Algas marinhas apresentam efeitos benéficos ao sistema digestivo humano
Estudo
realizado em parceria pela Embrapa (RJ), Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro (Unirio) e Universidade de Campinas (Unicamp) encontrou nova
funcionalidade para a goma carragena, extraída de algas vermelhas, está é capaz
de estimular a proliferação de bifidobactérias que apresentam efeitos benéficos
à microbiota intestinal.
As
algas marinhas, muito comuns na culinária oriental são ricas em fibras,
vitaminas, proteínas, compostos antioxidantes e baixo teor energético, cerca de
90% da sua estrutura é composta basicamente por água, e os outros 10% são
representados por componentes da parede celular, de textura gelatinosa,
responsáveis por conferir as algas maleabilidade e proteção durante a alteração
das marés e de onde também são extraídas as gomas e outras matérias-primas de
interesse para indústria cosmética, alimentícia, farmacêutica e agroquímica.
As
algas marinhas têm sido exploradas comercialmente em cultivos em diversas
regiões do planeta, representando uma importante fonte de renda de comunidades
ribeirinhas e empresas de pequeno, médio e grande porte. A alga de maior
cultivo no mundo é a da espécie Kappaphycus
alvarezii, de onde se extrai a carragena, conhecida popularmente como goma,
com uso bastante difundido na indústria alimentícia, estando presente em
produtos cárneos, lácteos e embutidos.
O cultivo
de algas Kappaphycus alvarezii no
Brasil com fins comerciais existe unicamente em fazendas marinhas nos litorais
dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, sob autorização do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Recentemente, foram também expedidas licenças ambientais para cultivos
experimentais nos litorais da Paraíba e de Santa Catarina.
A
goma carragena é rica em fibras alimentares, sendo utilizada como espessantes,
alterando a textura de produtos alimentícios, e também como estabilizante, porém
não é totalmente solúvel em água, sendo dependente de alta temperatura para
desagregação e solubilização. Para contornar este desafio, a equipe utilizou o
processo de extrusão termoplástica para promover alterações químicas nas
cadeias de polissacarídeos, resultando em alterações de propriedades físicas da
goma modificando sua solubilidade e viscosidade aparente, além do aumento de
solubilidade este processo aumentou as propriedades funcionais da goma que pode
ser considerada uma fonte natural de fibra alimentar de alto valor nutricional,
capaz de potencializar o efeito bifidogênico de microrganismos do trato
intestinal humano, atuando como um suplemento alimentar.
Algas como fontes de
fibras dietéticas solúveis
Segundo
as Diretrizes Globais da Organização World Gastroenterology (2017), prebiótico
é definido como um ingrediente que resulta em alterações específicas na
microbiota gastrointestinal, conferindo benefícios à saúde do hospedeiro. O
estudo conduzido pela Embrapa avaliou o efeito prebiótico presente na goma
carragena após passar pelo processo de extrusão, e obteve resultados
promissores.
O
uso das fibras alimentares como suplemento alimentar é regulado no Brasil pela
Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para registrar esse produto na Anvisa
é necessário ainda a realização de mais pesquisa: simulação da digestão humana
in vitro, toxicidade, biodisponibilidade e testes clínicos.
Embora
apenas uma cepa de bactérias da espécie Bifidobacterium, a Bb12, tenha sido
avaliada nesse estudo, os dados indicaram que a goma carragena possui atividade
bifidogênica in vitro. No entanto, novos estudos com outras cepas devem ser
realizados, Entre as bactérias, as da espécie Bifidobacterium Bb12 é uma das mais exigentes para o crescimento no
sistema gastrointestinal porque necessitam de condições muito específicas para
o aumento de seu número dentro do intestino, por essa razão o resultado obtido
é bastante significativo.
Referências:
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