segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Alimentos transgênicos: conheça seus riscos e benefícios

Fonte: HypeScience


Também denominados de Alimentos Geneticamente Modificados (AGM), alimentos transgênicos são aqueles que tem seu DNA modificado em laboratório através de técnicas de engenharia genética. “Ela envolve selecionar em um ser vivo um gene com alguma característica vantajosa e transferi-lo para outro” como explica o biólogo Marcelo Menossi da Unicamp. Essa técnica tem como perspectiva aumentar a produtividade das lavouras, obtenção de alimentos menos perecíveis e com mais nutrientes.
O primeiro alimento transgênico aprovado no Brasil foi em 1998, uma soja tolerante ao herbicida glifosato, composto considerado genotóxico e cancerígeno. Em 2017 o Brasil se tornou o segundo maior produtor de transgênicos, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Atualmente cerca de 93% da soja brasileira, 82% do milho e 66% do algodão é geneticamente modificado.
Em 2003 foi divulgado o Decreto nº 4.680 que tem como exigência para as empresas, que todo alimento, que tenha mais de 1% de ingredientes transgênicos, levem na embalagem um “T” dentro de um triângulo amarelo.
Fonte: Senado Federal

As últimas pesquisas realizadas sobre o tema demonstram que não haveria efeitos nocivos, porém, a nutricionista Ana Paula Bortoletto do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor crítica, “Só vale lembrar que há um forte conflito de interesses, uma vez que parte dos estudos é patrocinada pelos produtores de sementes transgênicas”.
Os agricultores seriam os maiores beneficiados, uma vez que as sementes geneticamente modificadas teriam como principais propriedades a tolerância a herbicidas e resistência a pragas, o que leva a uma maior produtividade das lavouras e redução de custos com as plantações.
Outra vantagem citada pela engenharia genética, é de que seria utilizado menos agrotóxicos no cultivo desses alimentos. Segundo dados fornecidos pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Avanços em Agro-Biotecnologia, nos últimos 20 anos houve uma redução de 37% no uso de pesticidas e herbicidas no mundo, porém de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil foi na direção contraria, tendo um aumento de 190% no mercado de agrotóxicos no período de 2003 e 2013, e os produtos que receberam mais desses químicos foram justamente os transgênicos aprovados no país, a soja, milho e algodão. A bióloga Adriana Brondani, diretora do Conselho de Informações sobre Biotecnologia, justifica que “Nosso país está na região tropical, com uma incidência alta de pragas, e a produção aumentou muito nessas décadas, o que eleva a demanda pelos químicos”.
Para o consumidor, o principal benefício são os alimentos “turbinados”, onde há a adição de nutrientes não naturais destes. Este é o caso do arroz rico em betacaroteno criado por cientistas das Filipinas, da alface desenvolvida pela Embrapa com 15 vezes mais ácido fólico, da soja rica em Ômega-3 criada pela multinacional Monsanto, entre outros exemplos.
Mesmo que essa tecnologia pareça quase perfeita, ainda há muito receio em torno destes alimentos. Um dos maiores temores é o aumento dos casos de alergia. Ao transferir um gene, as reações indesejadas de um alimento poderiam ser passadas para o outro, caso que ocorreu na criação de um feijão mais rico em proteína com a adição do DNA da castanha do Pará desenvolvido pela Embrapa, assim pessoas alérgicas à castanha seriam consequentemente intolerantes ao feijão também.
Outra preocupação é a possível resistência a antibióticos. Uma vez que alguns transgênicos são desenvolvidos com auxílio de bactérias, informações genéticas poderiam ser transferidas para o DNA de outros microrganismos, como os presentes no nosso trato gastrintestinal, dificultando o tratamento de infecções no futuro.


