quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Semana da Conscientização sobre uso de Antimicrobianos


 

Anualmente a OMS (Organização Mundial da Saúde) organiza a Semana Mundial de conscientização sobre o uso de antimicrobianos, e ela se iniciou nesta quarta-feira (18/11) e mobiliza países de todo o mundo a dar atenção a importância de se combater a resistência microbiana aos antimicrobianos.

A resistência de a antibióticos é muito comentada, desta maneira este ano o tema resolver ampliar-se ainda mais, uma vez que o termo antimicrobianos vai além dos antibióticos, abrangendo também antifúngicos, antiparasitários, antivirais e quimioterápicos, desta forma o tema foi "Unidos para preservar os antimicrobianos" 

Apesar ser um tema muito discutido, poucos entendem verdadeiramente o significado da resistência microbiana, bom explicando de maneira breve, pode-se definir como a capacidade que os microorganismos tem de suportar a ação dos medicamentos antimicrobianos, gerando uma menor eficiência do medicamento tanto na cura quanto na prevenção de infecções, sendo por sua vez a principal causa o uso indevido ou indiscriminado dos agentes microbianos, dessa maneira é importante que só haja o uso de tais agentes quando indicados por um profissional da saúde, e seguindo as diretrizes indicadas, evitando interromper o tratamento. 

         Tomando parte no movimento a Anvisa tem tomado algumas ações, como a criação da Catrem (Câmara técnica de resistência microbiana) em 2012, que colabora para a elaboração de medidas e normas para o monitoramento, controle e prevenção da resistência, criação do Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde e a Diretriz Nacional para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços de Saúde, entre outras diversas medidas. 

Dessa maneira frisa-se a importância de se manter o uso racional de medicamentos, e no caso desta campanha em específico, consciência quanto ao antimicrobianos. 

Porém, é de suma importância que com essa conscientização a respeito dos antimicrobianos em humanos, cresça também a conscientização do consumo especialmente quanto ao uso veterinário, segundo pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Paraná, que analisou cerca de 12 diferentes antibióticos testando sua sensibilidade em frangos de frigoríficos de produção extensiva, mas também em criações de subsistência de frangos, durante as pesquisas observou-se resistência de 100% em relação a ampicilina, 43% a cefotaxima, além de resistência em algum grau para mais de 80% dos antibióticos testados, desta forma o uso extensivo e em larga escala pode oferecer riscos socioambientais, tanto por gerar uma maior distribuição destes medicamentos para o ambiente por meio da eliminação fecal, mas também social por meio do consumo de carnes com estas cepas resistentes levando a resistência aos humanos. 

Sendo assim é importante buscar conhecimentos acerca desta área, além de manter-se vigilantes quanto ao uso indiscriminado e seus riscos.  


Referências:

Anvisa

https://www.bbc.com/portuguese/geral-50119820

https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/35813/R%20-%20T%20-%20ARNILDO%20KORB.pdf?sequence=2&isAllowed=y

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Bactérias do iogurte podem ajudar na regeneração de ossos

 

Bactérias do iogurte podem ajudar na regeneração de ossos

 

Fraturas em ossos são muito dolorosas e podem levar um longo tempo de recuperação. Em particular, a incidência de fraturas é muito alta em idosos devido à osteoporose. Após serem submetidos à cirurgia de fratura, os pacientes idosos sofrem frequentemente de doenças cardiovasculares, como a formação de trombos e o subsequente infarto do miocárdio devido à cicatrização tardia e longos períodos de repouso, que aumentam a mortalidade de pacientes idosos. Além disso, para prevenir infecções bacterianas, os pacientes geralmente recebem tratamento de antibióticos sistêmicos após cirurgia ortopédica. No entanto, a crescente incidência de infecções bacterianas multidroga resistentes tem ameaçado seriamente a saúde humana devido ao uso excessivo ou uso indevido de antibióticos. A incapacidade dos antibióticos existentes para tratar todas as infecções associadas a superbactérias já está se tornando um problema muito sério.

