quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Feijão resistente à doença bacteriana é desenvolvido no Brasil

 

Feijão resistente à doença bacteriana é desenvolvido no Brasil

Primeira variedade brasileira de feijão carioca resistente ao crestamento bacteriano aureolado (Pseudomonas syringae pv. phaseolicola) é obtido pela Embrapa com o apoio da Universidade Federal de Goiás (UFG), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O crestamento bacteriano aureolado trata-se de uma doença amplamente difundida pelo mundo e presente nos países vizinhos como Argentina, Chile, Peru, Colômbia e Venezuela, porém ainda não detectada no Brasil. A nova variedade foi desenvolvida utilizando melhoramento genético preventivo, o qual estuda doenças e pragas de alto risco para as principais espécies agrícolas antes de estas chegarem ao território nacional.

O estudo teve inicio após a identificação, dentro do acervo do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Arroz e Feijão, de duas linhagens de feijão: BelNeb-RR1 e ZAA-43, amplamente conhecidas por apresentarem cada uma  um gene de resistência a doença, após ambas foram cruzadas com a variedade BRS Estilo, que é uma cultivar de feijão da Embrapa com grão de qualidade comercial carioca.

Como o crestamento bacteriano aureolado é uma doença quarentenária, que não está presente no país, não era possível testar o sucesso da incorporação dos genes na presença do patógeno, no campo ou em casa de vegetação. Para isso foi utilizada a técnica de marcadores moleculares, que funcionam como “chips” que ajudam a analisar o DNA e identificar a inserção de genes na planta. 

A próxima fase da pesquisa é a validação da resistência incorporada à BRS Estilo, expondo a nova variedade ao contato direto com a doença,  que será feito fora do pais, tendo em vista minimizar  risco as lavouras nacionais. Os testes serão conduzidos e realizados em parceria com instituições de pesquisa internacionais que farão a prova final em ambiente controlado de casa de vegetação e também em campo.

 

Referências bibliográficas:

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/brasil-desenvolve-feijao-resistente-a-doenca-bacteriana-quarentenaria

https://plantix.net/pt/library/plant-diseases/300005/halo-blight


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Alerta sobre 1º caso de Candida auris no Brasil

A ANVISA alerta sobre possível primeiro caso positivo no Brasil de Candida auris, fungo resistente a medicamentos responsável por infecções hospitalares. “Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública”. Podendo causar infecção em corrente sanguínea e outras infecções invasivas, que pode ser fatal. Estima-se que dos pacientes com infecções fúngicas invasivas causadas por C. auris, entre 30% à 60% morreram.
FONTE: Jornal de Brasília 

Algumas cepas do fungo apresenta resistência a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas), que são comumente utilizados para tratar infecções por Candida. Além disso, pode permanecer viável por longo tempo no ambiente, apresentando resistência a diversos desinfetantes. Havendo grande propensão de causar surtos, devido a dificuldade de identificação pelos métodos laboratoriais e sua difícil eliminação no ambiente contaminado.

Segundo a ANVISA, “O fungo foi identificado em amostra de ponta de cateter de paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia, sendo confirmado pela técnica Maldi-Tof no Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz – LACEN/BA e no Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP.”

Afirma a ANVISA que a amostra ainda será submetida a "análises fenotípicas (para verificar o perfil de sensibilidade e resistência)" e "sequenciamento genético do microrganismo (padrão-ouro)".

A ANVISA recomendou reforçar a vigilância laboratorial da C. auris em todos os serviços de saúde do país, além das medidas gerais de prevenção e controle de infecções. Em caso de suspeita ou confirmação de C. auris, adotar imediatamente as medidas de prevenção e controle previstas no “COMUNICADO DE RISCO Nº 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA - Relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina".


REFERÊNCIAS:















quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

EMBALAGENS ATIVAS E INTELIGENTES: Uma tendência na indústria alimentos

 

IMAGEM 1
FONTE: hplast.com.br

A embalagem para alimentos surgiu a partir de uma necessidade de transportar e conservar frente a ocasiões de escassez. Atualmente ela faz parte do nosso dia a dia sendo apresentada em diversos formatos, tamanhos e materiais, onde seu principal objetivo é proteger o produto de fatores físicos, biológicos e químicos.

A indústria alimentícia, no entanto, tem observado uma necessidade crescente em se adequar as novas exigências do consumidor, que procura cada vez mais por alimentos menos processados, similares à in natura. Então de uma embalagem convencional, onde um dos requisitos era a mínima interação com o produto, hoje tem-se o desenvolvimento de embalagens com o propósito de interagir de forma desejável com o alimento, as chamadas embalagens ativas e inteligentes.


EMBALAGEM ATIVA

O nome advém do desenvolvimento de diversas tecnologias com o intuito de conservar as características sensoriais, aumentar a vida de prateleira, evitando a deterioração por agentes químicos e microbiológicos, e garantir a segurança dos alimentos ao inibir o crescimento de microrganismos patogênicos.

A embalagem ativa pode ser dividida em dois tipos de sistema:

  • Sistema absorvente: remove compostos indesejáveis (O2, CO2, etileno e H2O em excesso);
  • Sistema de liberação: adicionam ativamente compostos para os alimentos ou head space (espaço livre) da embalagem (CO2, antioxidantes, conservantes e enzimas).

Segue algumas aplicações desse tipo de embalagem:

 - ATMOSFERA MODIFICADA

Uma vez que a composição gasosa da atmosfera favorece a o crescimento de microrganismos deteriorantes e a oxidação do alimento, esse tipo de sistema possui níveis reduzidos de 02 e aumentados de CO2 comparado ao ambiente externo, retardando a deterioração do produto ao reduzindo as taxas de respiração e produção de etileno.

Essa atmosfera pode ser criada de dois modos, o ativo ou passivo. Pelo meio passivo, ela é criada pela respiração do próprio alimento até que haja um equilíbrio. Já pelo meio ativo, a atmosfera é criada com a adição de compostos gasosos pré-determinados no espaço livre da embalagem ou em materiais, como sachês.

- ABSORÇÃO DE 02

Com o objetivo de controlar a oxidação do produto e como consequência aumentar sua vida útil, este tipo de embalagem possui um aditivo com a capacidade de absorver o oxigênio. Compostos como óxido de ferro e carbonato ferroso são geralmente adicionados em sachês, porém também podem ser encontrados na superfície interna de embalagens ou em discos acoplados a tampa de garrafas. Outra vantagem da adição desses aditivos é a de que podem substituir pesticidas químicos prevenindo contra danos por insetos.

- CONTROLE DOS NÍVEIS DE ETILENO

Sendo o etileno um gás que acelera o amadurecimento de hortaliças, o seu controle aumenta a vida de prateleira do produto. A remoção do etileno é geralmente feita por um agente oxidante, como o permanganato de potássio, sendo incorporado a sachês com alta permeabilidade ao etileno.

- REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE UMIDADE

Como consequência do metabolismo de carboidratos e gorduras há a produção de água, gerando níveis inadequados de umidade que favorecem o crescimento de microrganismos por exemplo. Os métodos mais utilizados na redução de umidade na embalagem é a incorporação de umectantes entre duas camadas de filme plástico com alta permeabilidade a umidade, ou o uso de sachês com compostos dissecantes (IMAGEM 2).

IMAGEM 2: Sachê absorvedor de umidade Condensation Gard®.
FONTE: ital.agricultura.sp.gov.br

- LIBERAÇÃO DE ETANOL

Para inibir o crescimento microbiano é desenvolvido um sistema com emissão de etanol. O aditivo adicionado absorve a umidade do ambiente e libera vapor de etanol, que condensa na superfície do alimento.

- LIBERAÇÃO DE ADITIVOS

Diversos aditivos podem ser incorporados e liberados pelas embalagens com o proposito de aumentar a vida útil do alimento. Estes podem ser liberados gradativamente sobre a superfície do alimento por meio de difusão e evaporação a partir do filme, ou por reação química ou enzimática. O aditivo mais utilizado são os conservantes, como ácidos orgânicos e peróxidos.

INCORPORAÇÃO DE ENZIMAS

Enzimas são incorporadas a embalagem com objetivos específicos. Alguns exemplos de uso são a utilização de filme com lactase para produtos lácteos, enzimas e bacteriocinas para inibir o crescimento microbiano, naringinase ao filme plástico internamente na embalagem do suco de uva para redução do sabor amargo.

 

EMBALAGEM INTELIGENTE

Enquanto as embalagens ativas têm o intuito de estender a vida útil e qualidade do produto, as embalagens inteligentes contribuem com a função comunicativa. Este tipo de embalagem é desenvolvido com nanotecnologia, onde sensores simples, como monitores químicos e de pH, interagem com a atmosfera da embalagem e identifica a presença de gases, umidade ou outros marcadores de qualidade, e informa a condição real do alimento ao consumidor.

Algumas opções interessantes de embalagens inteligentes já se encontram disponíveis no mercado, como embalagens com indicador de tempo e temperatura (IMAGEM 3), indicadores que alertam quando o produto está próximo ao vencimento,  sensores integrados a embalagem que indica o estagio de maturação do fruto (IMAGEM 4), indicador de qualidade/frescor do produto, entre outros.

IMAGEM 3: Embalagem de salmão, onde há uma etiqueta com indicador de tempo e temperatura que muda de cor, indicando se o peixe está bom para o consumo ou não.
FONTE: abre.org.br

IMAGEM 4: Embalagem de frutas com sensor RipeSense sensível a etileno (liberado pelo fruto durante seu amadurecimento) que muda de cor no decorrer do tempo indicando o estágio de maturação do alimento.
FONTE: warstek.com

São várias as vantagens desse tipo de embalagem, tanto para o comerciante, fornecendo um controle maior sobre o seu estoque, quanto para o consumidor, informando sobre a condição do produto que adquirido, evitando desperdícios por ambas as partes.

No Brasil as embalagens ativas e inteligentes ainda não estão em alta, porém devido a tendência de crescimento mundial deste tipo de tecnologia, logo as marcas nacionais devem aderir.

 

REFERÊNCIAS

Embalagens ativas: uma nova abordagem para embalagens alimentícias | Braga | Brazilian Journal of Food Research (utfpr.edu.br)

EMBALAGENS: Ativas e Inteligentes (Conalimentosjr)

Entenda agora tudo sobre o que é embalagem ativa (scuadra.com.br)

Embalagens ativas e inteligentes para frutas e hortaliças - ITAL (agricultura.sp.gov.br)

Embalagens inteligentes: como elas podem beneficiar consumidores e varejistas - ABRE

Embalagens ativas para alimentos (scielo.br)

Descubra as vantagens das embalagens inteligentes para alimentos! (volkdobrasil.com.br)

Embalagens inteligentes revolucionam o mercado mundial | 2A+ Alimentos (doisamaisalimentos.com.br)

Embalagens inteligentes: um marco, uma revolução e uma tendência - Moveideias