segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Probióticos e Prebióticos



Probióticos e Prebióticos (Fonte:Vix)

Os probióticos são bactérias benéficas que vivem no intestino e melhoram a saúde geral do organismo, trazendo benefícios como facilitar a digestão e a absorção de nutrientes, e fortalecer o sistema imunológico. Assim, a utilização de culturas bacterianas probióticas estimula a multiplicação de bactérias benéficas, em detrimento à proliferação de bactérias potencialmente prejudiciais, reforçando os mecanismos naturais de defesa do hospedeiro.
Alimentos ricos em fibras (Fonte: moovenutrition)
Prebióticos são fibras alimentares não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro, por estimularem seletivamente a proliferação ou atividade de populações de bactérias desejáveis no cólon. Adicionalmente, o prebiótico pode inibir a multiplicação de patógenos, garantindo benefícios adicionais à saúde do hospedeiro. Esses componentes atuam mais frequentemente no intestino grosso, embora eles possam ter também algum impacto sobre os microrganismos do intestino delgado.
Existem duas formas principais de ingerir probióticos: a primeira é feita através do aumento do consumo de alimentos com probióticos naturais, como o iogurte ou o kefir, por exemplo, e a outra é através do uso de suplementos com probióticos.

Alimentos que contém probióticos (Fonte: blog.cicloorganico)

Inúmeros lacticínios probióticos são disponíveis comercialmente e a variedade desses produtos continua em expansão. Muita pesquisa em termos de probióticos encontra-se voltada para produtos como leites fermentados e iogurtes, sendo estes os principais produtos comercializados no mundo, contendo culturas probióticas. Outros produtos comerciais contendo essas culturas incluem sobremesas à base de leite, leite em pó destinado a recém-nascidos, sorvetes, sorvetes de iogurte e diversos tipos de queijo, além de produtos na fórmula de cápsulas ou produtos em pó para serem dissolvidos em bebidas frias, alimentos de origem vegetal fermentados e maionese.
Entretanto, é importante salientar que um produto probiótico deve conter uma ou mais cepas bem definidas, uma vez que os efeitos probióticos são específicos para determinadas cepas em especial. Assim sendo, a validação da função probiótica ou o monitoramento do impacto probiótico de uma preparação de microrganismos com uma composição desconhecida é cientificamente inaceitável.


Probióticos em cápsulas (Fonte: tuasaúde)

Além dos alimentos, os probióticos também podem ser consumidos na forma de suplementos em cápsulas, líquidos ou sachês, que devem ser diluídos em água ou sucos naturais para serem consumidos. Alguns exemplos são o PB8, Simfort, Simcaps, Kefir Real e Floratil. Existem vários tipos de suplementos, que incluem entre 1 até 10 tipos diferentes de probióticos. Os mais importantes normalmente são Bifidobacteria animalis o qual ajuda a fortalecer o sistema imune, além de ajudar na digestão e no combate a bactérias transmitidas por comida contaminada. Bifidobacteria bifidum: estão presentes no intestino delgado e grosso, ajudando na digestão dos lacticínios. Bifidobacteria breve: estão presentes no intestino e no trato vaginal e ajudam a combater infecções por bactérias e fungos e Bifidobacteria longum é um dos tipos de probióticos mais comuns no intestino e ajuda a eliminar toxinas do organismo;
Quanto maior a diversidade de probióticos, assim como o número de bactérias dentro de cada comprimido, melhor será o suplemento, pois facilitará o desenvolvimento mais rápido de uma flora intestinal saudável. Idealmente os probióticos devem ser ingeridos antes ou logo após uma refeição, para que os alimentos ajudem as bactérias a sobreviver ao ácido gástrico e a chegar até ao intestino, onde podem se multiplicar mais facilmente.
É importante lembrar que o consumo de probióticos na forma de suplementos ou de alimentos ricos nessas bactérias, também é importante manter uma alimentação saudável ricas em fibras, pois as fibras são os principais alimentos para os probióticos, favorecendo sua sobrevivência no intestino.

