sábado, 31 de outubro de 2020

I Simpósio de Higiene e Segurança Alimentar da UNIFAL

       O Projeto de Higiene e Segurança Alimentar tem o prazer de apresentar o nosso primeiro evento, o I Simpósio de Higiene e Segurança Alimentar da UNIFAL. Idealizado por seus integrantes, o evento tem o objetivo de  integrar estudantes, profissionais e técnicos do setor de alimentos, visando à atualização e a construção de conhecimentos, com troca de informações e saberes da área.
     O evento será realizado nos dias 11, 12 e 13 de novembro de 2020, totalmente gratuito, e em virtude do contexto atual totalmente online. Confira a seguir sobre as inscrições e a programação do nosso simpósio.

INSCRIÇÕES:
As inscrições serão do dia 04/11 às 17h00 do dia 11/11 pela plataforma CAEX da UNIFAL. (https://sistemas.unifal-mg.edu.br/app/caex/)

PROGRAMAÇÃO:

DIA 11/11 (QUARTA-FEIRA)
17:30 - Abertura do I Simpósio de Higiene e Segurança Alimentar da UNIFAL
18:00 - “Seleção de novas estirpes probióticas” proferida pela Profª Drª Rosane F. Schwan (Universidade Federal de Lavras)
19:00 - “Patógenos de origem alimentar: como detectá-los” proferida pela Profª Drª Maria Teresa Destro (Universidade de São Paulo)
20:00 - “Interação entre dieta, microbiota e sistema imune do hospedeiro” proferida pela Profª Drª Angélica Thomas Vieira (Universidade Federal de Minas Gerais)

DIA 12/11 (QUINTA-FEIRA)
18:00 - “Mitigação de fraudes em alimentos” proferida pela Profª Esp. Juliane Dias Gonçalves (Associação Food Safety Brazil)
19:00 - “Atualização dos padrões microbiológicos dos alimentos” proferida pela Profª Drª Mariza Landgraf (Universidade de São Paulo)
20:00 -“Conceitos Fundamentais da Microbiologia de Alimentos” proferida pelo Prof. Dr. Juliano Gonçalves Pereira (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho)

DIA 13/11 (SEXTA-FEIRA)
18:00 - “Sistema de gestão da segurança dos alimentos” proferida pela Profª Esp. Isabelle Correa Rochebois Campello (Ministério do Exército)
19:00 - "Utilização de enzimas na indústria de alimentos" proferida pela Profª Drª Clariana Zanutto (União Metropolitana de Educação e Cultura)
20:00 - Encerramento

Qualquer dúvida estamos disponíveis nas nossas mídias sociais:
Facebook: Higiene e segurança alimentar Unifal-mg
Instagram: @hsa_unifal

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Produção de leite in vitro

 

Produção de leite in vitro 

Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), são estimados mais de 30% em emissão de gases poluentes provenientes da pecuária no mundo. Somente em 2016 os gases poluentes gerados no Brasil pela pecuária foram de  69% do total liberado naquele ano. Aliado a isso nos últimos anos o Brasil, teve um aumento no número de desmatamento de florestas, colaborando assim com 60% das emissões de poluentes.

Com objetivo de mudar essa realidade, deu-se início  a produção de leite de mamíferos em laboratório.


Somente a fabricação de leite colabora com 4% da emissão total de gases do efeito estufa, que o torna hoje ambientalmente inviável, pois a criação de bovinos emite 37% da emissão de metano no mundo e, os laticínios dependem de amplos recursos, como por exemplo, de água e terras.

Dessa maneira, com intuito de tornar esse meio mais verde, as indústrias estão criando tecnologias que irão colaborar de forma mais sustentável sem deixar de apresentar os produtos que consumimos.

Para isso ocorrer a Turtle Tree Labs (startup com sede em Cingapura) desenvolveu um projeto de criação de leite cru por meio de células,  esse processo é feito por meio da cultura de células mamárias in vitro que são incitadas a produzir leite em biorreatores. As células irão se aderir em canudos diminutos, pelo qual os líquidos então serão puxados, fazendo com que o leite saia pelo outro limite do canudo. 

