quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Feijão resistente à doença bacteriana é desenvolvido no Brasil

 

Feijão resistente à doença bacteriana é desenvolvido no Brasil

Primeira variedade brasileira de feijão carioca resistente ao crestamento bacteriano aureolado (Pseudomonas syringae pv. phaseolicola) é obtido pela Embrapa com o apoio da Universidade Federal de Goiás (UFG), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O crestamento bacteriano aureolado trata-se de uma doença amplamente difundida pelo mundo e presente nos países vizinhos como Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Venezuela, porém ainda não detectada no Brasil. A nova variedade foi desenvolvida utilizando melhoramento genético preventivo, o qual estuda doenças e pragas de alto risco para as principais espécies agrícolas antes de estas chegarem ao território nacional.

O estudo teve inicio após a identificação, dentro do acervo do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Arroz e Feijão, de duas linhagens de feijão: BelNeb-RR1 e ZAA-43, amplamente conhecidas por apresentarem cada uma  um gene de resistência a doença, após ambas foram cruzadas com a variedade BRS Estilo, que é uma cultivar de feijão da Embrapa com grão de qualidade comercial carioca.

Como o crestamento bacteriano aureolado é uma doença quarentenária, que não está presente no país, não era possível testar o sucesso da incorporação dos genes na presença do patógeno, no campo ou em casa de vegetação. Para isso foi utilizada a técnica de marcadores moleculares, que funcionam como “chips” que ajudam a analisar o DNA e identificar a inserção de genes na planta. 

A próxima fase da pesquisa é a validação da resistência incorporada à BRS Estilo, expondo a nova variedade ao contato direto com a doença,  que será feito fora do pais, tendo em vista minimizar  risco as lavouras nacionais. Os testes serão conduzidos e realizados em parceria com instituições de pesquisa internacionais que farão a prova final em ambiente controlado de casa de vegetação e também em campo.

 

Referências bibliográficas:

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/brasil-desenvolve-feijao-resistente-a-doenca-bacteriana-quarentenaria

https://plantix.net/pt/library/plant-diseases/300005/halo-blight


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Alerta sobre 1º caso de Candida auris no Brasil

A ANVISA alerta sobre possível primeiro caso positivo no Brasil de Candida auris, fungo resistente a medicamentos responsável por infecções hospitalares. “Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública”. Podendo causar infecção em corrente sanguínea e outras infecções invasivas, que pode ser fatal. Estima-se que dos pacientes com infecções fúngicas invasivas causadas por C. auris, entre 30% à 60% morreram.
FONTE: Jornal de Brasília 

Algumas cepas do fungo apresenta resistência a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas), que são comumente utilizados para tratar infecções por Candida. Além disso, pode permanecer viável por longo tempo no ambiente, apresentando resistência a diversos desinfetantes. Havendo grande propensão de causar surtos, devido a dificuldade de identificação pelos métodos laboratoriais e sua difícil eliminação no ambiente contaminado.

Segundo a ANVISA, “O fungo foi identificado em amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia, sendo confirmado pela técnica Maldi-Tof no Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz – LACEN/BA e no Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP.”

Afirma a ANVISA que a amostra ainda será submetida a "análises fenotípicas (para verificar o perfil de sensibilidade e resistência)" e "sequenciamento genético do microrganismo (padrão-ouro)".

A ANVISA recomendou reforçar a vigilância laboratorial da C. auris em todos os serviços de saúde do país, além das medidas gerais de prevenção e controle de infecções. Em caso de suspeita ou confirmação de C. auris, adotar imediatamente as medidas de prevenção e controle previstas no “COMUNICADO DE RISCO Nº 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA - Relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina".


REFERÊNCIAS:















quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

EMBALAGENS ATIVAS E INTELIGENTES: Uma tendência na indústria alimentos

 

IMAGEM 1
FONTE: hplast.com.br

A embalagem para alimentos surgiu a partir de uma necessidade de transportar e conservar frente a ocasiões de escassez. Atualmente ela faz parte do nosso dia a dia sendo apresentada em diversos formatos, tamanhos e materiais, onde seu principal objetivo é proteger o produto de fatores físicos, biológicos e químicos.

A indústria alimentícia, no entanto, tem observado uma necessidade crescente em se adequar as novas exigências do consumidor, que procura cada vez mais por alimentos menos processados, similares à in natura. Então de uma embalagem convencional, onde um dos requisitos era a mínima interação com o produto, hoje tem-se o desenvolvimento de embalagens com o propósito de interagir de forma desejável com o alimento, as chamadas embalagens ativas e inteligentes.


EMBALAGEM ATIVA

O nome advém do desenvolvimento de diversas tecnologias com o intuito de conservar as características sensoriais, aumentar a vida de prateleira, evitando a deterioração por agentes químicos e microbiológicos, e garantir a segurança dos alimentos ao inibir o crescimento de microrganismos patogênicos.

A embalagem ativa pode ser dividida em dois tipos de sistema:

  • Sistema absorvente: remove compostos indesejáveis (O2, CO2, etileno e H2O em excesso);
  • Sistema de liberação: adicionam ativamente compostos para os alimentos ou head space (espaço livre) da embalagem (CO2, antioxidantes, conservantes e enzimas).

Segue algumas aplicações desse tipo de embalagem:

 - ATMOSFERA MODIFICADA

Uma vez que a composição gasosa da atmosfera favorece a o crescimento de microrganismos deteriorantes e a oxidação do alimento, esse tipo de sistema possui níveis reduzidos de 02 e aumentados de CO2 comparado ao ambiente externo, retardando a deterioração do produto ao reduzindo as taxas de respiração e produção de etileno.

Essa atmosfera pode ser criada de dois modos, o ativo ou passivo. Pelo meio passivo, ela é criada pela respiração do próprio alimento até que haja um equilíbrio. Já pelo meio ativo, a atmosfera é criada com a adição de compostos gasosos pré-determinados no espaço livre da embalagem ou em materiais, como sachês.

- ABSORÇÃO DE 02

Com o objetivo de controlar a oxidação do produto e como consequência aumentar sua vida útil, este tipo de embalagem possui um aditivo com a capacidade de absorver o oxigênio. Compostos como óxido de ferro e carbonato ferroso são geralmente adicionados em sachês, porém também podem ser encontrados na superfície interna de embalagens ou em discos acoplados a tampa de garrafas. Outra vantagem da adição desses aditivos é a de que podem substituir pesticidas químicos prevenindo contra danos por insetos.

- CONTROLE DOS NÍVEIS DE ETILENO

Sendo o etileno um gás que acelera o amadurecimento de hortaliças, o seu controle aumenta a vida de prateleira do produto. A remoção do etileno é geralmente feita por um agente oxidante, como o permanganato de potássio, sendo incorporado a sachês com alta permeabilidade ao etileno.

- REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE UMIDADE

Como consequência do metabolismo de carboidratos e gorduras há a produção de água, gerando níveis inadequados de umidade que favorecem o crescimento de microrganismos por exemplo. Os métodos mais utilizados na redução de umidade na embalagem é a incorporação de umectantes entre duas camadas de filme plástico com alta permeabilidade a umidade, ou o uso de sachês com compostos dissecantes (IMAGEM 2).

IMAGEM 2: Sachê absorvedor de umidade Condensation Gard®.
FONTE: ital.agricultura.sp.gov.br

- LIBERAÇÃO DE ETANOL

Para inibir o crescimento microbiano é desenvolvido um sistema com emissão de etanol. O aditivo adicionado absorve a umidade do ambiente e libera vapor de etanol, que condensa na superfície do alimento.

- LIBERAÇÃO DE ADITIVOS

Diversos aditivos podem ser incorporados e liberados pelas embalagens com o proposito de aumentar a vida útil do alimento. Estes podem ser liberados gradativamente sobre a superfície do alimento por meio de difusão e evaporação a partir do filme, ou por reação química ou enzimática. O aditivo mais utilizado são os conservantes, como ácidos orgânicos e peróxidos.

