Brasil é considerada menos perigosa do que aquela que se alastrou há 30 anos. Ainda assim, a variante é monitorada de perto pela indústria e por autoridades sanitárias.

Por que o caso no Brasil seria menos grave?

Isso acontece porque a variante da doença identificada no Brasil não representa um risco à saúde pública, segundo autoridades sanitárias.

A doença da vaca louca pode se manifestar de duas formas — a variante clássica e a atípica.

A clássica ocorre em bovinos após a ingestão de ração contaminada com príons, enquanto a atípica pode aparecer espontaneamente em todas as populações de gado. Acredita-se que isso poderia ter acontecido agora em Belo Horizonte e Nova Canaã do Norte (MT) — como também aconteceu em junho de 2019 em outra cidade no Mato Grosso.

A forma clássica da doença é a mais preocupante e foi detectada pela primeira vez em 1986. No Brasil, ela nunca foi detectada. Foi essa variante que causou o pânico e as mortes dos anos 1990. Ela se espalha rapidamente entre os animais através da ingestão de ração contaminada com príons.

Não existe cura para a doença de Creutzfeldt-Jakob — que é fatal — e o único tratamento é ajudar o paciente a conviver com os distúrbios provocados. Por isso, a principal medida de prevenção da doença é usar protocolos sanitários rígidos que impeçam o consumo de qualquer carne contaminada.

Embora não haja provas de que a vaca louca atípica seja transmissível, essa hipótese também não foi descartada. Por isso, como medida de precaução, autoridades de saúde fazem de tudo para impedir que essa variante seja introduzida na cadeia alimentar animal.

O que aconteceu na epidemia de vaca louca dos anos 1980 e 1990?

A epidemia de doença da vaca louca começou no Reino Unido nos anos 1980. Isso levou à proibição do uso de miúdos bovinos para consumo humano em 1989. Muitas pessoas temiam ser contaminadas ao consumir, principalmente, produtos com carne processada.

No ano seguinte, o ministro da agricultura, John Gummer, disse que a carne de vaca era "completamente" segura. Para "provar", ele convocou a imprensa para uma entrevista coletiva na qual comeu um hambúrguer. No mesmo evento, ele tentou convencer sua filha de 4 anos de idade a comer também — ela não quis. Isso foi antes de a ciência confirmar o risco da doença para humanos.



John Gummer e sua filha Cordelia em 1990. Fonte: BBC Brasil

A epidemia atingiu um pico entre 1992 e 1993, quando foram confirmados quase 100 mil casos. No total, estima-se que 180 mil cabeças de gado tenham sido afetadas.

O surto aconteceu porque os animais costumavam ser alimentados com ração feita com restos de carne, miúdos e medula óssea, que muitas vezes estavam contaminados com os príons.

Para tentar conter a doença, mais de 4,4 milhões de animais foram sacrificados. Hoje, cérebro e medula espinhal são descartados e não voltam para a cadeia de alimentação.

Também há um processo de monitoramento mais rigoroso. O Reino Unido introduziu controles mais rígidos para proteger a população. Passou a ser ilegal vender determinados cortes de carne, incluindo a venda de carne com osso - isso foi introduzido em 1997 e removido um ano depois. Outra medida foi importar plasma para tratar pessoas nascidas após janeiro de 1996 em caso de exposição à doença. Muitos países pararam de importar carne do Reino Unido - a China só acabou com sua restrição em 2018.

 

Fonte:

Por: BBC NEWS, Brasil. Vaca louca: por que novos casos no Brasil são menos graves que epidemia letal dos anos 1990. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58466749> Acesso em 06 de Setembro de 2021.

CNN Brasil. Entenda o que é o ‘mal da vaca louca’, identificado em bovinos de MG e MT. Disponível em: < https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/entenda-o-que-e-o-mal-da-vaca-louca-identificado-em-bovinos-de-mg-e-mt/> Acesso em 06 de Setembro de 2021.



sábado, 4 de setembro de 2021

Estudo sugere a ligação entre microbiota intestinal e retardo do envelhecimento

 


Os primeiros estudos relacionando alimentos fermentados consumidos surgiram no ano de 1895 por meio do cientista russo Elie Metchnikoff, na época não foi acreditado nem tão pouco bem-visto, agora muitos anos mais tarde cientistas reconhecem a importância da microbiota interna na regulação de doenças, até mesmo relacionam a ação de tais microrganismos com o retardo do envelhecimento como vem sendo estudado pelos pesquisadores da University College Cork, na Irlanda. 

Mas o que seria esta microbiota em si? Contextualizando de maneira breve a microbiota interna consiste na população de microrganismos (bactérias, vírus e fungos) que habitam de maneira benéfica nosso organismo, essa população é tão rica e tão diversa que se estima que haja mais destes microrganismos que células propriamente ditas em nosso corpo, e eles atuam diariamente mantendo a integridade das mucosas, aumentando a imunidade, e por vezes dificultam a ação e reprodução de possíveis agentes causadores de doenças, esses microrganismos por seus efeitos são também chamados de probióticos. 