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53897965

Os produtores estão empolgados com os resultados e as possibilidades futuras do leite gerado em laboratório. Até dado momento eles realizaram culturas de células de distintos mamíferos, como ovelhas, cabras, camelos e vacas, demonstrando assim um amplo leque de possibilidades. Há também empresas que desenvolvem trabalhos parecidos como a carne, trazendo assim novas técnicas de obtenção de recursos, diminuindo a emissão de gases poluentes e evitando os maus tratos aos animais e, consequentemente tendo um maior controle e uma maior qualidade com esses produtos, fazendo assim com que haja produtos de ótima qualidade no mercado e que a agropecuária se torne ambientalmente viável. 



quinta-feira, 22 de outubro de 2020

EM PROPAGANDA COM LANCHE MOFADO, REDE DE FAST FOOD BURGER KING, ANUNCIA FIM DOS CONSERVANTES.

 

EM PROPAGANDA COM LANCHE MOFADO, REDE DE FAST FOOD BURGER KING, ANUNCIA FIM DOS CONSERVANTES.

Rede de sanduíches está, aos poucos, abandonando conservantes artificiais em suas franquias por todo o mundo e afirma que essa é a beleza da comida real; ela apodrece.


Restaurantes de fast-food estão longe de serem considerados saudáveis. Hoje, a maioria dos jovens, evitam esses locais. Pesquisas apontam que, ao mesmo tempo em que buscam uma alimentação rápida, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com o conteúdo nutricional de sua refeição e o efeito que ela terá em sua saúde.

Por conta disso, essas redes estão tendo que se adaptar para responder à demanda do público. Como ação à isso, o Burger King lançou globalmente uma nova campanha publicitária em que apresenta o hambúguer Whopper, seu sanduíche mais famoso, coberto de mofo e em decomposição.  A proposta é anunciar que, ainda este ano, a rede de fast food vai colocar no cardápio o lanche sem corantes, sem aditivos e com uma receita livre de conservantes artificiais.

A mudança chegou agora ao Brasil. A campanha com um comercial de televisão, mostra um lanche Whopper normal apodrecendo ao longo de 34 dias, ao som da música “Tudo passará”, de Nelson Ned. No vídeo, o sanduíche é colocado em um pedestal e à frente de um fundo preto. Mãos se reúnem para montar o Whopper e uma aceleração do vídeo mostra como partes, como o pão e a alface, murcham enquanto o queijo e a carne ficam esverdeados pelo mofo. 

No vídeo intitulado “Nada além do Whopper”, o lanche é chamado de “comida de verdade”, e os fungos acompanham o slogan “A beleza de não ter conservantes de origem artificial. Então agora, o principal lanche do Burger King passará a mofar, algo considerado extremamente positivo pelos administradores do Burger King. “A beleza da comida real é que ela fica feia”, afirma Ariel Grunkraut, vice-presidente de marketing e vendas do Burger King no Brasil. De acordo com a empresa, 70% de seus produtos não possuem ingredientes artificiais. A meta é chegar aos 100% até o final do ano que vem, em todos os seus produtos. Estima-se que, com as mudanças, a empresa deve tirar do mercado 277 toneladas de conservantes artificiais. 

Link: https://youtu.be/uVigj5YYnmk



Influencia do marketing no mercado

O McDonald’s, outra grande rede fast foods, não ficou para trás e, no mesmo dia, anunciou a retirada de corantes e aromatizantes artificiais dos seus produtos. Em 2018, a rede já havia começado a mudar suas receitas, retirando aditivos de todos os restaurantes americanos. No Brasil, esse primeiro corte será feito nos produtos Mix de Baunilha, Molho Big Mac, Molho Ranch, Mostarda, Queijo Cheddar (em fatia) e Molho Barbecue. 

Em 2019, um vídeo que apresentava um combo de hambúrguer e batata frita da empresa viralizou na internet após ter ficado guardado durante mais de dez anos sem mofar. Essa história teve inicio em 2009, após um morador comprar e guardar sem comer, um lanche de um restaurante da rede, na Islândia, que estava prestes a fechar. Então, os produtos armazenado e exposto em diversos lugares. Foi feito até uma transmissão online de demonstração.  Na época, o McDonald’s negou todos os boatos de que seus produtos teriam excesso de conservantes e alegou que o hambúrguer não se deteriorava devido à falta de umidade no alimento e no ambiente, o que impedia a proliferação de fungos e bactérias.

 


Dificuldade para mudança

Apesar de haver um limite de aditivos alimentares considerado seguro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), nenhuma rede de fast-food brasileira jamais foi acusada por uso irregular de tais ingredientes.