Imagem: Lactobacillus

Imagem: Bifidobacterium

Imagem: Enterococcus faecium

Bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium e, em menor escala, Enterococcus faecium, são mais frequentemente empregadas como suplementos probióticos para alimentos, uma vez que elas têm sido isoladas de todas as porções do trato gastrintestinal de um indivíduo saudável. O íleo terminal e o cólon parecem ser, respectivamente, o local de preferência para colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias. Entretanto, deve ser salientado que o efeito de uma bactéria é específico para cada cepa, não podendo ser extrapolado, inclusive para outras cepas da mesma espécie.
Em condições normais, inúmeras espécies de bactérias estão presentes no intestino, a maioria delas anaeróbias estritas. Essa composição torna o intestino capaz de responder a possíveis variações anatômicas e físico-químicas. A microbiota intestinal exerce influência considerável sobre série de reações bioquímicas do hospedeiro. Paralelamente, quando em equilíbrio, impede que microrganismos potencialmente patogênicos nela presentes exerçam seus efeitos patogênicos. Por outro lado, o desequilíbrio dessa microbiota pode resultar na proliferação de patógenos, com consequente infecção bacteriana.
A microbiota saudável é definida como a microbiota normal que conserva e promove o bem-estar e a ausência de doenças, especialmente do trato gastrintestinal. A correção das propriedades da microbiota autóctone desbalanceada constitui a racionalidade da terapia por probióticos. A influência benéfica dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana inclui fatores como os efeitos antagônicos e a competição contra microrganismos indesejáveis e os efeitos imunológicos. Dados experimentais indicam que diversos probióticos são capazes de modular algumas características da fisiologia digestiva, como a imunidade da mucosa e a permeabilidade intestinal.  A ligação de bactérias probióticas aos receptores da superfície celular dos enterócitos também dá início às reações em cascata que resultam na síntese de citocinas.
O conhecimento da microbiota intestinal e suas interações levou ao desenvolvimento de estratégias alimentares, objetivando a manutenção e o estímulo das bactérias normais ali presentes. É possível aumentar o número de microrganismos promotores da saúde no trato gastrintestinal (TGI), através da introdução de probióticos pela alimentação ou com o consumo de suplemento alimentar prebiótico, o qual irá modificar seletivamente a composição da microbiota, fornecendo ao probiótico vantagem competitiva sobre outras bactérias do ecossistema.


SAAD, S. M. I. S. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Rev. Bras. Cienc. Farm. v.42 n. 1 São Paulo Jan./Mar. 2006.


quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Bactérias Láticas



(Fonte: Ecologia de Microorganismos - Edublogs)
As bactérias láticas fazem parte de um grupo de microrganismos que podem apresentar morfológia de cocos ou bacilos, são gram-positivos, e possuem como principal característica a produção de ácido lático a partir da fermentação de carboidratos. Como consequência têm-se a diminuição do pH do alimento e remoção de fonte de possível fermentação, promovendo assim um ambiente desfavorável para o crescimento de microrganismos deteriorantes e patogênicos, contribuindo para a vida de prateleira do alimento.  Os principais gêneros são: Streptococcus, Lactobacillus, Leuconostoc e Lactococcus.
O metabolismo dessas bactérias pode ser do tipo homofermentativo, onde tem-se somente como produto o ácido lático, já a heterofermentativa há a formação de ácido lático, CO2 e mais uma variedade de compostos antimicrobianos, como álcool, ácidos orgânicos, diacetil, peroxido de hidrogênio, aldeído e bacteriocinas.
São habitantes naturais do trato gastrointestinal, sendo dominante no intestino delgado. Algumas possuem a classificação de probióticas, promovendo o equilíbrio da microbiota, auxiliando na colonização de outras bactérias benéficas, e atuando na prevenção de doenças. Um desequilíbrio na região é relacionado a problemas gastrointestinais, como doença de Crohn e úlceras, uma vez que as células imunes estão diretamente associadas com a adesão ao epitélio intestinal.
Kefir: leite fermentado (Fonte: Greenme)
Está envolvida em diversos processos industriais para a produção de alimentos, como leites fermentados, iogurtes, queijos, e até no processamento de carnes, bebidas alcoólicas e vegetais. Porém para que a fermentação nos alimentos seja eficaz e segura contra contaminações, as bactérias láticas devem ser isoladas, cultivadas e posteriormente incorporada ao alimento. Os microrganismos heterofermentativos são os mais empregados com o objetivo de atribuir sabor e textura ao alimento, característica que irá depender da espécie de bactéria lática, uma vez que espécies diferentes produzem compostos diferentes. Alimentos que fermentam espontaneamente, como pescados, apresentam uma flora microbiana ineficiente e incontrolável, resultando em um produto de baixa qualidade e pouco seguro.
Nos últimos anos, as bactérias láticas têm adquirido grande importância no âmbito econômico para indústrias de fermentação, e estudos a respeito de sua fisiologia, bioquímica, genética e biologia molecular tem obtido avanços significativos.