E segundo o estudo da universidade irlandesa, afirma-se que o processo de envelhecimento, especialmente em mamíferos acaba por acarretar alterações nesta microbiota relacionando-se aos problemas de saúde e fragilidade nas populações idosas, o que é uma grande novidade é a relação dos probióticos com a saúde do cérebro e especialmente nos processos de envelhecimento 

Como vem sendo verificado na hipótese, os cientistas irlandeses retiraram bactérias do intestino de camundongos jovens e implementaram em camundongos idosos a fim de observar as alterações neurológicas dos mesmos. E posteriormente ao se utilizar de um labirinto, os que haviam passado pelo transplante de bactérias fecais possibilitou que os camundongos mais velhos encontrassem a plataforma oculta de modo mais veloz 

De modo geral, os pesquisadores verificaram que os produtos químicos na região do cérebro envolvida no aprendizado e memória eram mais parecidos com os de camundongos jovens após a realização do transplante de microbiota, o que se justifica pelas bactérias fecais atuaram atingindo as micróglias, células neurais que influenciam na evolução de doenças degenerativas, concluindo consequentemente que por meio da ação dos lactobacilos vivos, efeitos de envelhecimento como aprendizado, memória e deficiências imunológicas podem ser recuperados. 

Referência: 

Efeitos do envelhecimento podem ser revertidos por bactérias do intestino, disponível em:< https://olhardigital.com.br/2021/08/10/medicina-e-saude/efeitos-do-envelhecimento-podem-ser-revertidos-por-bacterias-do-intestino/ > 

   

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Doença da urina preta: surto no Amazonas

Como já relatado em nosso blog, a doença da urina preta vem despertando atenção da ciência e de profissionais da saúde. Recentemente um novo possível surto está sendo registrado no Amazonas.



A síndrome de Haff, ou doença da urina preta, é causada por uma toxina capaz de levar o músculo à necrose com a ruptura das células musculares, originando uma urina escura semelhante à cor de um café. Normalmente, ocorre após ingestão de pescado contaminado. Segundo o infectologista Max Igor Banks Ferreira Lopes, coordenador do Ambulatório de Doenças Infecciosas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a doença nada mais é do que uma inflamação com fortes dores abdominais.

A 176 quilômetros de Manaus, a cidade de Itacoatiara chamou a atenção das autoridades sanitárias do Amazonas nos últimos dias. Desde 22 de agosto, dezenas de moradores do local apresentam um quadro chamado rabdomiólise, marcado pela destruição das fibras que compõem os músculos do corpo.


No mesmo período, indivíduos de outros cinco municípios do Amazonas (Silves, Manaus, Parintins, Caapiranga e Autazes) também foram diagnosticados com a mesma condição.

Todos os 44 casos registrados até o momento estão sendo investigados, mas a principal suspeita é que esses indivíduos tenham sido acometidos pela doença de Haff, conhecida popularmente como "doença da urina preta".

 

É uma doença que já tem um tempo, ela foi descoberta em 1924, na Europa, e, na verdade, é uma síndrome que junta alguns sintomas, e observaram que ela está associada às pessoas terem se alimentado com peixe ou frutos do mar num período de 24 horas antes dos sintomas”, afirma o infectologista. De acordo com o especialista, “é uma doença rara, que nada mais é do que uma intoxicação alimentar por uma toxina que não é eliminada pelo calor, então, o peixe cozido pode transmitir a doença: é rara, não é frequente e não se tem ainda essa toxina identificada”, diz Igor Lopes.

Como a eliminação dessa toxina é feita pelos rins, muitas pessoas acabam tendo até insuficiência renal, por isso o especialista reforça a importância de se procurar um atendimento médico o quanto antes, para que a toxina possa ser eliminada o mais rapidamente possível e cause menos danos aos rins. Qualquer pessoa pode ser contaminada pela doença do “xixi preto” e não tem como ser evitada.

Ocorre extrema rigidez muscular de forma repentina, dores musculares, dor torácica, dificuldade para respirar, dormência, perda de força em todo o corpo e urina cor de café, pois o rim tenta limpar as impurezas, o que causa uma lesão na musculatura. A doença causa muitas dores musculares, lembrando a dengue, porém sem febre.

 

De acordo com um artigo escrito em 2013 por especialistas do Hospital São Lucas Copacabana, no Rio de Janeiro, o nome da moléstia tem a ver com a sua origem.

 

Os primeiros relatos sobre ela são de 1924 e vêm da região litorânea Könisberg Haff, que fica próxima do Mar Báltico. Atualmente, esse local integra a cidade de Kaliningrado, que pertence à Rússia e faz fronteira com Lituânia e Polônia.

À época, os médicos que trabalhavam no local descreveram um quadro de início súbito, com "rigidez muscular, frequentemente acompanhada de urina escura".

Após a publicação dos primeiros relatos, foram registrados novos casos no local durante os nove anos seguintes. Eles ocorriam principalmente entre o verão e o outono e tinham um fator em comum: o consumo de pescados.

 

Fonte:

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/08/31/doenca-da-urina-preta-o-que-se-sabe-sobre-possivel-surto-no-amazonas.ghtml

https://bvsms.saude.gov.br/doenca-da-urina-preta-doenca-de-haff/

https://jornal.usp.br/atualidades/sindrome-de-haff-ou-doenca-da-urina-preta-conheca-e-saiba-como-agir/