A dificuldade para essas mudanças está em encontrar fornecedores que lidem com os produtos frescos. Além de precisar mudar as embalagens, para que não haja risco de contaminação, os produtos também devem durar menos nas prateleiras, sendo necessário alterar os lotes de compras.  “Se fosse fácil, todos já teriam feito”, afirma Fernando Machado, CMO global do Burger King. “Tem um impacto de logística, pois o pão vai durar menos da metade do tempo na prateleira, tem ainda o desafio de preparar os fornecedores para que consigam entregar os produtos. Quando as coisas têm conservantes, é muito mais fácil.”



Fontes:

https://super.abril.com.br/comportamento/burger-king-apresenta-nova-propaganda-com-whopper-mofado/

https://veja.abril.com.br/blog/radar-economico/o-lanche-do-burger-king-agora-mofa-e-isso-e-bom/

https://www.youtube.com/watch?v=uVigj5YYnmk&feature=youtu.be

Nova RDC e Instrução Normativa da ANVISA entrará em vigor

     Atualmente, indústrias e empresas alimentícias seguem uma Resolução da Diretoria Colegiada no. 12 de 02 de Janeiro de 2001, a qual estabelece os padrões microbiológicos e sanitários para os alimentos.

FONTE: Google Imagens

        Porém em 26 de Dezembro de 2019, foi publicada no Diário Oficial da União uma nova Resolução, a RDC no. 331, responsável por atualizar a RDC de 2001. Nela ainda, foi definido um prazo de 12 meses para que as novas regras entrem em vigor e, até lá, os produtos deverão adotar os padrões microbiológicos estabelecidos ainda pela RDC nº 12/2001 até o final do seu vencimento, ou seja, a Resolução 331 entrará em vigor em 26 de Dezembro de 2020. Além disso, também foi publicada a Instrução Normativa no. 60 no dia 23 de dezembro de 2019, a qual estabelece as listas de padrões microbiológicos para alimentos.
        Dentre algumas novidades, está o Artigo 6, que estabelece que a indústria é responsável para se adequar aos processos e determinar a frequência das análises do produto final. Outra novidade é que se devem investigar as possíveis causas de contaminantes microbiológicos no seu plano analítico, especificando os resultados satisfatórios com qualidade intermediária e resultados insatisfatórios com qualidade inaceitável.

FONTE: Google Imagens

    Também ocorrerão mudanças nos testes microbiológicos a fim de atender metas internacionais. Dentre eles estão o controle de histamina de 9 amostras, nenhuma pode ser maior do que 200 ppm, mas apenas é feito esse controle para peixes que contenham um alto teor de histidina. Já os testes de Coliformes a 45ºC foram substituídos por Escherichia coli; Carnes de aves agora deverão realizar testes para Salmonella tiphimurium e S. enteritidis com resultado de ausência. Listeria monocytogenes para alimentos prontos para consumo com n=5 agora pode ter até 100 UFC. Listeria para lactantes deve ser ausente e, para os demais alimentos poderá conter até 100 UFC/g. Também se faz necessário o controle de enterotoxina com padrão de 1 nanograma/1g de alimento.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

https://foodsafetybrazil.org/rdc-331-2019-e-in-60-2019-faltando-6-meses-para-entra-em-vigor-sua-empresa-ja-se-preparou/

http://www.vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/149-noticias/noticias-2020/1112-reali-noticia-n-04-2020-publicadas-a-rdc-331-2019-e-a-instrucao-normativa-60-2019-sobre-padroes-microbiologicos-para-alimentos

https://pet.agro.ufg.br/n/124569-resolucao-da-diretoria-colegiada-n-331-2019-e-a-instrucao-normativa-n-60-2019-para-substituir-a-resolucao-da-diretoria-colegiada-n-12-2001

http://www.unirio.br/ib/dmp/nutricao-integral/legislacao/Resolucao%20RDC%20ANVISA%2012%20-%202001%20-Padroes%20Microbiologicos%20de%20Alimentos.pdf/view

https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-n-60-de-23-de-dezembro-de-2019-235332356

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

ANVISA aprova nova rotulagem para alimentos

            Na semana passada (07/10) a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a nova norma sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados. Esta medida tem como objetivo aumentar a clareza e a legibilidade das informações nutricionais presentes nos rótulos dos produtos e visa ainda auxiliar o consumidor a realizar escolhas conscientes.

“Com a nova regra, os consumidores terão mais facilidade para comparar os alimentos e decidir o que consumir. Além disso, pretende-se reduzir situações que geram engano quanto à composição nutricional”, destaca Thalita Lima, gerente geral de Alimentos da Agência.

A principal mudança está na rotulagem nutricional frontal, uma simbologia que trará informações na parte da frente dos produtos. Além desta, outras mudanças acontecerão:

Rotulagem nutricional frontal  

Considerada a maior inovação da norma, a rotulagem nutricional frontal é um símbolo informativo na parte da frente do produto. A ideia é esclarecer o consumidor, de forma clara e simples, sobre o alto conteúdo de nutrientes que têm relevância para a saúde.    

Para tal, foi desenvolvido um design de lupa para identificar o alto teor de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. O símbolo deverá ser aplicado na frente do produto, na parte superior, por ser uma área facilmente capturada pelo nosso olhar. Confira os modelos:    


Tabela de Informação Nutricional     

Já conhecida pelos consumidores brasileiros, a Tabela de Informação Nutricional passará por mudanças significativas. A primeira delas é que a tabela passa a ter apenas letras pretas e fundo branco. O objetivo é afastar a possibilidade de uso de contrates que atrapalhem na legibilidade das informações.    

Outra alteração será nas informações disponibilizadas na tabela. Passará a ser obrigatória a identificação de açúcares totais e adicionais, a declaração do valor energético e nutricional por 100 g ou 100 ml, para ajudar na comparação de produtos, e o número de porções por embalagem.    


 
      Além disso, a tabela deverá ficar, em regra, próxima da lista de ingredientes e em superfície contínua, não sendo aceitas quebras. Ela não poderá ser apresentada em áreas encobertas, locais deformados ou regiões de difícil visualização. A exceção fica para os produtos pequenos (área de rotulagem inferior a 100 cm²), em que a tabela poderá ser apresentada em áreas encobertas, desde que acessíveis.     

Alegações  

Foram propostas ainda alterações nas regras atuais para a declaração das alegações nutricionais, com o objetivo de evitar contradições com a rotulagem nutricional frontal. Confira as orientações:    


Prazos    

É importante esclarecer que a nova regra será publicada nos próximos dias no Diário Oficial da União (D.O.U.), por meio de uma Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) e de uma Instrução Normativa (IN). A norma entrará em vigor 24 meses após a sua publicação. 

Os produtos que se encontrarem no mercado na data da entrada da norma em vigor terão, ainda, um prazo de adequação de 12 meses. 

No entanto, os produtos que forem destinados exclusivamente ao processamento industrial ou aos serviços de alimentação deverão estar adequados já a partir da entrada em vigor do regulamento, de forma a garantir que os fabricantes tenham acesso às informações nutricionais das matérias-primas e ingredientes alimentares utilizados em seus produtos. 

Os alimentos fabricados por empresas de pequeno porte, como agricultores familiares e microempreendedores, também possuem um prazo de adequação, mas de 24 meses após a entrada em vigor, totalizando 48 meses no total. Para as bebidas não alcoólicas em embalagens retornáveis, a adequação não pode exceder 36 meses após a entrada em vigor da resolução.

Ressalta-se que os produtos fabricados até o final do prazo de adequação poderão ser comercializados até o fim do seu prazo de validade. 

Como os regulamentos se aplicam a praticamente todos os alimentos embalados, os prazos acima são necessários e adequados para as empresas de alimentos realizarem os ajustes em seus produtos, bem como para o setor público organizar ações orientativas e educativas, além de estruturar a fiscalização. 

“O objetivo dessa norma não é impor nenhuma escolha. É possibilitar a compreensão, respeitando a liberdade de escolha de todas as pessoas que vivem no nosso território”, ressalta a diretora relatora Alessandra Bastos, da Diretoria Colegiada da Anvisa.

Fontes:

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/aprovada-norma-sobre-rotulagem-nutriciona

https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/geral/anvisa-aprova-nova-norma-para-os-r%C3%B3tulos-de-alimentos-1.495060

Legislação Rotulagem Nutricional de Alimentos (Proposta de RDC e IN)

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Bactérias da folha da laranja são capazes de degradar pesticidas

       

        O uso indiscriminado de agrotóxicos gera uma série de impactos ao meio ambiente. Dependendo da forma como são aplicados e da dose empregada nas plantações , os produtos podem gerar uma acumulação no solo, nos rios ou nas próprias hortaliças, afetando insetos que vivem no local, como as abelhas, além de poluir os recursos hídricos . Os riscos também atingem as pessoas, que possam tanto se intoxicar pela exposição aos agroquímicos quanto se intoxicar pelo consumo de alimentos contaminados.