REFERÊNCIAS:
ANDRÉ BIERNATH. Revista Saúde. Os transgênicos dominaram o mundo. 2018. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/bem-estar/os-transgenicos-dominaram-o-mundo/>.
EducaMais Brasil. Alimentos Transgênicos. Disponível em: <https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/biologia/alimentos-transgenicos>.
Embrapa. Transgênicos: Perguntas e respostas. Disponível em: <https://www.embrapa.br/tema-transgenicos/perguntas-e-respostas>.
FRANCO LAJOLO. Revista Saúde. O papel dos alimentos transgênicos. 2018. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/blog/alimente-se-com-ciencia/o-papel-dos-alimentos-transgenicos/>.
Instituto brasileiro de defesa do consumidor (Idec). Saiba o que são os alimentos transgênicos e quais os seus riscos. 2019. Disponível em: <https://idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/saiba-o-que-sao-os-alimentos-transgenicos-e-quais-os-seus-riscos>.
LANA MAGALHÃES. TodaMatéria. Alimentos Transgênicos. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/alimentos-transgenicos/>.
Revista Exame. 20 anos depois da aprovação, transgênico se torna regra no campo. 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/20-anos-depois-da-aprovacao-transgenico-se-torna-regra-no-campo/>.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Regulamentações sobre medicamentos veterinários e riscos à saúde humana:



Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 328/2019, que dispõe sobre a avaliação do risco à saúde humana de medicamentos veterinários e os métodos de análise para fins de avaliação da conformidade, entrou em vigou em dezembro de 2019. Complementando a mesma, foi publicada a Instrução Normativa (IN) 51/2019, que estabelece a lista de limites máximos de resíduos (LMR), ingestão diária aceitável (IDA) e dose de referência aguda (DRfA) para insumos farmacêuticos ativos (IFA) de medicamentos veterinários em alimentos de origem animal.
Os medicamentos veterinários são utilizados para o tratamento, a prevenção e a promoção do crescimento de animais produtores de alimentos. Mas mesmo com a aplicação das boas práticas veterinárias, o uso desses medicamentos pode resultar em resíduos nos alimentos de origem animal, como carne, leite e ovos. 

            
Como medida de prevenção, a RDC 328/2019 estabelece o risco à saúde humana devido a esse emprego de medicamentos veterinários em animais, que pode ser reavaliada a qualquer tempo e, sempre que justificado, a ingestão diária aceitável (IDA), a dose de referência aguda (DRfA), quando aplicável, e o limite máximo de resíduos (LMR) podem ser alterados.
Deverão ser realizados estudos de farmacocinética, de modo a contemplar o comportamento farmacocinético dos IFA, utilizando radiomarcados no medicamento veterinário, em animais de laboratório e na espécie-alvo produtora de alimento, incluindo dados de absorção, distribuição e eliminação, tempo de meia-vida no plasma e tecidos, e vias metabólicas.

            Os estudos de metabolismo com animais produtores de alimentos devem permitir a definição dos resíduos marcadores, da razão de resíduos marcadores para resíduos totais e do tecido comestível selecionado para monitorar os resíduos marcadores na espécie-alvo.  Esses resíduos devem possuir um método de análise validado para quantificar sua concentração no produto de origem animal.

Os estudos toxicológicos devem incluir os ensaios de: genotoxicidade, toxicidade aguda, toxicidade de doses repetidas, toxicidade sobre a reprodução (multigeração), toxicidade sobre o desenvolvimento e toxicidade crônica ou carcinogenicidade. Estudos adicionais de neurotoxicidade, imunotoxicidade, alergenicidade ou disfunção endócrina podem ser exigidos para identificação de efeitos específicos relacionados à estrutura, classe e modo de ação dos IFA ou seus metabólitos.

Os estudos microbiológicos devem avaliar potenciais efeitos sobre a barreira de colonização do trato intestinal humano e o aumento da resistência em bactérias residentes no cólon humano. Para IFA e seus metabólitos com ação antimicrobiana, a IDA e a DRfA serão definidas com base nos resultados dos estudos toxicológicos e microbiológicos, sendo adotado o menor valor encontrado nestes estudos.