REFERÊNCIAS:

BRUNO, Laura Maria. Manual de curadores de germoplasma - microrganismos: Bactérias ácido-láticas. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2011. 15 p. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1355163/2005846/doc336-151.pdf/4c82dbc8-73bd-4689-a47e-5819e3f1ffc7.

CARBONERA, Nádia; SANTO, Milton Luiz Pinho EspÍrito. Atividade do Lactobacillus plantarum na preservação da anchoita (Engraulis anchoita) fermentada. Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v. 69, n. 2, p.201-207, jan. 2010. Disponível em: <http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073 98552010000200009&lng=pt&nrm=iso>.

MOTTA, Amanda de Souza; GOMES, Melina da Silva Mesquita. Propriedades tecnológicas e funcionais de bactérias láticas: A importância destes microrganismos para alimentos. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, [s.l.], v. 70, n. 3, p.172-184, 9 dez. 2015. Lepidus Tecnologia. http://dx.doi.org/10.14295/2238-6416.v70i3.403. Disponível em:

POFFO, Francine; SILVA, Marcus Adonai Castro da. Caracterização taxonômica e fisiológica de bactérias ácido-láticas isoladas de pescado marinho. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 31, n. 2, p.303-307, jun. 2011. Disponível em:

domingo, 3 de novembro de 2019

Como evitar contaminação nos alimentos de festas de final de ano


Durante as comemorações festivas de final de ano, consumimos vários tipos de alimentos, como carnes, salada de maionese, farofa, entre outros. E um dos maiores problemas é evitar que esses alimentos nos causem algum tipo de doença, como as intoxicações alimentares, oriundos de certos microrganismos que são denominados de contaminantes.

Os principais microrganismos contaminantes da carne bovina são: Clostridium botulinum, Staphylococcus aureus, Escrerichia coli, Salmonella sp. e Clostridium perfringens.  Já os da salada de maionese são: Salmonella sp., Pseudomonas aeroginosas e Escherichia coli. Por fim, os da farofa são: Staphylococcus aureus, Clostridium botulinum e Escherichia coli.

Imagem: Escherichia coli

Imagem: Salmonella sp.

O S. aureus provoca náusea, vômito, cólica abdominal, diarreia e dor de cabeça. Sendo que esses aparecem, geralmente, entre uma e seis horas após a ingestão do alimento contaminado. Já a E. coli causa diarreia muco ou sanguinolenta, sendo possível o aparecimento de síndrome hemolítica renal. O Clostridium perfringens produz toxina no intestino e possui um período de incubação de 6 a 24 horas, sendo que em 12 horas ocorre o aparecimento dos sintomas, como diarreia e dores abdominais. Por fim, a Salmonella sp. provoca gastroenterite, com os sintomas de dores abdominais, calafrios e prostração, sendo que esse microrganismo possui um período de incubação de 12 a 16 horas.

Para evitar estes tipos de contaminação é importante ter alguns cuidados, como realizar a correta higienização das mãos, a fim de evitar com que as bactérias transitórias das mãos se instalem nos alimentos. Também deve-se manter os alimentos quentes em temperatura acima de 70ºC e os alimentos frios abaixo de 4ºC, já que a maioria das bactérias não se proliferam nessa temperatura.

Imagem: Higienização correta das mãos

Outra medida que pode ser tomada é evitar a ocorrência de contaminação cruzada, a qual acontece quando um microrganismo oriundo de um alimento contaminado é transferido para um alimento sadio. Essa transferência pode ocorrer por meio de um utensílio de cozinha como facas e tábuas de corte, ou até pelas mãos.

Para driblar a contaminação cruzada, é recomendado utilizar utensílios diferentes para cada tipo de alimento, ou seja, um para carnes e outro para legumes no caso da salada de maionese. Outra recomendação é evitar o uso de tábuas de corte culinário de madeira, pois pode haver a formação de biofilmes nas ranhuras da tábua na madeira. A tábua de corte mais recomendada é a de vidro, pois é facilmente higienizada e não possui ranhuras para as bactérias se alojarem.

Referências: