quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Bactérias do iogurte podem ajudar na regeneração de ossos

 

Bactérias do iogurte podem ajudar na regeneração de ossos

 

Fraturas em ossos são muito dolorosas e podem levar um longo tempo de recuperação. Em particular, a incidência de fraturas é muito alta em idosos devido à osteoporose. Após serem submetidos à cirurgia de fratura, os pacientes idosos sofrem frequentemente de doenças cardiovasculares, como a formação de trombos e o subsequente infarto do miocárdio devido à cicatrização tardia e longos períodos de repouso, que aumentam a mortalidade de pacientes idosos. Além disso, para prevenir infecções bacterianas, os pacientes geralmente recebem tratamento de antibióticos sistêmicos após cirurgia ortopédica. No entanto, a crescente incidência de infecções bacterianas multidroga resistentes tem ameaçado seriamente a saúde humana devido ao uso excessivo ou uso indevido de antibióticos. A incapacidade dos antibióticos existentes para tratar todas as infecções associadas a superbactérias já está se tornando um problema muito sério.

Pesquisadores da Universidade Hubei desenvolveram uma técnica para acelerar a regeneração óssea em caso de implantes e combater infecções usando um poderoso aliado microscópico: bactérias do iogurte - Lactobacillus casei -  essas bactérias estão presentes na flora intestinal dos seres humanos, naturalmente. Assim, elas precisam competir com outras bactérias que causam doenças. Para tanto, esses microrganismos produzem um tipo de antibiótico: uma bacteriocina. Essa proteína evita que bactérias de outras espécies se desenvolvam perto das colônias de L. casei. Lactobacillus casei é um probiótico usado na fabricação de iogurtes e queijos, e já vem sendo usado não apenas como aliado no tratamento da osteoporose, e seu uso sempre foi oral, mas a abordagem dos pesquisadores leva o bacilo à superfície do próprio implante.

Caracterização e desempenho antibacteriano do biofilme L. casei. Fonte: ScienceAdvance/ L.Tan et


O biofilme que o L. casei desenvolve para aderir à superfície onde ele se multiplica apresenta excelente eficácia antibacteriana ( 99,98% contra S. aureus)  por conta da produção de ácido lático e bacteriocina [toxinas que elas produzem para inibir o crescimento de outras bactérias ao seu redor]. Além disso, o açúcar presente no biofilme estimula os macrófagos [que comem restos celulares e incentivam a produção de tecido novo] , fazendo com que o implante se integre ao osso mais rapidamente”.

Depois do sucesso dos testes in vitro, o método foi experimentado em cobaias, para ver se a cicatrização dos ossos era maior com o novo método. Seis camundongos com a tíbia quebrada receberam implantes de titânio – três, o implante padrão e três, revestidos com biofilmes de L. casei. Depois de quatro semanas, o tecido ósseo dos ratos com o implante com biofilme havia crescido 27%, em comparação com 16% nos animais com implantes regulares (estes últimos ainda desenvolveram infecções).

Implante para fêmur fraturado: pacientes idosos têm alta incidência de infecções. Fonte:  PubMed/S. Larsson et P. Procter/Reprodução


A descoberta dos pesquisadores, nesse sentido, pode ajudar a acelerar de forma significante a melhora dos pacientes de fraturas nos ossos. Vale lembrar que apesar dos bons resultados, esses tratamentos ainda não são aplicados clinicamente. Isso porque os produtos das L. casei ainda precisam tomar a forma de medicamentos. Além do mais, muitos testes são necessários antes que isso possa chegar de fato aos hospitais.

Aline Ponce/Pixabay

Apesar disso, os resultados ainda são bem animadores e podem representar uma boa melhora na qualidade de vida de qualquer um com problemas ósseos.

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