A história da apicultura iniciou-se com os egípcios,
que há cerca de 4.400 anos
atrás, colocavam abelhas em
potes de barro. Apesar dos egípcios serem
considerados os pioneiros na criação de abelhas, a palavra
colmeia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em recipientes com
forma de sino feitos de palha trançada, nos dias de hoje chamado de colmo.
Atualmente, dentre as diversas
operações que compõem o sistema de produção do mel, que é um produto natural
amplamente utilizado para fins nutricionais e medicinais; algumas oferecem
riscos à saúde do trabalhador, do consumidor e à qualidade do produto, seja
pela contaminação com resíduos de agrotóxicos, pela presença de microorganismos
nocivos ou substâncias deteriorantes do mel. Devido a isso, são descritos
pré-requisitos para implantação das Boas Práticas Apícolas e do sistema APPCC
para o mel, que necessita de uma análise segura que confirme sua origem, assim
como leis que controlem e regularizem a produção, manipulação, esterilização e
rotulagem.
A criação de abelhas é hoje uma
importante atividade agropecuária no Brasil, representando trabalho e renda
para muitas famílias de pequenos e médios produtores rurais, participando do
mercado nacional e internacional. Portanto, é necessário o atendimento de
normas que regulamentam o comércio de alimento entre os países do mundo. Essas
normas são estabelecidas em fórum internacional e têm o propósito de garantir a
comercialização de alimentos seguros. A aplicação destas é uma garantia à saúde
dos consumidores dos países importadores, pois sabem que, ao usar os produtos,
não estarão pondo em risco sua saúde.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) estabelece regulamentos de funcionamento para os
estabelecimentos que processam mel, exigindo deles programas de garantia da
qualidade como as Boas Práticas de Fabricação (BPF), a Análise de Perigos e
Pontos Críticos de Controle (APPCC) e a participação no Programa Nacional de
Controle de Resíduos para o mel (PNCR). Dentro desses programas, um dos pontos
exigidos é a garantia da qualidade da matéria prima. Para tanto, são
estabelecidas algumas análises que devem ser realizadas em amostras dos méis
nos estabelecimentos processadores, para conferir se as características das
amostras estão em conformidade com o determinado na legislação. Estas são
chamadas de análises de rotina e estão divididas em três grupos: indicadoras de
maturidade, pureza e deterioração. Outras análises também são exigidas, como a
de determinar resíduos de pesticidas e medicamentos.
O enfoque das BPA e do sistema APPCC é
assegurar a inocuidade dos alimentos, sendo o “perigo” definido como um agente
de natureza biológica, química ou física que possa causar danos à saúde do
consumidor. Os diferentes tipos de perigos podem provocar consequências de
gravidade variável para os seres humanos, resultando em diferentes graus de
severidade das patologias.
Ainda, embora de ocorrência remota, pode
ocorrer nas diversas etapas da cadeia produtiva do mel, desde a produção, a
manipulação na casa do mel e nos entrepostos, a utilização de água contaminada
com níveis inaceitáveis de microorganismos patogênicos, parasitas e vírus, para
limpeza dos ambientes, equipamentos, utensílios, veículos de transporte e
higiene dos trabalhadores.
Os perigos biológicos na produção de mel se
relacionam aos trabalhos no campo durante o manejo das colmeias pelo contato
direto dos favos com o solo, pois os microrganismos presentes no solo, assim
como os advindos da utilização de adubos orgânicos não devidamente tratados
podem contaminá-los por bactérias patogênicas (Salmonella spp., Escherichia coli patogênicas, Clostridium botulinum etc.), parasitos (Entamoeba spp., Taenia spp. etc.) e vírus (hepatite etc.). Outros
microrganismos presentes no solo são os fungos e leveduras que podem fermentar
o mel caso haja aumento de umidade.
Com
exceção do Clostridium botulinum, os
demais contaminantes não são preocupantes no mel e derivados, já que estes
produtos têm baixo pH, elevada concentração de açúcares e baixa atividade de
água (aw). Pesquisas realizadas em amostras de abelhas, cera, mel dos favos,
mel centrifugado e grãos de pólen, revelaram a presença de Clostridium botulinum em toda a colônia,
sendo que a cera de abelha e o mel dos favos são os produtos mais contaminados.
Imagem: Clostridium
botulinum
Não há relatos na literatura de casos de DVA
(doenças veiculadas por alimentos) através do mel, a não ser o botulismo
infantil. Assim, esse perigo (Salmonela
e outras enterobactérias patogênicas) não foi considerado. Entretanto, se o
histórico de análises microbiológicas do entreposto indicar problemas, o perigo
pode ser considerado.
Com relação aos esporos de C. botulinum, mesmo nessas condições do
mel (baixo pH, elevada concentração de açúcares e baixa atividade de água),
permanecem por tempo indeterminado e caso o produto seja consumido por crianças
pequenas (até um ano), pode produzir o botulismo infantil, caracterizado como
infecção com produção de toxina in vivo.
O botulismo infantil ocorre pela germinação dos esporos presentes no mel no
trato digestivo da criança. Isso, porque a microbiota intestinal protetora
ainda não está completa no intestino de crianças de até um ano.
Os principais perigos químicos na produção do
mel estão relacionados ao tratamento das abelhas com fármacos, na produção no
campo, e a possíveis contaminações provenientes de resíduos químicos de
produtos utilizados na higienização dos utensílios e equipamentos nas casas do
mel e no entreposto. Ainda é possível a contaminação por defensivos agrícolas.
As contaminações por produtos químicos utilizados na higienização dos equipamentos e
utensílios são, normalmente, resultados da falta de treinamento dos
colaboradores. Caso o produto químico seja residual nas superfícies que entram
em contato direto com o mel, o mesmo pode se contaminar.
Os contaminantes físicos na produção do mel
estão relacionados a sujidades (areia, partes do corpo das abelhas, fragmentos
da vegetação, farpas de madeira etc.) que vêm do campo e/ou são provenientes da
má higienização dos equipamentos e utensílios utilizados no processamento na
casa do mel e no entreposto.
Portanto, a garantia da produção de um
alimento seguro deve ser o objetivo de todos que atuam na cadeia produtiva do
mel e compromisso assumido pelos apicultores, que são os responsáveis pela
produção da matéria prima dos entrepostos de mel.
Referências Bibliográficas:
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da apicultura no mundo. Mel. Outubro, 2017. Disponível em: https://www.mel.com.br/historia-da-apicultura-no-mundo/#targetText=A%20hist%C3%B3ria%20da%20Apicultura%20inicia,abelhas%20em%20potes%20de%20barro.
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(Brasília, DF) PAS Indústria. Manual de Segurança e Qualidade para Apicultura.
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Acesso em: 27/10/2019.
SEBRAE Nacional
(Brasília, DF) PAS Indústria. Manual de Segurança e Qualidade para Apicultura.
Brasília: SEBRAE/NA, 2009. PAS Mel. 86 p.: Tab. (Qualidade e Segurança dos
Alimentos) Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/221866/.
Acesso em: 27/10/2019.
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