domingo, 15 de agosto de 2021

Estudo sugere que carne orgânica possui menor risco de contaminação por bactérias resistentes

Durante a criação bovina, os animais podem ser expostos a bactérias patogênicas, e por vezes infectados por elas. Os antibióticos podem ser necessários para o controle das infecções, porém seu uso excessivo pode ocasionar a resistência das bactérias a sua ação, as denominadas bactérias multirresistentes.

FONTE: ABMRA

No processamento da carne, quando contaminadas podem atuar como transmissores ao serem consumidas. São registrados anualmente 660 mil casos entre norte-americanos de infecções de origem alimentar resistentes a antibióticos, principalmente por bactérias do gênero Salmonella e Campylobacter.

De acordo com estudo norte-americano realizado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos, carnes que possuem a certificação de orgânica pelo Departamento de Agricultura (USDA) apresentaram 56% menor probabilidade de estarem contaminadas por bactérias multirresistentes quando comparadas às produzidas de modo convencional.

Para receber o selo de orgânico pela USDA, a dieta e a forragem do local onde os animais que lhe deram origem dormiram precisa ser 100% orgânico. Mas a principal condição é a de que os animais não podem receber antibióticos e hormônios durante a vida.

FONTE: Revista Globo Rural

Com o objetivo de avaliar a influência dos métodos de produção na contaminação da carne por microrganismos patogénicos, os pesquisadores analisaram no período de 2012 a 2017 um total de 39.349 amostras aleatórias de carne moída, peito de frango, peru moído e costeletas de porco que foram coletadas através do Sistema Nacional de Monitoramento de Resistência Antimicrobiana (NARMS) da FDA. Salmonella, Campylobacter, Enterococcus e Escherichia coli foram as bactérias analisadas no estudo.

Do total de amostras, 4,2% dentre as carnes produzidas de modo convencional estavam contaminadas, contra 0,9% da orgânica. Sugerindo assim que produtos de carne certificados como orgânico possuem uma prevalência mais baixa de organismos multirresistentes e contaminação geral do que as produzidas e processadas convencionalmente. 

Outro fator importante para a contaminação dos produtos cárneos observado no estudo foi o tipo de instalação no processamento da carne. Os pesquisadores concluíram que dentre as carnes produzidas convencionalmente, aquelas que foram processadas em instalações que manipulam exclusivamente uma mesma categoria estavam contaminadas com bactérias em um terço das vezes. Já as carnes processadas em estabelecimentos que manipulavam ambos os tipos, produtos convencionais e orgânicos, estavam contaminadas em um quarto das vezes. A autora sênior do estudo, Meghan Davis, atribui a diferença no nível de contaminação à necessidade de desinfecção dos equipamentos após manipulação de carne convencional para orgânica, e vice-versa.

Ainda de acordo com a autora, os resultados demonstram que além do tipo de carne, a maneira como o gado é criado também merece a atenção dos consumidores e supervisão das agências regulatórias. Davis reconhece ainda que é preciso repensar o uso de antibióticos no tratamento de animais doentes, uma vez que a redução de seu uso pode trazer benefícios a todos.


REFERÊNCIAS

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