Os estudos de depleção de resíduos devem ser realizados nos seguintes tecidos:  músculo; gordura; fígado; rim e leite, ovos e mel, quando aplicável. No caso de peixes, aves e suínos incluem a pele em proporções naturais. Os estudos de depleção de resíduos devem ser realizados na espécie-alvo e incluir informações sobre os resíduos totais, resíduos livres e resíduos ligados nos diferentes tecidos.
     

A partir da vigência da RDC 328/2019, três resoluções foram revogadas. São elas: RDC 4/2001 (regulamento técnico de glossário de termos e definições para resíduos de medicamentos veterinários); RDC 5/2001 (regulamento técnico para métodos de amostragem para programas de controle de resíduos de medicamentos veterinários em alimentos de origem animal); e RDC 53/2012 (regulamento técnico do Mercosul).
Com a aprovação desses novos regulamentos pela Diretoria Colegiada da Anvisa, o número de IFAs com limites estabelecidos aumentou de 24 para 658. Desse modo, as novas regulamentações propiciam mais proteção à saúde da população brasileira e uma realidade com maior respaldo para os setores envolvidos na produção de alimentos de origem animal.


Referências:

ANVISA. Regulamentação: Normas tratam de resíduos de medicamentos veterinários. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/normas-tratam-de-residuos-de-medicamentos-veterinarios/219201?p_p_auth=wLNxwQuE&inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fportal.anvisa.gov.br%2Fnoticias%3Fp_p_auth%3DwLNxwQuE%26p_p_id%3D101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-4%26p_p_col_count%3D2. Acesso em: 03/02/2020.

INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 51, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2019. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/5545276/IN_51_2019_.pdf/15986ce9-1636-4060-8ffb-ae49be5d5207. Acesso em: 03/02/2020.

RDC Nº 328, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2019. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/5545276/RDC_328_2019_.pdf/c8530bf9-5c55-43fa-ae38-4d8aeff71270. Acesso em: 03/02/2020.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020


Algas marinhas apresentam efeitos benéficos ao sistema  digestivo humano

Estudo realizado em parceria pela Embrapa (RJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e Universidade de Campinas (Unicamp) encontrou nova funcionalidade para a goma carragena, extraída de algas vermelhas, está é capaz de estimular a proliferação de bifidobactérias que apresentam efeitos benéficos à microbiota intestinal.

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As algas marinhas, muito comuns na culinária oriental são ricas em fibras, vitaminas, proteínas, compostos antioxidantes e baixo teor energético, cerca de 90% da sua estrutura é composta basicamente por água, e os outros 10% são representados por componentes da parede celular, de textura gelatinosa, responsáveis por conferir as algas maleabilidade e proteção durante a alteração das marés e de onde também são extraídas as gomas e outras matérias-primas de interesse para indústria cosmética, alimentícia, farmacêutica e agroquímica.

As algas marinhas têm sido exploradas comercialmente em cultivos em diversas regiões do planeta, representando uma importante fonte de renda de comunidades ribeirinhas e empresas de pequeno, médio e grande porte. A alga de maior cultivo no mundo é a da espécie Kappaphycus alvarezii, de onde se extrai a carragena, conhecida popularmente como goma, com uso bastante difundido na indústria alimentícia, estando presente em produtos cárneos, lácteos e embutidos.
O cultivo de algas Kappaphycus alvarezii no Brasil com fins comerciais existe unicamente em fazendas marinhas nos litorais dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, sob autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Recentemente, foram também expedidas licenças ambientais para cultivos experimentais nos litorais da Paraíba e de Santa Catarina.
A goma carragena é rica em fibras alimentares, sendo utilizada como espessantes, alterando a textura de produtos alimentícios, e também como estabilizante, porém não é totalmente solúvel em água, sendo dependente de alta temperatura para desagregação e solubilização. Para contornar este desafio, a equipe utilizou o processo de extrusão termoplástica para promover alterações químicas nas cadeias de polissacarídeos, resultando em alterações de propriedades físicas da goma modificando sua solubilidade e viscosidade aparente, além do aumento de solubilidade este processo aumentou as propriedades funcionais da goma que pode ser considerada uma fonte natural de fibra alimentar de alto valor nutricional, capaz de potencializar o efeito bifidogênico de microrganismos do trato intestinal humano, atuando como um suplemento alimentar.

