sábado, 20 de julho de 2019

Bacillus cereus

       O Bacillus cereus é um bastonete aeróbio, formador de esporos esféricos, normalmente encontrado no solo, na poeira e na água.

fonte: H. Seiler / TECHNICAL UNIVERSITY OF MUNICH (TUM)
É associado com intoxicações alimentares e pode ser encontrado em diversos alimentos, incluindo produtos in natura, frescos e processados.

Bacillus cereus pode causar duas formas de gastroenterite:      

SÍNDROME DIARREICA

              Provoca diarreia intensa, dores abdominais, raramente ocorre náuseas e vômitos. O período de incubação varia de 8 a 16 h e a duração da doença é de 12 a 24 h. Os alimentos envolvidos são os vegetais crus e cozidos, produtos cárneos, pescados, massas, leite, sorvete e pudins à base de amido.


SÍNDROME EMÉTICA

            Esta forma de intoxicação alimentar por B. cereus é mais grave e aguda que a síndrome diarreica. Causa vômitos, náuseas e mal-estar geral, e em alguns casos diarreias com 6 a 24 h de duração. Seu período de incubação é curto de 1 a 6 horas. Está quase que exclusivamente associada a base de arroz, quentes e frios. Creme pasteurizado, espaguete, purê de batatas e brotos vegetais também tem sido envolvidos.

CONTROLE E PREVENÇÃO DE INTOXICAÇÕES POR BACILLUS CEREUS

O Bacillus cereus por ser um formador de esporos, vem causando grandes preocupações quanto ao consumo de alimentos ligeiramente aquecidos e subsequentes refrigerados.
Os mesmos são bastante resistentes ao calor e ao serem reidratados obtém as condições para que sua germinação ocorra, provocando degradação dos alimentos bem como uma intoxicação alimentar.
Os tratamentos eficazes para o controle do B. cereus são o cozimento em vapor sob pressão, fritura e o assar em forno a temperaturas superiores a 100 °C, que eliminará a forma vegetativa, porém partes dos esporos podem resistir a temperaturas maiores que 100 °C.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para evitar a contaminação e a proliferação de microrganismos patogênicos, causadores de toxinfecções alimentares é fundamental tomar algumas medidas tais como:

1) Escolher alimentos processados de forma higiênica;
2) Cozinhar bem os alimentos;
3) Consumir imediatamente os alimentos cozidos;
4) Armazenar os alimentos cozidos fora da temperatura de risco;
5) Reaquecer suficientemente os alimentos cozidos;
6) Evitar o contato entre os alimentos crus e cozidos;
7) Lavar as mãos frequentemente;
8) Manter criteriosamente limpas todas as superfícies
da cozinha;
9) Manter os alimentos fora do alcance de insetos, roedores e outros animais;
10) Utilizar água potável

REFERÊNCIAS

GRANUM, P.E. Bacillus cereus and its toxins. J. Appl. Bact. Symp., v. 76 Supplement, p. 61S-66S, 1994.

JAY, J. M. Microbiologia de alimentos. 6ª ed – Porto Alegre: Artmed, 2005.

PAIVA, E. P.; FAI, A. E. C.; SOARES, D. S.; STAMFORD, T. L. M. Bacillus cereus e suas toxinas em alimentos. Higiene Alimentar, v. 23, n. 170/171, p. 87-92, 2009.

O GLOBO. Intoxicação alimentar mata mais de 350 milhões de pessoas por ano, alerta OMS. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/intoxicacao-alimentar-mata-mais-de-350-mil-pessoas-por-ano-alerta-oms-15768347> Acesso em 10 de julho de 2019.