Pesquisadores da Universidade Hubei desenvolveram uma técnica para acelerar a regeneração óssea em caso de implantes e combater infecções usando um poderoso aliado microscópico: bactérias do iogurte - Lactobacillus casei -  essas bactérias estão presentes na flora intestinal dos seres humanos, naturalmente. Assim, elas precisam competir com outras bactérias que causam doenças. Para tanto, esses microrganismos produzem um tipo de antibiótico: uma bacteriocina. Essa proteína evita que bactérias de outras espécies se desenvolvam perto das colônias de L. casei. Lactobacillus casei é um probiótico usado na fabricação de iogurtes e queijos, e já vem sendo usado não apenas como aliado no tratamento da osteoporose, e seu uso sempre foi oral, mas a abordagem dos pesquisadores leva o bacilo à superfície do próprio implante.

Caracterização e desempenho antibacteriano do biofilme L. casei. Fonte: ScienceAdvance/ L.Tan et


O biofilme que o L. casei desenvolve para aderir à superfície onde ele se multiplica apresenta excelente eficácia antibacteriana ( 99,98% contra S. aureus)  por conta da produção de ácido lático e bacteriocina [toxinas que elas produzem para inibir o crescimento de outras bactérias ao seu redor]. Além disso, o açúcar presente no biofilme estimula os macrófagos [que comem restos celulares e incentivam a produção de tecido novo] , fazendo com que o implante se integre ao osso mais rapidamente”.

Depois do sucesso dos testes in vitro, o método foi experimentado em cobaias, para ver se a cicatrização dos ossos era maior com o novo método. Seis camundongos com a tíbia quebrada receberam implantes de titânio – três, o implante padrão e três, revestidos com biofilmes de L. casei. Depois de quatro semanas, o tecido ósseo dos ratos com o implante com biofilme havia crescido 27%, em comparação com 16% nos animais com implantes regulares (estes últimos ainda desenvolveram infecções).

Implante para fêmur fraturado: pacientes idosos têm alta incidência de infecções. Fonte:  PubMed/S. Larsson et P. Procter/Reprodução


A descoberta dos pesquisadores, nesse sentido, pode ajudar a acelerar de forma significante a melhora dos pacientes de fraturas nos ossos. Vale lembrar que apesar dos bons resultados, esses tratamentos ainda não são aplicados clinicamente. Isso porque os produtos das L. casei ainda precisam tomar a forma de medicamentos. Além do mais, muitos testes são necessários antes que isso possa chegar de fato aos hospitais.

Aline Ponce/Pixabay

Apesar disso, os resultados ainda são bem animadores e podem representar uma boa melhora na qualidade de vida de qualquer um com problemas ósseos.

A toxoplasmose e a segurança de alimentos

Visual appearance of Toxoplasma gondii under light microscopy (source)

A ocorrência recente de surtos de toxoplasmose nos leva a refletir um pouco mais sobre esta doença que é conhecida como “doença do gato” e tem entre as formas de transmissão, os alimentos e a água – daí sua ligação com a segurança de alimentos.

Transmitida pelo protozoário Toxoplasma gondii, tem como hospedeiro definitivo o gato, mas estes não transmitem a doença de forma direta. Para haver contaminação é necessário que as fezes estejam contaminadas (gato com a doença), que o oocisto (forma infecciosa do Toxoplasma) esteja esporulado, o que acontece aproximadamente 2 dias após a defecação, para que estas fezes, se ingeridas ou em contato com alimentos e água, sejam então fonte de contaminação.

Veja detalhes do ciclo evolutivo a seguir:


A doença é transmitida ao homem quando este entra em contato com as fezes contaminadas, mas principalmente ao ingerir carnes mal cozidas, água, frutas e vegetais contaminados. Há formas menos comuns de contágio como a via transplacentária, transfusão sanguínea e transplante de órgãos.