        O desenvolvimento econômico brasileiro está voltado principalmente para as atividades agrícolas, cenário que contribui para o Brasil ser o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pelo Censo Agropecuário de 2017, entre 2006 e 2017 o Brasil registrou um aumento de 20% no número de propriedades rurais que utilizam os produtos químicos.


FONTE: Google Imagens

        Encontrar alternativas para solucionar esse problema e eliminar esses compostos depositados na natureza foi o que motivou pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da Universidade de São Paulo a estudarem bactérias do gênero Bacillus que foram extraídas da superfície das folhas da laranja. Depois dos testes, eles descobriram que esses determinados microrganismos produzem enzimas que são capazes de biodegradar dois pesticidas muito utilizados na agricultura brasileira: a Bifentrina e o Fipronil.

        Banidos na União Europeia, tanto a Bifentrina como o Fipronil são empregados no Brasil como inseticida e formicida em diversos tipos de plantações, como por exemplo, plantações de tomate, batata, milho, arroz, soja, entre outras. Além de sua aplicação no campo, o Fipronil também é utilizado para matar pulgas e carrapatos em cães, podendo até gerar riscos aos próprios animais caso seja administrado de maneira incorreta. Em abelhas, os dois produtos são capazes de atingir o sistema nervoso e levá-las à morte, acarretando problemas não só para nós, que perderíamos uma população de insetos responsável pela polinização de flores que produzem diversos tipos de alimentos, mas também para a economia.

        A hipótese dos cientistas para estudar essas bactérias é que eles acreditavam que elas conseguissem degradar os agrotóxicos, visto que tais microrganismos habitam o mesmo ambiente onde os produtos químicos são aplicados e ainda conseguem se manter vivas.

        Para comprovar tal teoria, os cientistas realizaram inúmeros testes no Laboratório de Química Orgânica e Biocatálise do Instituto de Química de São Carlos - USP. Um desses experimentos, diversas espécies de Bacillus extraídas de folhas de laranja de uma plantação em Tabatinga, interior de São Paulo, foram colocadas em frascos que continham pequenas amostras dos agroquímicos. Após cinco dias, alguns resultados chamaram a atenção: a bactéria Bacillus amyloliquefaciens conseguiu biodegradar 93% do Fipronil, enquanto a bactéria Bacillus pseudomycoides eliminou 88% da Bifentrina.

Bactéria Bacillus
FONTE: Google Imagens

        A pesquisadora Juliana G. Viana, autora desse trabalho, o qual foi financiado pela FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, também testou como seria o desempenho de grupos de bactérias do gênero Bacillus atuando juntas contra os agrotóxicos. O resultado mostrou que oito linhagens dos microrganismos de diferentes espécies foram colocadas para reagir com os produtos químicos e alcançaram uma degradação de 81% do Fipronil e de 51% da Bifentrina.

        “Elas promoveram reações de biodegradação dos pesticidas, mostrando potencial para eliminar tais agentes tóxicos lançados no meio ambiente.” afirma Juliana G. Viana. E segundo o professor André Luiz M. Porto, o qual orientou o trabalho, quando as bactérias estão em conjunto, pode haver competição por espaço e nutrientes, o que pode fazer com que aconteça um “desvio de foco” do combate aos pesticidas. Isso de certa forma justificaria a taxa de biodegradação ser um pouco inferior ou mais lenta nos testes com bactérias trabalhando em equipe.

André Luiz M. Porto e Juliana G. Viana
FOTO: Henrique Fontes


        Segundo eles, as bactérias estudadas no instituto têm um enorme potencial para serem utilizadas por agricultores na eliminação dos resquícios de agrotóxicos que sobram nas plantações, e também para evitar a contaminação de outros seres vivos e dos recursos naturais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

https://jornal.usp.br/ciencias/bacterias-da-folha-da-laranja-podem-reduzir-impacto-de-agrotoxicos-na-natureza/

http://www5.iqsc.usp.br/2020/bacterias-da-folha-da-laranja-podem-reduzir-impacto-de-agrotoxicos-na-natureza/

https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2020/09/06/bacterias-da-laranja-podem-reduzir-impacto-de-agrotoxicos-segundo-estudo-da-usp-sao-carlos.ghtml