segunda-feira, 26 de abril de 2021
Microbiota intestinal no combate aos vírus , incluindo a covid-19.
quarta-feira, 21 de abril de 2021
Detecção de pesticidas em alimentos desenvolvido pela UFC
Com o aumento populacional mundial, há também o aumento da demanda de alimentos e matérias-primas; mediante isso há um estímulo na elaboração de tecnologias ativas na parte do agronegócio. Contudo essa tecnologia ainda não é o suficiente para a eliminação de pragas, sendo necessário o uso de pesticidas, aumentando assim cada vez mais o uso de agroquímicos.
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Fonte: Google Imagens |
O conceito parte de uma simples premissa: misturar o alimento a ser analisado em uma solução que contém sonda fluorescente. Após isso, se a solução apresentar emissão de luz em uma certa intensidade, significa que o alimento em questão encontra-se contaminado com agrotóxicos. Além de, ser capaz de reconhecer qual o pesticida se apresenta na amostra, através da análise da luz emitida, ou seja, de acordo com a intensidade apresentada atribui-se a um elemento diferente.
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Fonte: Portal da Universidade Federal do Ceará |
O trabalho é realizado por pontos quânticos de carbono (CQDs) para identificar as proteínas. Sendo os mesmos nanopartículas, ou seja, partículas cuja ordem de grandeza é nove vezes menor que o metro, que demonstram ótimas propriedades de biocompatibilidade e domínio de emissão de luz.
Na pesquisa utilizou-se para testes, alimentos determinados por meio de relatórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo, arroz, cenoura, pimentão e laranja, considerados os que apresentam maior possibilidade de possuir os pesticidas estudados, visto que eles têm o uso permitido até determinada concentração.
De acordo com o Prof Rafael Melo Freire, parceiro na pesquisa pela Universidad Autónoma de Chile e pesquisador do Centro para el Desarrollo de la Nanociencia y Nanotecnología (CEDENNA), “ o método proposto compreende de um conjunto de sinais ópticos que possibilita fazer a detecção de todo e qualquer pesticida naquele alimento. Podendo interpretar esses sinais como uma impressão digital única para cada um dos pesticidas utilizados, fazendo após a análise o registro no banco de dados para cada pesticida.”
O método desenvolvido pela UFC possui o diferencial de ser bem mais fácil e barato que outras soluções já existentes no mercado e, diferente das soluções já utilizadas, essa não necessita da presença de um analista para elucidar os resultados. Na forma como o trabalho se encontra atualmente, presume-se que há dois públicos-alvos para o produto, as agências reguladoras, que são capazes de utilizar o mesmo para a inspeção da quantidade de pesticidas nos alimentos comercializados e os grandes compradores, que obtém grandes quantidades de alimentos para revender em postos de abastecimento. Isso ocorre pois até o momento para a realização da técnica é necessário o uso de equipamentos laboratoriais.
A pesquisa ainda está em andamento tendo como objetivo elaborar um produto que não precise de equipamentos laboratoriais. Segundo o Prof. Pierre Fechine “ O intuito é criar um dispositivo de fácil uso, que mesmo os pequenos produtores rurais ou até mesmo os consumidores finais possam operar e identificar pesticidas nos alimentos.” E esse próximo passo da pesquisa consiste na fabricação de um tipo de sensor que possibilitará a identificação de pesticidas em amostras de alimentos, de forma fácil, revolucionária e barata.
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Fonte: Agência UFC |
O sensor já está em fase de elaboração por meio de kits de identificação, que apresentariam todos os materiais necessários para a detecção e um equipamento para a identificação óptica para analisar a alteração de intensidade da luz apresentada. Avaliam também a viabilidade de observar além da presença de praguicidas a sua quantidade nos alimentos.
REFERÊNCIAS
EMBRAPA - Pesticidas e seus impactos no ambiente
Agência UFC - UFC cria tecnologia mais rápida e barata de identificação de pesticidas em alimentos
sábado, 10 de abril de 2021
O USO DE SULFITOS NA CONSERVAÇÃO DO CAMARÃO: QUAIS OS RISCOS?
O camarão é um crustáceo que habita água doce e
salgada, sendo de bom valor comercial. O Nordeste do Brasil tem se destacado
como um dos maiores produtores brasileiros do camarão branco do Pacífico (Litopenaeus vannamei), cultivado
principalmente em viveiros.
A despesca do camarão marinho Litopenaeus vannamei acontece quando o crustáceo atinge o tamanho e peso desejados pelo produtor. A morte é ocasionada por choque térmico, em água gelada e em seguida, é adicionado um aditivo alimentar antioxidante, o metabissulfito de sódio (Na2S2O5).