INCORPORAÇÃO DE ENZIMAS

Enzimas são incorporadas a embalagem com objetivos específicos. Alguns exemplos de uso são a utilização de filme com lactase para produtos lácteos, enzimas e bacteriocinas para inibir o crescimento microbiano, naringinase ao filme plástico internamente na embalagem do suco de uva para redução do sabor amargo.

 

EMBALAGEM INTELIGENTE

Enquanto as embalagens ativas têm o intuito de estender a vida útil e qualidade do produto, as embalagens inteligentes contribuem com a função comunicativa. Este tipo de embalagem é desenvolvido com nanotecnologia, onde sensores simples, como monitores químicos e de pH, interagem com a atmosfera da embalagem e identifica a presença de gases, umidade ou outros marcadores de qualidade, e informa a condição real do alimento ao consumidor.

Algumas opções interessantes de embalagens inteligentes já se encontram disponíveis no mercado, como embalagens com indicador de tempo e temperatura (IMAGEM 3), indicadores que alertam quando o produto está próximo ao vencimento,  sensores integrados a embalagem que indica o estagio de maturação do fruto (IMAGEM 4), indicador de qualidade/frescor do produto, entre outros.

IMAGEM 3: Embalagem de salmão, onde há uma etiqueta com indicador de tempo e temperatura que muda de cor, indicando se o peixe está bom para o consumo ou não.
FONTE: abre.org.br

IMAGEM 4: Embalagem de frutas com sensor RipeSense sensível a etileno (liberado pelo fruto durante seu amadurecimento) que muda de cor no decorrer do tempo indicando o estágio de maturação do alimento.
FONTE: warstek.com

São várias as vantagens desse tipo de embalagem, tanto para o comerciante, fornecendo um controle maior sobre o seu estoque, quanto para o consumidor, informando sobre a condição do produto que adquirido, evitando desperdícios por ambas as partes.

No Brasil as embalagens ativas e inteligentes ainda não estão em alta, porém devido a tendência de crescimento mundial deste tipo de tecnologia, logo as marcas nacionais devem aderir.

 

REFERÊNCIAS

Embalagens ativas: uma nova abordagem para embalagens alimentícias | Braga | Brazilian Journal of Food Research (utfpr.edu.br)

EMBALAGENS: Ativas e Inteligentes (Conalimentosjr)

Entenda agora tudo sobre o que é embalagem ativa (scuadra.com.br)

Embalagens ativas e inteligentes para frutas e hortaliças - ITAL (agricultura.sp.gov.br)

Embalagens inteligentes: como elas podem beneficiar consumidores e varejistas - ABRE

Embalagens ativas para alimentos (scielo.br)

Descubra as vantagens das embalagens inteligentes para alimentos! (volkdobrasil.com.br)

Embalagens inteligentes revolucionam o mercado mundial | 2A+ Alimentos (doisamaisalimentos.com.br)

Embalagens inteligentes: um marco, uma revolução e uma tendência - Moveideias




quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Semana da Conscientização sobre uso de Antimicrobianos


 

Anualmente a OMS (Organização Mundial da Saúde) organiza a Semana Mundial de conscientização sobre o uso de antimicrobianos, e ela se iniciou nesta quarta-feira (18/11) e mobiliza países de todo o mundo a dar atenção a importância de se combater a resistência microbiana aos antimicrobianos.

A resistência de a antibióticos é muito comentada, desta maneira este ano o tema resolver ampliar-se ainda mais, uma vez que o termo antimicrobianos vai além dos antibióticos, abrangendo também antifúngicos, antiparasitários, antivirais e quimioterápicos, desta forma o tema foi "Unidos para preservar os antimicrobianos" 

Apesar ser um tema muito discutido, poucos entendem verdadeiramente o significado da resistência microbiana, bom explicando de maneira breve, pode-se definir como a capacidade que os microorganismos tem de suportar a ação dos medicamentos antimicrobianos, gerando uma menor eficiência do medicamento tanto na cura quanto na prevenção de infecções, sendo por sua vez a principal causa o uso indevido ou indiscriminado dos agentes microbianos, dessa maneira é importante que só haja o uso de tais agentes quando indicados por um profissional da saúde, e seguindo as diretrizes indicadas, evitando interromper o tratamento. 

         Tomando parte no movimento a Anvisa tem tomado algumas ações, como a criação da Catrem (Câmara técnica de resistência microbiana) em 2012, que colabora para a elaboração de medidas e normas para o monitoramento, controle e prevenção da resistência, criação do Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde e a Diretriz Nacional para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços de Saúde, entre outras diversas medidas. 

Dessa maneira frisa-se a importância de se manter o uso racional de medicamentos, e no caso desta campanha em específico, consciência quanto ao antimicrobianos. 

Porém, é de suma importância que com essa conscientização a respeito dos antimicrobianos em humanos, cresça também a conscientização do consumo especialmente quanto ao uso veterinário, segundo pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Paraná, que analisou cerca de 12 diferentes antibióticos testando sua sensibilidade em frangos de frigoríficos de produção extensiva, mas também em criações de subsistência de frangos, durante as pesquisas observou-se resistência de 100% em relação a ampicilina, 43% a cefotaxima, além de resistência em algum grau para mais de 80% dos antibióticos testados, desta forma o uso extensivo e em larga escala pode oferecer riscos socioambientais, tanto por gerar uma maior distribuição destes medicamentos para o ambiente por meio da eliminação fecal, mas também social por meio do consumo de carnes com estas cepas resistentes levando a resistência aos humanos. 

Sendo assim é importante buscar conhecimentos acerca desta área, além de manter-se vigilantes quanto ao uso indiscriminado e seus riscos.  


Referências:

Anvisa

https://www.bbc.com/portuguese/geral-50119820

https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/35813/R%20-%20T%20-%20ARNILDO%20KORB.pdf?sequence=2&isAllowed=y

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Bactérias do iogurte podem ajudar na regeneração de ossos

 

Bactérias do iogurte podem ajudar na regeneração de ossos

 

Fraturas em ossos são muito dolorosas e podem levar um longo tempo de recuperação. Em particular, a incidência de fraturas é muito alta em idosos devido à osteoporose. Após serem submetidos à cirurgia de fratura, os pacientes idosos sofrem frequentemente de doenças cardiovasculares, como a formação de trombos e o subsequente infarto do miocárdio devido à cicatrização tardia e longos períodos de repouso, que aumentam a mortalidade de pacientes idosos. Além disso, para prevenir infecções bacterianas, os pacientes geralmente recebem tratamento de antibióticos sistêmicos após cirurgia ortopédica. No entanto, a crescente incidência de infecções bacterianas multidroga resistentes tem ameaçado seriamente a saúde humana devido ao uso excessivo ou uso indevido de antibióticos. A incapacidade dos antibióticos existentes para tratar todas as infecções associadas a superbactérias já está se tornando um problema muito sério.

Pesquisadores da Universidade Hubei desenvolveram uma técnica para acelerar a regeneração óssea em caso de implantes e combater infecções usando um poderoso aliado microscópico: bactérias do iogurte - Lactobacillus casei -  essas bactérias estão presentes na flora intestinal dos seres humanos, naturalmente. Assim, elas precisam competir com outras bactérias que causam doenças. Para tanto, esses microrganismos produzem um tipo de antibiótico: uma bacteriocina. Essa proteína evita que bactérias de outras espécies se desenvolvam perto das colônias de L. casei. Lactobacillus casei é um probiótico usado na fabricação de iogurtes e queijos, e já vem sendo usado não apenas como aliado no tratamento da osteoporose, e seu uso sempre foi oral, mas a abordagem dos pesquisadores leva o bacilo à superfície do próprio implante.

Caracterização e desempenho antibacteriano do biofilme L. casei. Fonte: ScienceAdvance/ L.Tan et


O biofilme que o L. casei desenvolve para aderir à superfície onde ele se multiplica apresenta excelente eficácia antibacteriana ( 99,98% contra S. aureus)  por conta da produção de ácido lático e bacteriocina [toxinas que elas produzem para inibir o crescimento de outras bactérias ao seu redor]. Além disso, o açúcar presente no biofilme estimula os macrófagos [que comem restos celulares e incentivam a produção de tecido novo] , fazendo com que o implante se integre ao osso mais rapidamente”.

