segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

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Intoxicações Alimentares

As intoxicações alimentares bacterianas ocorrem quando um indivíduo consome alimentos contendo toxinas previamente produzidas durante o crescimento de colônias bacterianas nos alimentos. Geralmente essas toxinas não possuem odor nem sabor e a intoxicação pode ocorrer mesmo que as bactérias produtoras não estejam mais presentes no alimento. 
Alguns exemplos de bactérias que causam intoxicações: Clostridium botulinum, Clostridium perfringens, Staphylococcus aureus e Bacillus cereus. Algumas das toxinas bacterianas são termolábeis, ou seja, são destruídas pela ação do calor, como a toxina botulínica. Porém, existem toxinas como a toxina estafilocócica, que resistem ao processo de cozimento e não têm suas propriedades tóxicas alteradas. De forma geral, a maior parte das intoxicações alimentares bacterianas não é grave e os sintomas desaparecem em cerca de três dias (uma exceção é a intoxicação por Clostridium botulinum, que pode levar a morte).
Diferentemente das infecções bacterianas, as intoxicações não possuem tempo de incubação, ou seja, os sintomas se manifestam assim que a toxina chega ao aparelho intestinal. 
A seguir, exemplos de bactérias associadas às intoxicações alimentares. 

1. Clostridium botulinum 

É um bacilo gram-positivo e está amplamente distribuído no meio ambiente. Diferentemente das outras bactérias já comentadas, o Clostridium botulinum causa intoxicação e não infecção, ou seja, o botulismo é causado pela ingestão de alimentos que contém neurotoxinas produzidas durante o crescimento da bactéria. A toxina botulínica é a exotoxina bacteriana mais potente que se conhece, podendo ser letal a uma dose de apenas 0,12 μg. Os principais alimentos que podem conter essa toxina são aqueles que passam pelo processo de defumação, como presuntos e salsichas (embutidos).
A toxina botulínica não sofre efeitos dos ácidos estomacais, sendo absorvida no intestino delgado. Quando atinge os vasos sanguíneos, a toxina é rapidamente transportada para os transmissores nervosos, resultando na paralisia dos músculos controlados por estes nervos. Os danos causados são, na maioria das vezes, irreversíveis. Os primeiros sintomas são náuseas e vômitos e, com a progressão da doença, os músculos cardíacos e respiratórios podem ser afetados, levando ao óbito.
O tratamento tem como objetivo impedir que o intestino absorva a toxina e neutralizar parte da toxina que já se encontra na corrente sanguínea. Lavagens gástricas, além de hidratação e nutrição enteral precoce são alguns dos procedimentos indicados em caso de intoxicação. Antibióticos não são utilizados, pois podem ocasionar a lise de possíveis C. botulinum ingeridos e liberar mais toxina botulínica no trato gastro intestinal.
A prevenção pode ser feita através da adoção de medidas de conservação adequadas para alimentos embutidos, defumados e em conserva e não consumir estes alimentos se apresentarem alterações de cor e consistência. Não é indicado que crianças menores de dois anos consumam mel de abelha pelo risco de contaminação por C. botulinum. 

2. Staphylococcus aureus 

São bactérias Gram-positivas que se apresentam de várias formas: cocos, diplococos e principalmente estafilococos (parecido com um cacho de uvas). Podem se multiplicar numa ampla faixa de temperatura (de 7,8ºC até 48,5ºC) e as células, ao crescerem no alimento, produzem a toxina estafilocócica, uma enterotoxina que resiste às altas temperaturas de cozimento dos alimentos.
As fontes de contaminação por Staphylococcus aureus são produtos lácteos, carnes (principalmente de aves), ovos, atum, macarrão, etc. Na maioria das vezes, são produtos que requerem muita manipulação no preparo, já que Staphylococcus aureus é um micro-organismo presente na pele.
Os sintomas da gastroenterite estafilocócica incluem náuseas, vômito, dores abdominais, diarreia, sudorese e cefaleia. Esses sintomas podem aparecer de 30 minutos a seis horas após a ingestão do alimento contaminado e o quadro sintomático dura em média dois dias. Não há complicações severas causadas pela intoxicação por Staphylococcus aureus, porém, intoxicações severas podem levar indivíduos imunodeficientes ao óbito.
Como não é considerada grave, a intoxicação por S. aureus é tratada com reposição de líquidos e sais. Para prevenir, é necessário que as pessoas que manipulam alimentos tenham cuidados com as condições higienico-sanitárias para evitar contaminações. Também é necessário que alimentos com maior risco de contaminações, como carnes, produtos lácteos, ovos e molhos sejam sempre mantidos em temperaturas baixas e respeitar seu período de consumo.