Nas fazendas de camarão, o procedimento usual é a imersão dos camarões despescados, em água com gelo contendo metabissulfito de sódio, que é muito utilizado na indústria alimentícia como inibidores da reação oxienzimática de escurecimento, em especial, para reduzir a melanose dos camarões, processo que afeta a sua coloração de escurecimento devido à formação de melanina. Essa mudança de cor afeta muito a venda do camarão, a ponto de ser rejeitada pelos consumidores, embora por si só não tenha efeitos prejudiciais à saúde, mas lhe dá um aspecto desagradável que diminui sua qualidade, prazo de validade e anula seu valor comercial.
Imagem: (1) Camarão com melanose e (2) camarão no gelo
com metabissulfito.
Fonte:
Google Imagens
Para a
inibição do aparecimento dessas manchas pretas, o uso de sulfitos constitui um
dos métodos mais simples, de custo mais barato e o mais eficiente, tendo como
agente ativo o dióxido de enxofre (SO2). Este aditivo atua inibindo
a enzima polifenoloxidase e, portanto previne ou retarda a melanose preservando
a qualidade do camarão. A forma de utilização é imergir o camarão,
imediatamente após a colheita, em uma solução que pode ser de 10% a 12% por
quinze a vinte minutos com água e gelo. A temperatura da solução não deve ser
superior a 2°C. É importante fazer este tratamento antes do início da melanose.
Desta forma, o camarão absorve o metabissulfito de sódio. Posteriormente, é
transportado para a planta de beneficiamento para ser classificado e embalado
in natura, refrigerado ou congelado. Durante esse processo, o dióxido de
enxofre SO2 é gradualmente eliminado por drenagem e evaporação, diminuindo sua
concentração inicial.
Níveis de teor de sulfitos seguros e recomendados
A Resolução CNS/MS Nº 04, de 24 de novembro de
1988, estabelece os limites máximos do uso de aditivos e de coadjuvantes de
tecnologia do camarão congelado, sendo para o metabissulfito de 0,01g para camarões e lagostas frescos
logo após a despesca e 0,03g para camarões e lagostas cozidas. Na mesma
portaria, destaca que deve conter no rótulo que ocorreu o uso do metabissulfito
de sódio (BRASIL, 1988).
E ainda, segundo a OMS, os resíduos do metabissulfito de sódio é o
dióxido de enxofre (SO2), não devem ultrapassar as concentrações da faixa de 40
ppm a 100 ppm, tanto para camarão fresco quanto congelado.
Então, quais os riscos do uso de metabissulfito no camarão?
O metabissulfito de sódio em contato com ácidos,
água e/ou gelo libera o gás dióxido de enxofre (SO2) é corrosivo, e que pode
ser mortal se inalado. Pode causar reações alérgicas severas em pessoas
asmáticas ou sensíveis a sulfitos. Concentrações e tempo de imersão elevados
causam níveis de dióxido de enxofre (SO2) residual no camarão maiores que 100
ppm, valor acima do permitido pela legislação brasileira, e que poderá
ocasionar crises de asma, reações cutâneas (urticárias), diarréias, choque
anafilático, dores de cabeça, dores abdominais, náuseas e tonturas. Essas
reações podem ser graves em usuários sensíveis. Por esse motivo, os níveis de
SO2 devem ser controlados antes de lançar o produto no mercado. É importante
que exista um sistema ou norma que estabeleça um estudo e gestão de riscos para
evitar que um produto com falta de segurança entre no mercado.
A concentração máxima permitida pela legislação nem
sempre é respeitada, pois há relatos de produtores sem licença e indústrias
clandestinas (sem serviço de inspeção) que não respeitam o limite estabelecido.
Os camarões podem ser submetidos à metabissulfito tanto na despesca quanto na
indústria. A legislação determina que o camarão possua uma concentração máxima
deste composto, indiferente se é na recepção desse produto ou na expedição
dele. Auditorias sanitárias executadas pelo órgão responsável tem como objetivo
principal garantir um alimento seguro para consumo. Uma solução para a falta de
padronização seria o uso de metabissulfito somente na despesca, permitindo um
melhor controle sobre a quantidade do produto utilizada.
Dentre essas
críticas ao uso do metabissulfito, destaca-se ainda o lançamento de resíduos do
produto nos corpos hídricos, fato que provoca a morte da flora e da fauna
aquática da região adjacente. Além disso, existem críticas também ao manejo do
produto nas fazendas, onde os trabalhadores muitas vezes utilizam o
metabissulfito sem treinamento e equipamentos adequados, visto que são produtos
irritantes das vias respiratórias.
Mas como adquirir camarão seguro e dentro das normas?
Adquira somente produtos com o selo de serviço de
inspeção, pois esses possuem auditoria do órgão fiscalizador e,
consequentemente, uma maior garantia de qualidade. Além disso, dê preferência
para empresas consolidadas no mercado, pois estas provavelmente inserem esse
perigo no seu programa de APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle), que também é um requisito para exportação.