Algas como fontes de fibras dietéticas solúveis

Segundo as Diretrizes Globais da Organização World Gastroenterology (2017), prebiótico é definido como um ingrediente que resulta em alterações específicas na microbiota gastrointestinal, conferindo benefícios à saúde do hospedeiro. O estudo conduzido pela Embrapa avaliou o efeito prebiótico presente na goma carragena após passar pelo processo de extrusão, e obteve resultados promissores.

O uso das fibras alimentares como suplemento alimentar é regulado no Brasil pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para registrar esse produto na Anvisa é necessário ainda a realização de mais pesquisa: simulação da digestão humana in vitro, toxicidade, biodisponibilidade e testes clínicos.

Embora apenas uma cepa de bactérias da espécie Bifidobacterium, a Bb12, tenha sido avaliada nesse estudo, os dados indicaram que a goma carragena possui atividade bifidogênica in vitro. No entanto, novos estudos com outras cepas devem ser realizados, Entre as bactérias, as da espécie Bifidobacterium Bb12 é uma das mais exigentes para o crescimento no sistema gastrointestinal porque necessitam de condições muito específicas para o aumento de seu número dentro do intestino, por essa razão o resultado obtido é bastante significativo.

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Referências:


domingo, 2 de fevereiro de 2020





O que sabermos sobre o novo Coronavírus: o vírus da China?

   O nome do vírus é 2019-nCoV que pertence ao grupo Coronavírus e foi identificado na China, onde contaminou o primeiro paciente em dezembro de 2019. As autoridades chinesas começaram uma investigação na primeira semana de janeiro de 2020 e informaram que acreditavam que o vírus tivesse origem no mercado de frutos do mar da cidade de Wuhan e que era necessário contato direto com animais pescados para ser infectado. Porém, no dia 20 de janeiro, o governo da China informou que o vírus é transmitido diretamente de pessoa para outra e não apenas diretamente de animais.

Transmissão

   De acordo com Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), EUA, os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus animais podem infectar pessoas e depois se espalhar entre pessoas como MERSSARS e agora com 2019-nCoV.
   Na maioria das vezes, a propagação de pessoa para pessoa acontece entre contatos próximos (cerca de um metro e oitenta). Pensa-se que a disseminação de pessoa a pessoa ocorre principalmente através de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, semelhante à forma como a influenza e outros patógenos respiratórios se espalham. Essas gotículas podem pousar na boca ou no nariz de pessoas próximas ou possivelmente inaladas nos pulmões. Atualmente, não está claro se uma pessoa pode obter o 2019-nCoV tocando em uma superfície ou objeto com o vírus e, em seguida, tocando sua própria boca, nariz ou possivelmente seus olhos.
   Normalmente, com a maioria dos vírus respiratórios, as pessoas são consideradas mais contagiosas quando são mais sintomáticas (as mais doentes). Com 2019-nCoV, no entanto, houve relatórios de propagação de um paciente infectado sem sintomas para um contato próximo.

Sintomas

Os sintomas mais comuns são os de uma infecção respiratória:
  •    Febre;
  •   Tosse;
  •   Falta de ar;
  •   Dificuldade para respirar.


Casos graves:
  •  Pneumonia;
  •   Síndrome respiratória aguda grave;
  •   Insuficiência renal.


Recomendações da Organização Mundial de Saúde
  •   Lavar as mãos regularmente;
  •   Não comer carnes e ovos crus;
  •   Evitar contato muito próximo com pessoas que apresentem os sintomas.



(ME) 2019-nCov. Fonte: Centers for Disease Control and Prevention/CDC. 



Referências:

CDC - Center for Disease Control and Prevention (CDC), EUA. www.cdc.gov