Depois do sucesso dos testes in vitro, o método foi experimentado em cobaias, para ver se a cicatrização dos ossos era maior com o novo método. Seis camundongos com a tíbia quebrada receberam implantes de titânio – três, o implante padrão e três, revestidos com biofilmes de L. casei. Depois de quatro semanas, o tecido ósseo dos ratos com o implante com biofilme havia crescido 27%, em comparação com 16% nos animais com implantes regulares (estes últimos ainda desenvolveram infecções).

Implante para fêmur fraturado: pacientes idosos têm alta incidência de infecções. Fonte:  PubMed/S. Larsson et P. Procter/Reprodução


A descoberta dos pesquisadores, nesse sentido, pode ajudar a acelerar de forma significante a melhora dos pacientes de fraturas nos ossos. Vale lembrar que apesar dos bons resultados, esses tratamentos ainda não são aplicados clinicamente. Isso porque os produtos das L. casei ainda precisam tomar a forma de medicamentos. Além do mais, muitos testes são necessários antes que isso possa chegar de fato aos hospitais.

Aline Ponce/Pixabay

Apesar disso, os resultados ainda são bem animadores e podem representar uma boa melhora na qualidade de vida de qualquer um com problemas ósseos.

A toxoplasmose e a segurança de alimentos

Visual appearance of Toxoplasma gondii under light microscopy (source)

A ocorrência recente de surtos de toxoplasmose nos leva a refletir um pouco mais sobre esta doença que é conhecida como “doença do gato” e tem entre as formas de transmissão, os alimentos e a água – daí sua ligação com a segurança de alimentos.

Transmitida pelo protozoário Toxoplasma gondii, tem como hospedeiro definitivo o gato, mas estes não transmitem a doença de forma direta. Para haver contaminação é necessário que as fezes estejam contaminadas (gato com a doença), que o oocisto (forma infecciosa do Toxoplasma) esteja esporulado, o que acontece aproximadamente 2 dias após a defecação, para que estas fezes, se ingeridas ou em contato com alimentos e água, sejam então fonte de contaminação.

Veja detalhes do ciclo evolutivo a seguir:


A doença é transmitida ao homem quando este entra em contato com as fezes contaminadas, mas principalmente ao ingerir carnes mal cozidas, água, frutas e vegetais contaminados. Há formas menos comuns de contágio como a via transplacentária, transfusão sanguínea e transplante de órgãos.

A carne, mesmo quando proveniente de estabelecimentos fiscalizados, pode apresentar o protozoário (pois este não é comumente visualizado nas linhas de inspeção). Quanto aos vegetais e frutas, podem se contaminar no meio ambiente uma vez que pássaros e roedores também podem transmitir o protozoário – imagine hortas urbanas e comunitárias sem proteção contra pássaros, roedores e animais domésticos bem como pontos de coleta e armazenagem de água sem proteção.

COMO EVITAR A DOENÇA?
– Aquisição de matérias-primas produzidas segundo as Boas Práticas Agrícolas (BPA);

– Manipuladores com adequação às Boas Práticas de Fabricação (BPF);

– Processamento adequado de carnes (atenção a temperaturas adequadas de cozimento);

– Higiene de frutas e vegetais que atendam às Boas Práticas e aos procedimentos de sanitização;

– Água de fontes confiáveis e de qualidade reconhecida;

– Adequado controle de pragas.

Enfim, cabe ao profissional responsável pelo acompanhamento dos processos garantir a qualidade dos produtos que oferece ao consumidor, atendendo a requisitos de higiene e segurança dos alimentos


REFEÊNCIAS: Food Safety Brazil. A toxoplasmose e a segurança de alimentos. 2018. Disponível em: <https://foodsafetybrazil.org/toxoplasmose-e-seguranca-alimentar/>



sábado, 7 de novembro de 2020

China revela informações sobre o surto de brucelose local em 2019



No mês de setembro, autoridades chinesas confirmaram que houve em 2019 um surto de brucelose na cidade de Lanzhou, no nordeste da China, devido a um acidente em um laboratório biofarmacêutico. Após o acidente 21 mil pessoas foram testadas, e 3.245 dessas apresentaram infecção (tendo a cidade uma população de três milhões). Não houveram fatalidades.