O uso correto
deste produto químico seguindo as normas de segurança para o manuseio, para o
descarte do resíduo e para a concentração no alimento, não apresenta perigo
para o homem ou para o meio ambiente. A questão está na responsabilidade e a
ética de quem o está utilizando.
Fontes:
GAMA, L. G. Influência Do Teor
Residual De Sulfito Sobre A Qualidade Do Camarão Marinho. Dissertação
(Mestrado). Centro de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal da Paraíba
– UFPE. João Pessoa, 2015.
O metabissulfito de sódio e o seu
uso na carcinicultura. Disponível em <
https://panoramadaaquicultura.com.br/o-metabissulfito-de-sodio-e-o-seu-uso-na-carcinicultura/>
Acesso em: 05 Abr. 2021.
Sulfitos no camarão: qual é o
risco? Disponível em: < https://foodsafetybrazil.org/sulfitos-no-camarao-qual-e-o-risco/>
Acesso em: 05 Abr. 2021.
GÓES, L. et al. Uso do metabissulfito de sódio no controle de
microorganismos em camarões marinhos Litopenaeus
vannamei. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 28, n. 2, 2006, pp.
153-157 Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2006.
sexta-feira, 9 de abril de 2021
A origem do SARS-Cov-2 é alimentar?
Muito tem se discutido acerca da origem do novo coronavírus, que é responsável pela maior pandemia e crise sanitária e humanitária do século XXI, até então. Desde meados do ano de 2019, com o episódio de transmissão inicial em massa na cidade de Wuhan, na China, tem se estudado sobre a origem do vírus. Atualmente, ainda não se tem certeza acerca da origem exata do vírus, mas sabe-se que é muito provável que o vírus, já encontrado décadas atrás em animais selvagens como algumas espécies de morcegos e pangolins, tenha passado dos animais silvestres para os humanos.
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Morcego. Fonte: Unsplash |
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Pangolin. Fonte: Reuters |
Tendo em vista a China, o país mais populoso do mundo atualmente, com cerca de 1,39 bilhão de pessoas, aliado ao convívio cada vez mais próximo entre animais silvestres e populações humanas, ambas competindo por espaço, bem como a falta de condições adequadas de saneamento básico, que somente a desigualdade social sabe proporcionar, tem-se então, um cenário favorável para que o fenômeno de spillover (salto do vírus de animais selvagens para humanos), finalmente ocorra.
Diversas podem ser as vias de infecção pelo vírus através do contato com os animais, seja pelo contato com urina e fezes de, seja pela mordida de um morcego infectado, ou até mesmo pelo consumo destes animais como forma de subsistência. Grupos de pesquisa foram enviados à cidade de Wuhan após o início do surto para investigar a possibilidade do vírus ter se difundido a partir de um mercado local de frutos do mar, que também comercializa animais silvestres vivos em condições muitas vezes precárias, como em diversos países no mundo.
No entanto, as autoridades competentes atuantes no país, alegaram que testaram todo o local em busca do vírus nos animais e nada foi encontrado. Dessa forma, outra hipótese tem sido estudada, a de que o vírus tenha circulado através de alimentos congelados (transmissão por cadeia de frio), o que torna a origem do vírus ainda mais incerta. E que o mercado na cidade de Wuhan, na realidade teria sido o ponto inicial de maior disseminação do vírus, dado o grande volume de circulação diária de pessoas na região, mas não o ponto de origem.
Mas uma coisa é certa, a pandemia de SARS-Cov-2 reforça ainda mais a importância das questões socioambientais e como a espécie humana, tem se relacionado com o meio ambiente de forma predatória e desrespeitosa, trazendo à tona a necessidade de repensar o modo de vida que levamos.
Por tanto, é importante ressaltar o quão imprescindível é ter atenção com o saneamento básico, o que se aplica também aos alimentos, seja atentarmo-nos com a procedência dos ingredientes, com a higienização adequada (com emprego de água sanitária diluída em água potável, na escala de uma colher de sopa para 1 L de água), tanto dos alimentos, quanto das mãos dos manipuladores e de todos os utensílios e locais empregados no momento de preparo, da cocção correta, tanto de carnes e vegetais, a fim de eliminar quaisquer patógenos em potencial.
Para mais informações:
https://jornal.usp.br/artigos/covid2-o-que-se-sabe-sobre-a-origem-da-doenca/
https://jornal.usp.br/ciencias/covid-19-como-o-virus-saltou-de-morcegos-para-humanos/
https://www.esalq.usp.br/banco-de-noticias/o-covid-19-pode-ser-transmitido-por-alimentos