Campylobacter spp
Os microrganismos do gênero Campylobacter são Gram-negativos e têm
como características marcantes a forma de bacilos curvos, espiralados, muito
finos e compridos, apresentam um flagelo que permite sua movimentação rápida e
na forma de saca-rolha. Não são formadores de esporos, mas chegam a apresentar
morfologia cocoide em culturas envelhecidas. Existem diversas espécies
características desse gênero, sendo que grande parte delas é positiva para
enzima citocromo-oxidase e redutoras de nitrato.
Dentro dessas espécies a
principal causadora de gastroenterites é a Campylobacter
jejuni, seguida da C. coli e
a C. lari (estas últimas só podem ser diferenciadas
por meio de testes bioquímicos). Essas três espécies citadas são caracterizadas
também por serem bactérias termofílicas, pois crescem em uma faixa estreita de
temperatura (30-47°C). Outras características marcantes do gênero Campylobacter
são a microaerofilia (necessidade de baixos níveis de oxigênio para multiplicação),
capnofilia (necessidade de cerca de 10% de CO2 para multiplicação) e
sensibilidade a pH ácido e a desidratação.
Esses microrganismos são responsáveis por causar gastroenterites alimentares
e a campilobacteriose, enterocolite considerada uma zoonose de distribuição
mundial, sendo a mais importante e comum causa de doenças diarreicas em
humanos.
Descrição da doença: Campilobacteriose são infecções
agudas causadas por algumas espécies do gênero Campylobacter que
acometem o homem através da ingestão de alimentos e líquidos contaminados, a
doença se apresenta com um quadro de diarreia, febre, náusea, dor de cabeça,
dor muscular e dores abdominais. As bactérias se fixam à
mucosa da porção terminal do intestino delgado, íleo e se multiplicam, produzindo
uma enterotoxina citotóxica, o que provoca diarreia aquosa, se a invasão
acometer o intestino grosso e reto a diarreia pode vir acompanhada de sangue. As
infecções sintomáticas geralmente são autolimitantes. A enfermidade pode levar
a um quadro mais preocupante e prolongado com características parecidas com a
salmonelose ou shigelose. As complicações mais graves podem incluir artrite
reativa, colicistite aguda, pancreatite, bacteremia (principalmente em
hospedeiros imunocomprometidos) e síndrome de Guillain-Barré – GBS (distúrbio
autoimune do sistema nervoso periférico).
Período
de Incubação: Os sintomas costumam aparecer geralmente de
2 a 7 dias após a ingestão do alimento contaminado, sendo doses infectantes da
ordem de 500 microrganismos. A persistência da diarreia pode durar cerca de uma
semana.
Agente
Etiológico: Campylobacter
jejuni é a bactéria que causa a maior parte dos casos de diarreia, sendo a
principal espécie associada às Doenças de Transmissão Alimentar – DTA. É mais
virulenta por conta de sua maior resistência a fagocitose. A Campylobacter coli produz uma diarreia
mais branda. Ambos são considerados comensais do trato intestinal de um vasto
grupo de animais, principalmente as aves de criação. A Campylobacter lari tem como características diferenciadas a sua
resistência natural ao ácido nalidíxico e a reação negativa na prova de
hidrólise do substrato indoxil – acetato.
Reservatório: Os
microrganismos são comensais do trato gastrointestinal de bovinos, suínos,
ovinos, felinos, cães, roedores, aves domésticas e pássaros (portadores
naturais de Campylobacter, porém não
desenvolvem o quadro clínico da infecção).
Epidemiologia: C. jejuni é uma das principais causas de
enterite bacteriana esporádica nos Estados Unidos, segundo o CDC (Centers for
Disease Control and Prevention) e no Brasil também é comumente relacionado com
as causas de gastroenterite aguda e crônica. A esporadicidade da infecção pelo
microrganismo indica uma maior ocorrência nos meses de verão e inicio do
outono. As infecções acometem principalmente as crianças.
Modo
de transmissão: A transmissão é feita através da ingestão de
água e alimentos contaminados, podendo estes ser atingidos por contaminação
cruzada ou manipulação inadequada dos profissionais. Além do contato com
pessoas e animais infectados.
Alimentos
mais vulneráveis: Leite cru ou insuficientemente pasteurizado
é o alimento apontado com mais frequência como responsável pelos surtos de
campilobacteriose. Além de carnes de origem bovina, suína, aves (uma das
principais fontes de contaminação) e água não tratada.
Diagnóstico
e tratamento: O diagnóstico é feito geralmente em cultura
de amostras de fezes (para verificar a presença de bactérias), as vezes cultura
de amostras de sangue (em casos de suspeita de infecção na corrente sanguínea).
O tratamento vai depender da gravidade de cada caso, sendo o uso de
antibióticos como a azitromicina (durante 3 dias) e eritromicina (durante 5
dias) recomendado para as formas mais
graves. As espécies C. jejuni e C. coli são sensíveis a uma variedade de
agentes antimicrobianos, inclusive macrolídeos, fluoroquinolonas,
aminoglicosídeos, cloranfenicol e tetraciclina.
Prevenção:
Uma
medida essencial é o controle da qualidade da água, principalmente as
utilizadas durante o preparo dos alimentos. A superfície onde os alimentos são
colocados e os materiais utilizados devem ser devidamente desinfetados e
limpos. É necessário um cuidado com a contaminação cruzada e a temperatura de
armazenamento dos alimentos. Evitar o consumo de alimentos crus e mal cozidos.
Referências:
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