Referências:

OLIVEIRA, M. A. F. M. Intoxicações alimentares. Faculdade de Biociências. Unesp. SP. Brasil.

Alves, A. R. F. Doenças alimentares de origem bacteriana. 87f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2012.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Festas de fim de ano e seus riscos quanto a intoxicações alimentares



O final de ano é uma época marcada por tradições, trocas de presentes, amigos secretos, reunir família, amigos, promessas de fim de ano, mas principalmente as ceias, e no meio de toda essa comilança é importante manter em mente algumas medidas de segurança, já que infelizmente está época também é marcada pelas frequentes intoxicações alimentares.
Entre os maiores causadores de problemas estão aves mal assadas, molhos, saladas, maioneses e até mesmo sobremesas.
Tanto em aves mal assadas como em ovos e derivados (especialmente quando não cozidos devidamente, como ocorre nas chamadas gemadas) deve-se haver atenção quanto a contaminação por Salmonella sp. gerando sintomas característicos como diarreia (podendo haver presença de sangue), cólicas, náuseas, vômitos, dor de cabeça e febre.
Em relação as saladas os riscos se relacionam a presença de coliformes (representado pelos gêneros Escherichia, Citrobacter, Enterobacter e Klebsiella) que geram na pessoa afetada sintomas muito semelhantes aos da salmonelose citada acima.
      Outro prato característico é a carne, especialmente a de porco, quanto ao seu consumo deve-se estar atento aos riscos quanto a microrganismos presentes em tais carnes que podem acarretar toxinfecções alimentares, especialmente os pertencentes aos gêneros Salmonella, Clostridium e Staphylococcus, cuja presença geralmente se associa ao uso, no abatedouro, de técnicas higiênico-sanitárias inadequadas, sendo que as Staphylococcus sp. são capazes de apresentar sintomas como diarreias e vômitos devido a produção de toxinas.
Dessa maneira, a Secretaria da saúde do estado de São Paulo elaborou algumas medidas a serem tomadas de modo a evitar tais intoxicações citadas abaixo:
  •          Lavar as mãos antes de comer e depois de usar o banheiro.
  •          Não misturar alimentos de origens diferentes, como carnes e verduras, em cima da pia.
  •          Não usar a mesma faca durante a preparação de diferentes alimentos
  •          Lavar bem frutas e verduras com água potável/tratada e depois higienizá-las com hipoclorito de sódio ou água sanitária (siga as instruções do rótulo ou da bula do produto). Vinagre doméstico não mata os microrganismos. Ajuda apenas a despregar sujeiras.
  •        Cozinhar, assar ou fritar muito bem os alimentos a serem consumidos.
  •       Guardar os alimentos já preparados dentro da geladeira.
  •        Não consumir alimentos de procedência clandestina ou desconhecida.
  •        Lavar latinhas de refrigerantes ou outras bebidas com água e sabão.

Além da questão do preparo adequado do alimento deve-se ter atenção quanto as famosas sobras que costumam ser reutilizadas para o preparo de outros pratos, no intuito de se evitar desperdícios, mas por vezes devido a falhas de armazenamento, são ocasionadas intoxicações alimentares, que podem ter graves consequências.
Segundo o professor da FMB, Nilton Carlos Machado alerta a respeito dos perigos de um dos mais famosos quitutes natalinos, a famosa “farofa”, geralmente levada a praia, devendo ser preferencialmente evitada, uma vez que sua composição geralmente envolve ovos, maionese, carnes. Ele alerta ainda a respeito dos riscos relativos a pessoas que tem o hábito de viajar escolhendo levar consigo alimentos comparados na cidade de origem, devendo-se nesses casos ter um cuidado redobrado quanto as condições refrigeração e condicionamento durante o transporte, levando ainda em consideração o tempo de viagem.
Dessa forma, tendo os devidos cuidados com a segurança dos alimentos presentes em sua ceia, desejamos boas festas!