A carne, mesmo quando proveniente de estabelecimentos fiscalizados, pode apresentar o protozoário (pois este não é comumente visualizado nas linhas de inspeção). Quanto aos vegetais e frutas, podem se contaminar no meio ambiente uma vez que pássaros e roedores também podem transmitir o protozoário – imagine hortas urbanas e comunitárias sem proteção contra pássaros, roedores e animais domésticos bem como pontos de coleta e armazenagem de água sem proteção.

COMO EVITAR A DOENÇA?
– Aquisição de matérias-primas produzidas segundo as Boas Práticas Agrícolas (BPA);

– Manipuladores com adequação às Boas Práticas de Fabricação (BPF);

– Processamento adequado de carnes (atenção a temperaturas adequadas de cozimento);

– Higiene de frutas e vegetais que atendam às Boas Práticas e aos procedimentos de sanitização;

– Água de fontes confiáveis e de qualidade reconhecida;

– Adequado controle de pragas.

Enfim, cabe ao profissional responsável pelo acompanhamento dos processos garantir a qualidade dos produtos que oferece ao consumidor, atendendo a requisitos de higiene e segurança dos alimentos


REFEÊNCIAS: Food Safety Brazil. A toxoplasmose e a segurança de alimentos. 2018. Disponível em: <https://foodsafetybrazil.org/toxoplasmose-e-seguranca-alimentar/>



sábado, 7 de novembro de 2020

China revela informações sobre o surto de brucelose local em 2019



No mês de setembro, autoridades chinesas confirmaram que houve em 2019 um surto de brucelose na cidade de Lanzhou, no nordeste da China, devido a um acidente em um laboratório biofarmacêutico. Após o acidente 21 mil pessoas foram testadas, e 3.245 dessas apresentaram infecção (tendo a cidade uma população de três milhões). Não houveram fatalidades.

O laboratório em questão produzia vacinas para a brucelose e, ao usar desinfetantes vencidos, possibilitou que as bactérias ficassem suspensas no ar, que foi expelido pelo sistema de exaustão, e transportou os patógenos pelo vento para áreas próximas e distantes, inclusive para outra província. Em janeiro deste ano, após investigações, as autoridades revogaram as licenças para produção de vacinas na instalação. Após isso, a empresa do laboratório emitiu uma nota pública de desculpas, e anunciou que iria ajudar na limpeza das áreas próximas, além de contribuir em um programa de compensação para os afetados. 

A brucelose é geralmente causada pelo contato com animais de rebanho contaminados com a bactéria do gênero Brucella (na alimentação ou manejo), sendo a transmissão de humano para humano extremamente rara. Também é conhecida como febre de Malta ou febre Mediterrânea, e pode causar em humanos sintomas como: dores de cabeça e musculares, febre, e fatiga. Alguns outros sintomas podem se tornar crônicos ou nunca acabarem, como artrite ou inchaço em certos órgãos. Nos animais, a brucelose pode gerar problemas de gestação ou inflamação de órgãos reprodutivos. 

O gênero Brucella é composto por bactérias gram-negativas, de três espécies infectantes de humanos conhecidas: B. abortus (gado), B. melitensis (cabras e ovelhas), e B. suis (suínos). Pode-se adquirir a doença pelo consumo de carne mal passada, leite não pasteurizado e derivados, além do contato direto com secreções e excretas de animais infectados, ou até mesmo inalando material aerossolizado. O diagnóstico é geralmente feito por análise de cultura de células sanguíneas.

O controle da doença nos tempos contemporâneos evita que a ocorrência da patologia seja muito maior, com a existência de vacinas e métodos de prevenção. Ainda assim, alguns surtos ocorrem ocasionalmente.


Fontes: 

https://edition.cnn.com/2020/09/17/asia/china-brucellosis-outbreak-intl-hnk/index.html

https://www.msdmanuals.com/professional/infectious-diseases/gram-negative-bacilli/brucellosis