terça-feira, 14 de maio de 2019


Listeria monocytogenes e listeriose

Microscopia eletrônica: biofilme de Listeria monocytogenes

Introdução
A partir das alterações mais recentes feitas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sobre as regras de produção leiteira no Brasil, visando principalmente o melhoramento da qualidade do leite produzido e ressaltando a importância da educação sanitária, trataremos  a seguir sobre a listeriose.
A listeriose é uma toxinfecção causada pela bactéria do gênero Listeria pertencente à ordem Bacillales, sendo um dos poucos representantes do grupo que é um patógeno humano. Tal bactéria pode ser encontrada em principalmente no solo e na água, e embora seja incomum em alimentos, nenhuma fonte alimentar é considerada totalmente segura em relação a uma possível contaminação, pois pode ocorrer em qualquer etapa da produção ou processamento.

Agente etiológico
            O agente causador da doença é a bactéria Listeria monocytogenes, que por sua vez é do tipo cocobacilos, gram-positiva, não formadora de esporos, catalase positiva, geralmente forma cadeias de 3 a 5 células. São tolerantes à sal, ácido, frio e aeróbios facultativos.


Transporte de Listeria monocytogenes entre macrófagos

Descrição da doença
            A listeriose é uma infecção que pode gerar uma série de sintomas, como dor muscular, febre, diarréia e outras desordens gastrintestinais, apresentando variações de acordo com a pessoa infectada. Em adultos, com menos de 40 anos, a doença se mostra mais branda, no entanto, em idosos e imunodeprimidos há risco de septicemia e meningite que são os quadros mais comuns para o grupo, e apresentam taxa de letalidade de cerca de 50% e 70%, respectivamente. Em gestante, a doença representa grande risco, pois há grandes chances de morte, aborto do feto e chances de infecção do lactente recém-nascido.

Tempo de incubação
            O tempo de incubação pode ser curto, com variação desde algumas horas até 3 dias. Porém, a forma mais invasiva é mais longa e  pode levar de 3 dias a 3 meses.

Reservatório
            Os principais reservatórios são: o solo, a água, lodo e forragem.

Modo de transmissão
            O modo de transmissão se dá principalmente pela ingestão de alimentos contaminados. Água, carnes prontas para consumo, incluindo peixes e frutos do mar, laticínios não pasteurizados, e o leite cru ou não pasteurizado adequadamente, são as principais vias alimentares de disseminação dessas bactérias. Há casos raros de transmissão através do contato direto com material infeccioso como lesões na pele em ambientes hospitalares.


Diagnóstico e tratamento
            O diagnóstico é feito pelo isolamento da L. monocytogenes a partir do fluido cérebro espinhal, sangue, placenta, líquido amniótico ou fezes, embora este último seja menos eficaz. Podem ser realizados testes de isolamento do agente infeccioso nos alimentos que foram ingeridos pelo paciente, através do cultivo direto,e mais recentemente por testes moleculares, que se mostram mais eficientes.
O tratamento é feito com o uso de antibióticos, sendo a  penicilina, ampicilina ou trimetoprima suplementado com sulfametoxazol no caso de pacientes alérgicos a penicilinas.

Suscetibilidade e resistência
            Os grupos mais suscetíveis à doença são: gestantes; fetos/neonatos; imunodeficientes; pacientes com câncer; diabéticos e idosos. Adultos saudáveis, via de regra apresentarão sintomas mais brandos, com um quadro mais ameno.

Medidas preventivas
        
    As principais medidas preventivas são: devolução dos alimentos contaminados para o fabricante, bem como adoção de medidas de segurança, visando limitar a contaminação ao longo dos locais onde os alimentos são processados; lavagem e desinfecção de vegetais, consumo de alimentos como carnes e laticínios provenientes de fontes confiáveis e devidamente pasteurizados. Para gestantes é importante evitar contato com animais em sítios nos quais houveram casos registrados da doença; evitar ingestão de alimentos crus, dando preferência para os cozidos. E em caso de surto, notificar o mais rápido possível os centros de vigilância epidemiológica da região. Além de fazer campanhas de conscientização sobre a importância da higiene alimentar para a população, tanto os produtores quando os consumidores. Podendo ser adotados métodos de desinfecção através de radiação e calor, pois a L. monocytogenes é suscetível a tais fatores.

Referência bibliográficas
MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 1032 p. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=fk_WCwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 12 maio 2019.

TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
http://www.saude.sp.gov.br/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica-prof.-alexandre-vranjac/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-hidrica-e-alimentar/patogenosdoencas


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