Referências

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Biofilmes Microbianos


O biofilme é uma comunidade complexa e estruturada de microorganismos que ficam envoltos por uma matriz extracelular formada de polissacarídeos e aderidos entre si a uma superfície. Esses microorganismos produzem substâncias poliméricas com finalidade de aumentar sua chance de sobrevivência no meio. Alguns deles estão mais frequentes na produção de biofilme por conta de seus genótipos e fenótipos.

Biofilme (Fonte: Departamento de Microbiologia - USP)
O biofilme é a única estrutura microbiana que permite a coexistência de organismos aeróbios e anaeróbios estritos a distância de poucas centenas de micrômetros um do outro.


Vantagens


Primeiramente, a vantagem biológica da formação de biofilmes se deve ao fato de que a matriz de polissacarídeos oferece ambiente protetor às células microbianas pois protege da penetração de agentes como antibióticos ou germicidas químicos. Além disso, essa forma de organização ajuda na captação de elementos necessários para a sobrevivência favorecendo a circulação de água, oxigênio e nutrientes.

Onde se encontram?


Os biofilmes podem estar presentes naturalmente em camadas de solos e ambientes aquáticos e no ambiente urbano podem estar em sistemas de tubulações, reservatórios de água e edificações. No ambiente hospitalar eles podem estar em próteses ortopédicas, cateteres, dentro outros dispositivos médicos ligados ao paciente, assim, estão associados com infecções onde há presença de corpos estranhos. Aqueles independentes de dispositivos médicos, podem se formar em estruturas corporais como a placa bacteriana que se forma nos dentes.


Staphylococcus aureus em biofilme, dentro de um cateter urinário permanente. (Fonte: foto jornalística)

A formação de biofilmes também, é importante em processos como produção de fermentados, vinagre e vinhos. 

Na indústria de alimentos


Essas estruturas agem como ponto de contaminação constante, liberando células de microorganismos patogênicos e deteriorantes podendo comprometer a qualidade de insumos e alimentos processados. Alguns patogênicos em alimentos podem facilmente formar ou fazer parte da comunidade dos presentes em um biofilmes pelas suas características genotípicas e fenotípicas como E.coli, Salmonella sp, Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes, Bacillus cereus e Yersinea enterocolítica. 
Biofilmes de composição heterogênea podem se formar por conta da diversidade da produção, das matérias primas e dos produtos. Neste caso é possível ocorrer adesão bacteriana e formação de biofilme nas superfícies envolvidas no processamento do alimento. Se formados em materiais da linha de produção alimentícia, podem acarretar riscos para a saúde do consumidor através de doenças que são transmitidas por alimentos, um prejuízo para a indústria, além de uma redução da vida de prateleira dos produtos.

Indústria de alimentos (Fonte: https://etica-ambiental.com.br/praticas-industria-de-alimentos/)
Fonte: http://conalimentosjr.com.br/tag/microrganismos/

Portando, para controlar essa formação de biofilmes no processamento do alimento é importante prevenir seu desenvolvimento através da prática de adequados procedimentos de higiene industrial para remoção de resíduos e células de microorganismos de superfície impedindo então que o processo se inicie. Além disso, o tipo de material usado deve ser de fácil limpeza e resistência a corrosão, deve-se ter o hábito do uso de desinfetantes e detergentes, e os equipamentos devem ser de preferência desmontáveis facilmente para a limpeza adequada.

FLACH, J.; KARNOPP, C; CORÇÃO, G. Biofilmes formados em materia-prima em contato com leite: fatores de virulência envolvidos. Acta Scientiae Veterinariae. 33(3), 291-296, 2005.

Biofilme: o inimigo invisível. Disponível em http://nascecme.com.br/biofilme-o-inimigo-invisivel/