domingo, 14 de julho de 2019




STAPHYLOCOCCUS AUREUS E AS SUPERBACTÉRIAS


STAPHYLOCOCCUS AUREUS
O Staphylococcus aureus, são cocos Gram positivos, coagulase positiva não esporulados, imóveis, anaeróbios facultativos, com melhor crescimento em condições aeróbias. Tem a capacidade de sobreviver e se multiplicar em uma concentração de cloreto de sódio de até 15%, o que faz com que os alimentos curados também sejam veículos potenciais de intoxicações por esses microrganismos. Estão associados aos produtos de origem animal industrializados e manipulados, tais como carnes, ovos, queijos, leite e doces.
Surtos de intoxicação alimentar por Staphylococcus aureus são os mais comuns, pois de 1-6 horas após a ingestão, certas cepas produzem uma enterotoxina termoestável que é responsável por causar náusea, vômito, espasmo abdominal e diarreia com muco e sangue, podendo ser fatal para crianças, imunodeprimidos e idosos.
Trata-se de uma bactéria comum, encontrada normalmente colonizando a pele de várias pessoas saudáveis, são microrganismos encontrados na boca, cavidade nasal e nas mãos, sendo comum serem encontrados nos alimentos, devido a más condições higiênicas durante o processo de fabricação e a presença de trabalhadores portadores assintomáticos e com maus hábitos higiênicos, o que contribui para disseminação dos microrganismos. Além das infecções estafilocócicas na glândula mamária bovina que apresenta um reservatório de culturas toxigênicas deste microrganismo, contaminando assim, o leite cru.
Porém, como qualquer bactéria fora do seu tecido de origem, ela pode causar infeções sérias e que podem levar uma pessoa a óbito, O problema maior acontece quando essa bactéria atinge a corrente sanguínea, podendo ser levada a qualquer parte do corpo, provocando uma infecção generalizada, caso do neto de Lula. Muitas vezes, as infecções bacterianas são restritas a apenas um órgão, mas sempre existe a possibilidade de se tornarem sistêmicas, gerando assim um quadro de sepse, que é extremamente grave e responsável por várias mortes diariamente quando não tratado corretamente.



                                                                                             Fonte: istockphoto

SUPERBACTÉRIAS
Superbactérias são bactérias que conseguem resistir ao tratamento com o uso de uma grande quantidade de antibióticos. Geralmente essas superbactérias surgem em razão do uso de antibióticos de forma desnecessária ou de maneira incorreta, que acaba selecionando as formas resistentes. Representando atualmente uma das principais ameaças à saúde pública mundial.
É uma bactéria comum, que já existe há vários anos, porém, devido ao uso indiscriminado de antibióticos, adquiriu resistência a praticamente todos os recursos de tratamento que estão disponíveis atualmente.
A medida em que as bactérias foram sendo expostas aos antibióticos, elas começaram a desenvolver alguns mecanismos de defesa para garantir a sua sobrevivência e, dessa forma, “resistir” aos antibióticos. Esses mecanismos de defesa podem, geralmente, ser transferidos de uma bactéria para outra. Quando uma bactéria adquire diversos mecanismos e passa a ser resistente a uma variedade enorme de antibióticos, ela se torna uma superbactéria.
As superbactérias ganharam destaque primeiro dentro dos hospitais, onde o uso de antibióticos é mais intenso e a transmissão de bactérias mais eficiente. Elas ainda são importantes causas de infecções graves entre pacientes hospitalizados. No entanto, atualmente, já sabemos que as superbactérias podem ser encontradas também em indivíduos saudáveis da comunidade, animais, alimentos e no meio ambiente.
Infecções por essas bactérias estão se tornando cada vez mais comuns e algumas delas são resistentes a praticamente todos os antibióticos existentes. Ao mesmo tempo, a velocidade com que os cientistas descobrem novos antibióticos vem sendo cada vez mais lenta. Nesse cenário, a Organização Mundial de Saúde estima que, se nada for feito para controlar essas superbactérias, até 2050 elas serão responsáveis por cerca de 10 milhões de mortes por ano no mundo, tornando-se mais letais que o câncer. Além disso, de acordo com estimativas globais, até 2050 as infecções por superbactérias gerarão um custo de aproximadamente 84 trilhões de dólares para a economia global.
Uma das principais bactérias resistentes a medicamentos é a Staphylococcus aureus, sendo a forma resistente à meticilina (MRSA) a mais comum. A MRSA é encontrada em praticamente todo o mundo, normalmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde causam sérios problemas. Essa superbactéria, além de ser resistente a vários antibióticos, é capaz de colonizar instrumentos médicos.
Em 17 de abril de 2014, um trabalho intitulado Transferable Vancomycin Resistance in a Community-Associated MRSA Lineage alertou a respeito de uma nova superbactéria do tipo VRSA (Vancomycin Resistent Staphylococcus aureus) resistente à meticilina e à vancomicina. Essa bactéria, chamada de BR-VRSA, foi descoberta no Brasil e é um tipo ainda mais resistente de Staphylococcus aureus. O que a diferencia das outras bactérias do tipo VRSA é o material genético herdado de bactérias que são encontradas em ambientes fora dos hospitais. Essa característica é importante porque torna mais fácil a sua disseminação.
Outra superbactéria que reflete um grande problema nos hospitais do mundo todo é a chamada KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemases). Ela produz carbapenemases do grupo A, enzima responsável por inibir a ação dos antibióticos que possuem o anel betalactâmico. Isso faz com que as opções de medicamento no tratamento dessa bactéria sejam diminuídas. A KPC acomete normalmente pacientes imunodeprimidos, em especial aqueles que estão na UTI.
Existe ainda uma superbactéria chamada NDM-1, que inicialmente surgiu na Índia e Paquistão, mas, posteriormente, espalhou-se por praticamente todo o mundo nos ambientes hospitalares. Ela apresenta um gene responsável pela produção de uma enzima que atua nos antibióticos betalactâmicos, conferindo resistência a esse medicamento.
Podemos concluir que várias são as superbactérias existentes no planeta e que todas elas constituem um grave problema para o ambiente hospitalar, uma vez que atacam pacientes com doenças graves ou extremamente debilitados. Conter o avanço de superbactérias é uma tarefa difícil e necessita de uma ação conjunta de profissionais da saúde, pacientes e até mesmo dos governantes. Profissionais da saúde devem ter em mente que a prescrição de antibióticos só deve ser feita quando necessário e todos os procedimentos hospitalares devem ser feitos com total higiene, utilização de jalecos, toucas e luvas. Os pacientes, por sua vez, devem ficar atentos às recomendações médicas e nunca se automedicar. Já os governantes devem dificultar a venda indiscriminada de antibióticos e criar políticas que incentivem a pesquisa sobre essas bactérias.

