terça-feira, 4 de fevereiro de 2020


Algas marinhas apresentam efeitos benéficos ao sistema  digestivo humano

Estudo realizado em parceria pela Embrapa (RJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e Universidade de Campinas (Unicamp) encontrou nova funcionalidade para a goma carragena, extraída de algas vermelhas, está é capaz de estimular a proliferação de bifidobactérias que apresentam efeitos benéficos à microbiota intestinal.

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As algas marinhas, muito comuns na culinária oriental são ricas em fibras, vitaminas, proteínas, compostos antioxidantes e baixo teor energético, cerca de 90% da sua estrutura é composta basicamente por água, e os outros 10% são representados por componentes da parede celular, de textura gelatinosa, responsáveis por conferir as algas maleabilidade e proteção durante a alteração das marés e de onde também são extraídas as gomas e outras matérias-primas de interesse para indústria cosmética, alimentícia, farmacêutica e agroquímica.

As algas marinhas têm sido exploradas comercialmente em cultivos em diversas regiões do planeta, representando uma importante fonte de renda de comunidades ribeirinhas e empresas de pequeno, médio e grande porte. A alga de maior cultivo no mundo é a da espécie Kappaphycus alvarezii, de onde se extrai a carragena, conhecida popularmente como goma, com uso bastante difundido na indústria alimentícia, estando presente em produtos cárneos, lácteos e embutidos.
O cultivo de algas Kappaphycus alvarezii no Brasil com fins comerciais existe unicamente em fazendas marinhas nos litorais dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, sob autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Recentemente, foram também expedidas licenças ambientais para cultivos experimentais nos litorais da Paraíba e de Santa Catarina.
A goma carragena é rica em fibras alimentares, sendo utilizada como espessantes, alterando a textura de produtos alimentícios, e também como estabilizante, porém não é totalmente solúvel em água, sendo dependente de alta temperatura para desagregação e solubilização. Para contornar este desafio, a equipe utilizou o processo de extrusão termoplástica para promover alterações químicas nas cadeias de polissacarídeos, resultando em alterações de propriedades físicas da goma modificando sua solubilidade e viscosidade aparente, além do aumento de solubilidade este processo aumentou as propriedades funcionais da goma que pode ser considerada uma fonte natural de fibra alimentar de alto valor nutricional, capaz de potencializar o efeito bifidogênico de microrganismos do trato intestinal humano, atuando como um suplemento alimentar.

Algas como fontes de fibras dietéticas solúveis

Segundo as Diretrizes Globais da Organização World Gastroenterology (2017), prebiótico é definido como um ingrediente que resulta em alterações específicas na microbiota gastrointestinal, conferindo benefícios à saúde do hospedeiro. O estudo conduzido pela Embrapa avaliou o efeito prebiótico presente na goma carragena após passar pelo processo de extrusão, e obteve resultados promissores.

O uso das fibras alimentares como suplemento alimentar é regulado no Brasil pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para registrar esse produto na Anvisa é necessário ainda a realização de mais pesquisa: simulação da digestão humana in vitro, toxicidade, biodisponibilidade e testes clínicos.

Embora apenas uma cepa de bactérias da espécie Bifidobacterium, a Bb12, tenha sido avaliada nesse estudo, os dados indicaram que a goma carragena possui atividade bifidogênica in vitro. No entanto, novos estudos com outras cepas devem ser realizados, Entre as bactérias, as da espécie Bifidobacterium Bb12 é uma das mais exigentes para o crescimento no sistema gastrointestinal porque necessitam de condições muito específicas para o aumento de seu número dentro do intestino, por essa razão o resultado obtido é bastante significativo.

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