O laboratório em questão produzia vacinas para a brucelose e, ao usar desinfetantes vencidos, possibilitou que as bactérias ficassem suspensas no ar, que foi expelido pelo sistema de exaustão, e transportou os patógenos pelo vento para áreas próximas e distantes, inclusive para outra província. Em janeiro deste ano, após investigações, as autoridades revogaram as licenças para produção de vacinas na instalação. Após isso, a empresa do laboratório emitiu uma nota pública de desculpas, e anunciou que iria ajudar na limpeza das áreas próximas, além de contribuir em um programa de compensação para os afetados. 

A brucelose é geralmente causada pelo contato com animais de rebanho contaminados com a bactéria do gênero Brucella (na alimentação ou manejo), sendo a transmissão de humano para humano extremamente rara. Também é conhecida como febre de Malta ou febre Mediterrânea, e pode causar em humanos sintomas como: dores de cabeça e musculares, febre, e fatiga. Alguns outros sintomas podem se tornar crônicos ou nunca acabarem, como artrite ou inchaço em certos órgãos. Nos animais, a brucelose pode gerar problemas de gestação ou inflamação de órgãos reprodutivos. 

O gênero Brucella é composto por bactérias gram-negativas, de três espécies infectantes de humanos conhecidas: B. abortus (gado), B. melitensis (cabras e ovelhas), e B. suis (suínos). Pode-se adquirir a doença pelo consumo de carne mal passada, leite não pasteurizado e derivados, além do contato direto com secreções e excretas de animais infectados, ou até mesmo inalando material aerossolizado. O diagnóstico é geralmente feito por análise de cultura de células sanguíneas.

O controle da doença nos tempos contemporâneos evita que a ocorrência da patologia seja muito maior, com a existência de vacinas e métodos de prevenção. Ainda assim, alguns surtos ocorrem ocasionalmente.


Fontes: 

https://edition.cnn.com/2020/09/17/asia/china-brucellosis-outbreak-intl-hnk/index.html

https://www.msdmanuals.com/professional/infectious-diseases/gram-negative-bacilli/brucellosis

sábado, 31 de outubro de 2020

I Simpósio de Higiene e Segurança Alimentar da UNIFAL

       O Projeto de Higiene e Segurança Alimentar tem o prazer de apresentar o nosso primeiro evento, o I Simpósio de Higiene e Segurança Alimentar da UNIFAL. Idealizado por seus integrantes, o evento tem o objetivo de  integrar estudantes, profissionais e técnicos do setor de alimentos, visando à atualização e a construção de conhecimentos, com troca de informações e saberes da área.
     O evento será realizado nos dias 11, 12 e 13 de novembro de 2020, totalmente gratuito, e em virtude do contexto atual totalmente online. Confira a seguir sobre as inscrições e a programação do nosso simpósio.

INSCRIÇÕES:
As inscrições serão do dia 04/11 às 17h00 do dia 11/11 pela plataforma CAEX da UNIFAL. (https://sistemas.unifal-mg.edu.br/app/caex/)

PROGRAMAÇÃO:

DIA 11/11 (QUARTA-FEIRA)
17:30 - Abertura do I Simpósio de Higiene e Segurança Alimentar da UNIFAL
18:00 - “Seleção de novas estirpes probióticas” proferida pela Profª Drª Rosane F. Schwan (Universidade Federal de Lavras)
19:00 - “Patógenos de origem alimentar: como detectá-los” proferida pela Profª Drª Maria Teresa Destro (Universidade de São Paulo)
20:00 - “Interação entre dieta, microbiota e sistema imune do hospedeiro” proferida pela Profª Drª Angélica Thomas Vieira (Universidade Federal de Minas Gerais)

DIA 12/11 (QUINTA-FEIRA)
18:00 - “Mitigação de fraudes em alimentos” proferida pela Profª Esp. Juliane Dias Gonçalves (Associação Food Safety Brazil)
19:00 - “Atualização dos padrões microbiológicos dos alimentos” proferida pela Profª Drª Mariza Landgraf (Universidade de São Paulo)
20:00 -“Conceitos Fundamentais da Microbiologia de Alimentos” proferida pelo Prof. Dr. Juliano Gonçalves Pereira (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho)

DIA 13/11 (SEXTA-FEIRA)
18:00 - “Sistema de gestão da segurança dos alimentos” proferida pela Profª Esp. Isabelle Correa Rochebois Campello (Ministério do Exército)
19:00 - "Utilização de enzimas na indústria de alimentos" proferida pela Profª Drª Clariana Zanutto (União Metropolitana de Educação e Cultura)
20:00 - Encerramento

Qualquer dúvida estamos disponíveis nas nossas mídias sociais:
Facebook: Higiene e segurança alimentar Unifal-mg
Instagram: @hsa_unifal

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Produção de leite in vitro

 

Produção de leite in vitro 

Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), são estimados mais de 30% em emissão de gases poluentes provenientes da pecuária no mundo. Somente em 2016 os gases poluentes gerados no Brasil pela pecuária foram de  69% do total liberado naquele ano. Aliado a isso nos últimos anos o Brasil, teve um aumento no número de desmatamento de florestas, colaborando assim com 60% das emissões de poluentes.

Com objetivo de mudar essa realidade, deu-se início  a produção de leite de mamíferos em laboratório.


Somente a fabricação de leite colabora com 4% da emissão total de gases do efeito estufa, que o torna hoje ambientalmente inviável, pois a criação de bovinos emite 37% da emissão de metano no mundo e, os laticínios dependem de amplos recursos, como por exemplo, de água e terras.

Dessa maneira, com intuito de tornar esse meio mais verde, as indústrias estão criando tecnologias que irão colaborar de forma mais sustentável sem deixar de apresentar os produtos que consumimos.

Para isso ocorrer a Turtle Tree Labs (startup com sede em Cingapura) desenvolveu um projeto de criação de leite cru por meio de células,  esse processo é feito por meio da cultura de células mamárias in vitro que são incitadas a produzir leite em biorreatores. As células irão se aderir em canudos diminutos, pelo qual os líquidos então serão puxados, fazendo com que o leite saia pelo outro limite do canudo. 

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53897965

Os produtores estão empolgados com os resultados e as possibilidades futuras do leite gerado em laboratório. Até dado momento eles realizaram culturas de células de distintos mamíferos, como ovelhas, cabras, camelos e vacas, demonstrando assim um amplo leque de possibilidades. Há também empresas que desenvolvem trabalhos parecidos como a carne, trazendo assim novas técnicas de obtenção de recursos, diminuindo a emissão de gases poluentes e evitando os maus tratos aos animais e, consequentemente tendo um maior controle e uma maior qualidade com esses produtos, fazendo assim com que haja produtos de ótima qualidade no mercado e que a agropecuária se torne ambientalmente viável. 



quinta-feira, 22 de outubro de 2020

EM PROPAGANDA COM LANCHE MOFADO, REDE DE FAST FOOD BURGER KING, ANUNCIA FIM DOS CONSERVANTES.

 

EM PROPAGANDA COM LANCHE MOFADO, REDE DE FAST FOOD BURGER KING, ANUNCIA FIM DOS CONSERVANTES.

Rede de sanduíches está, aos poucos, abandonando conservantes artificiais em suas franquias por todo o mundo e afirma que essa é a beleza da comida real; ela apodrece.


Restaurantes de fast-food estão longe de serem considerados saudáveis. Hoje, a maioria dos jovens, evitam esses locais. Pesquisas apontam que, ao mesmo tempo em que buscam uma alimentação rápida, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com o conteúdo nutricional de sua refeição e o efeito que ela terá em sua saúde.

Por conta disso, essas redes estão tendo que se adaptar para responder à demanda do público. Como ação à isso, o Burger King lançou globalmente uma nova campanha publicitária em que apresenta o hambúguer Whopper, seu sanduíche mais famoso, coberto de mofo e em decomposição.  A proposta é anunciar que, ainda este ano, a rede de fast food vai colocar no cardápio o lanche sem corantes, sem aditivos e com uma receita livre de conservantes artificiais.

A mudança chegou agora ao Brasil. A campanha com um comercial de televisão, mostra um lanche Whopper normal apodrecendo ao longo de 34 dias, ao som da música “Tudo passará”, de Nelson Ned. No vídeo, o sanduíche é colocado em um pedestal e à frente de um fundo preto. Mãos se reúnem para montar o Whopper e uma aceleração do vídeo mostra como partes, como o pão e a alface, murcham enquanto o queijo e a carne ficam esverdeados pelo mofo. 

No vídeo intitulado “Nada além do Whopper”, o lanche é chamado de “comida de verdade”, e os fungos acompanham o slogan “A beleza de não ter conservantes de origem artificial. Então agora, o principal lanche do Burger King passará a mofar, algo considerado extremamente positivo pelos administradores do Burger King. “A beleza da comida real é que ela fica feia”, afirma Ariel Grunkraut, vice-presidente de marketing e vendas do Burger King no Brasil. De acordo com a empresa, 70% de seus produtos não possuem ingredientes artificiais. A meta é chegar aos 100% até o final do ano que vem, em todos os seus produtos. Estima-se que, com as mudanças, a empresa deve tirar do mercado 277 toneladas de conservantes artificiais. 

Link: https://youtu.be/uVigj5YYnmk



Influencia do marketing no mercado

O McDonald’s, outra grande rede fast foods, não ficou para trás e, no mesmo dia, anunciou a retirada de corantes e aromatizantes artificiais dos seus produtos. Em 2018, a rede já havia começado a mudar suas receitas, retirando aditivos de todos os restaurantes americanos. No Brasil, esse primeiro corte será feito nos produtos Mix de Baunilha, Molho Big Mac, Molho Ranch, Mostarda, Queijo Cheddar (em fatia) e Molho Barbecue. 

Em 2019, um vídeo que apresentava um combo de hambúrguer e batata frita da empresa viralizou na internet após ter ficado guardado durante mais de dez anos sem mofar. Essa história teve inicio em 2009, após um morador comprar e guardar sem comer, um lanche de um restaurante da rede, na Islândia, que estava prestes a fechar. Então, os produtos armazenado e exposto em diversos lugares. Foi feito até uma transmissão online de demonstração.  Na época, o McDonald’s negou todos os boatos de que seus produtos teriam excesso de conservantes e alegou que o hambúrguer não se deteriorava devido à falta de umidade no alimento e no ambiente, o que impedia a proliferação de fungos e bactérias.

 


Dificuldade para mudança

Apesar de haver um limite de aditivos alimentares considerado seguro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), nenhuma rede de fast-food brasileira jamais foi acusada por uso irregular de tais ingredientes.

A dificuldade para essas mudanças está em encontrar fornecedores que lidem com os produtos frescos. Além de precisar mudar as embalagens, para que não haja risco de contaminação, os produtos também devem durar menos nas prateleiras, sendo necessário alterar os lotes de compras.  “Se fosse fácil, todos já teriam feito”, afirma Fernando Machado, CMO global do Burger King. “Tem um impacto de logística, pois o pão vai durar menos da metade do tempo na prateleira, tem ainda o desafio de preparar os fornecedores para que consigam entregar os produtos. Quando as coisas têm conservantes, é muito mais fácil.”



Fontes:

https://super.abril.com.br/comportamento/burger-king-apresenta-nova-propaganda-com-whopper-mofado/

https://veja.abril.com.br/blog/radar-economico/o-lanche-do-burger-king-agora-mofa-e-isso-e-bom/

https://www.youtube.com/watch?v=uVigj5YYnmk&feature=youtu.be