Figura adaptada de Antibiotic Resistance Threats in the United States, 2013, CDC.


REFERÊNCIAS
http://www.comciencia.br/resistencia-antibioticos-e-as-superbacterias/
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/superbacterias.htm
https://mdemulher.abril.com.br/saude/
SANTANA, E. et al. Artigo de Revisão Estafilococos em alimentos. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.77, n.3, p.545-554, jul./set., 2010.
RADDI, M., LEITE, C. e MENDONÇA, C. Staphylococcus aureus: Portadores entre manipuladores de alimentos. Rev. Saúde Pública., São Paulo, 22(1) : 36-40, 1988.





segunda-feira, 1 de julho de 2019

Nova técnica utilizando ozônio diminui chances de contaminação do milho



A Food and Drug Administration reconhece a segurança da aplicação do ozônio como sanitizante em alimentos e nos últimos anos, aumentou-se o interesse na aplicação desse gás no processamento de alimentos já que apresenta eficácia em pequenas quantidades, sua decomposição não gera metabólitos tóxicos e demanda pouco tempo de contato para surtir efeito. Com esse pensamento, pesquisadores da Embrapa Agroindústria e Alimentos recentemente validaram uma nova tecnologia pós-colheita que – utilizando do ozônio – reduz contaminações por fungos e micotoxinas em grãos de milho.
Um dos principais pontos na utilização do ozônio é a possibilidade de substituir sanitizantes a base de cloro, com ênfase no fator de que ele pouco altera características as características químicas e sensoriais. Diferente de métodos que acabam inviabilizando o alimento para o consumo, a aplicação de ozônio descontamina e degrada resíduos e contaminantes ao degradar as paredes celulares de microrganismos.

Na pesquisa realizada pelos profissionais da Embrapa, resultados como redução de 57% dos níveis de aflatoxinas e redução da contagem de fungos totais foram observados. Os grãos de milho que sofreram tratamento intenso – alta concentração de ozônio por longo período de tempo – apresentaram resultados ainda melhores. As análises múltiplas realizadas após o tratamento permitiam analisar, simultaneamente, treze micotoxinas em milho – como fumonisinas e ocratoxinas – que causam danos à saúde dos consumidores e dificultam a exportação.

Dada a importância do milho na agricultura e – consequentemente – economia brasileira, observa-se a importância de avanços tecnológicos como o citado acima, para garantir não apenas produtos de maior qualidade como maior segurança para os consumidores.

Referências: