terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Importância do equilíbrio da microbiota intestinal para a prevenção de doenças


Há trilhões de micro-organismos, incluindo bactérias, fungos e vírus, no interior de seu trato gastrointestinal. Você tem em seu corpo aproximadamente o mesmo número de microrganismos, principalmente no intestino grosso, quanto de células. Mas apenas de 10% a 20% das bactérias do intestino são iguais às de outros indivíduos.
Os microbiomas diferem imensamente de pessoa para pessoa, dependendo de dieta, estilo de vida e outros fatores. E eles influenciam tudo: saúde, apetite, peso e humor.



MICROBIOTA INTESTINAL

As bactérias que habitam o nosso trato gastrointestinal são reconhecidas como constituintes de um órgão funcionalmente ativo, chamado microbiota intestinal. No intestino grosso, onde a microbiota é mais numerosa e diversificada, há o predomínio da:
  • Microbiota probiótica: composta por bactérias com ações benéficas para o organismo, sendo as bifidobactérias e os lactobacilos.
  • Microbiota patogênica (potencial nocivo): composta por gêneros como Clostridium, Pseudomonas, Klebsiela e Enterobacter.

O equilíbrio entre a microbiota probiótica e a patogênica é crucial para a saúde humana, e, quando há aumento na proliferação de bactérias patogênicas, temos um quadro de disbiose intestinal.

INFLUÊNCIA DA DIETA NO MICROBIOMA INTESTINAL

A dieta tem uma enorme influência sobre o microbioma intestinal. Pesquisas mostram relações entre a dieta ocidental, tipicamente rica em gordura animal e proteína e pobre em fibras, com o aumento da produção de compostos causadores de câncer e inflamação. A dieta mediterrânea, por outro lado, que é tipicamente rica em fibras e com pouca carne vermelha, foi ligada ao aumento dos níveis de ácidos graxos fecais de cadeia curta, que tem efeitos anti-inflamatórios e melhoram o sistema imunológico.



Para manter o equilíbrio da microbiota intestinal inclua na sua alimentação:
  • Fibras insolúveis: presentes nos grãos integrais, nos cereais integrais, auxiliam na formação do bolo fecal;
  • Fibra solúvel: presentes nas polpas de frutas, verduras e legumes. A pectina é considerada uma boa fibra solúvel. Elas auxiliam na normalização da microbiota intestinal, são eficientes para tratamento da constipação intestinal, diminuem o índice glicêmico dos alimentos, aumentam o poder de saciedade de uma refeição, auxiliam no tratamento do colesterol;
  • A suplementação de probióticos como: iogurte e leite fermentado, sendo os mais conhecidos os lactobacillus vivos, podem ajudar a manter o equilíbrio da microbiota intestinal, sendo excelentes para regularizar o funcionamento do intestino e reduzir o número de bactérias potencialmente patogênicas;
  • Incluir alimentos e bebidas fermentadas na sua dieta, como o Kefir.
  • Evitar açúcares, gorduras e alimentos industrializados, pois aumentam a permeabilidade intestinal e contribuírem para a absorção de substâncias nocivas que elevam a inflamação sistêmica.
EQUILÍBRIO DA MICROBIOTA INTESTINAL PARA EVITAR DOENÇAS

equilíbrio da microbiota intestinal é fundamental para manter a nossa saúde em dia.

O desequilíbrio da microbiota intestinal está sendo associada a vários problemas de saúde, como por exemplo:
  • Ganho de peso;
  • Inflamação;
  • Obesidade;
  • Resistência à insulina;
  • Doença inflamatória intestinal;
  • Câncer colo retal;
  • Gota;
  • Síndrome do intestino irritável (SII)


BENEFÍCIOS DA MICROBIOTA HUMANA

A microbiota é multifuncional e tem a capacidade de:
  •  Auxiliar na digestão de polissacarídeos vegetais;
  •  Sintetizar e excretar vitaminas, como ocorre com bactérias entéricas, que produzem vitaminas K e B12 e bactérias láticas, que produzem outras vitaminas do complexo B;
  • Impedir a colonização por patógenos, por meio da competição por sítios e nutrientes essenciais;
  • Antagonizar outras bactérias, por meio de síntese de substâncias inibidoras ou letais contra espécies não pertencentes à microbiota normal;
  • Promover o desenvolvimento de tecidos, como o ceco e tecido linfático no trato gastrointestinal;
  • Estimular a produção de anticorpos naturais, em baixos níveis, contra os componentes da microbiota normal e que são capazes de reconhecer cruzadamente patógenos relacionados;
  • Controla o sistema imunológico, pois, ajuda o sistema imune na apresentação de antígenos, o que torna o organismo mais tolerante a alguns determinantes imunológicos, reduzindo assim as respostas alérgicas a comida e antígenos ambientais;
  • Beneficia a saúde do coração e do cérebro;
  • Controla o açúcar no sangue e diminui o risco de diabetes.

DOENÇAS ASSOCIADAS A MICROBIOTA INTESTINAL

A saúde do intestino tem grande influência no sistema nervoso central, uma vez que nossa microbiota intestinal é capaz de estimular sinais cerebrais relacionados à modulação de neurotransmissores, funções imunológicas e hormonais associados à fisiopatologia da ansiedade e do estresse. Como mecanismo, estudos sugerem que bactérias intestinais atuam no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, via responsável pela produção de cortisol e catecolaminas que, em desequilíbrio, desencadeiam o estresse e a ansiedade. Tais sintomas podem ser atenuados com algumas estratégias nutricionais voltadas para a melhora da composição da microbiota intestinal.

A imunoglobulina A (IgA) é o anticorpo mais importante para a mucosa intestinal, por mediar reações de tolerância. Entretanto, o quadro inflamatório da disbiose intestinal predispõe à redução da transcrição dessa imunoglobulina, interferindo na integridade e saúde da mucosa intestinal. Um estudo publicado pela Nature enfatizou a relação entre intestino e trato respiratório, através do eixo intestino-pulmão. Os autores pontuam que o quadro de disbiose intestinal pode ser um potente gatilho para doenças que atingem o trato respiratório (por exemplo, asma, rinite e sinusite) e a adequação do perfil microbiano intestinal pode melhorar a sintomatologia que envolve essas condições.

Existem evidências de que a microbiota intestinal está intimamente ligada ao risco de obesidade. Segundo uma meta-análise publicada pelo “Nutrition Research”, estudos em humanos e em animais mostram que a microbiota intestinal é um dos determinantes para a obesidade. A microbiota intestinal difere entre indivíduos magros e obesos e, nestes últimos, pode induzir uma inflamação de baixo grau, perpetuando a obesidade e predispondo a morbidades associadas, como o diabetes tipo 2. A obesidade e os distúrbios metabólicos relacionados são caracterizados por alterações específicas na composição e função da microbiota do intestino humano, de acordo com recente estudo publicado pela “Nutrition Today”, pode alterar o balanço energético, prejudicando a utilização de energia a partir da dieta e influenciando genes que regulam o dispêndio e o armazenamento de energia.

REFERÊNCIAS

https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-47296603
Paixão, L. A.; Castro, F. F. S. A colonização da microbiota intestinal e sua influência na saúde do hospedeiro. Ciências da Saúde, Brasília, v. 14, n. 1, p. 85-96, jan./jun. 2016.
Chavasco, J. K. Microbiologia e a Microbiota Humana. Unifal. MG. 2017.

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