STAPHYLOCOCCUS AUREUS E AS
SUPERBACTÉRIAS
STAPHYLOCOCCUS AUREUS
O Staphylococcus
aureus, são cocos Gram positivos, coagulase positiva não esporulados,
imóveis, anaeróbios facultativos, com melhor crescimento em condições aeróbias.
Tem a capacidade de sobreviver e se multiplicar em uma concentração de cloreto
de sódio de até 15%, o que faz com que os alimentos curados também sejam
veículos potenciais de intoxicações por esses microrganismos. Estão associados
aos produtos de origem animal industrializados e manipulados, tais como carnes,
ovos, queijos, leite e doces.
Surtos de intoxicação alimentar por Staphylococcus aureus são os mais
comuns, pois de 1-6 horas após a ingestão, certas cepas produzem uma
enterotoxina termoestável que é responsável por causar náusea, vômito, espasmo
abdominal e diarreia com muco e sangue, podendo ser fatal para crianças,
imunodeprimidos e idosos.
Trata-se de uma bactéria comum, encontrada
normalmente colonizando a pele de várias pessoas saudáveis, são
microrganismos encontrados na boca, cavidade nasal e nas mãos, sendo comum
serem encontrados nos alimentos, devido a más condições higiênicas durante o
processo de fabricação e a presença de trabalhadores portadores assintomáticos
e com maus hábitos higiênicos, o que contribui para disseminação dos
microrganismos. Além das infecções estafilocócicas na glândula mamária bovina
que apresenta um reservatório de culturas toxigênicas deste microrganismo,
contaminando assim, o leite cru.
Porém,
como qualquer bactéria fora do seu tecido de origem, ela pode causar infeções sérias e
que podem levar uma pessoa a óbito, O problema maior acontece quando essa
bactéria atinge a corrente sanguínea, podendo ser levada a qualquer
parte do corpo, provocando uma infecção generalizada, caso do neto de Lula. Muitas
vezes, as infecções bacterianas são restritas a apenas um órgão, mas sempre
existe a possibilidade de se tornarem sistêmicas, gerando assim um quadro de
sepse, que é extremamente grave e responsável por várias mortes diariamente quando
não tratado corretamente.
Fonte: istockphoto
SUPERBACTÉRIAS
Superbactérias são bactérias que conseguem resistir ao tratamento com o uso
de uma grande quantidade de antibióticos. Geralmente essas superbactérias
surgem em razão do uso de antibióticos de forma desnecessária ou de maneira
incorreta, que acaba selecionando as formas resistentes. Representando atualmente uma
das principais ameaças à saúde pública mundial.
É uma bactéria comum, que já existe há vários anos, porém, devido
ao uso indiscriminado de antibióticos, adquiriu resistência a praticamente
todos os recursos de tratamento que estão disponíveis atualmente.
A medida em que as bactérias foram sendo expostas aos
antibióticos, elas começaram a desenvolver alguns mecanismos de defesa para
garantir a sua sobrevivência e, dessa forma, “resistir” aos antibióticos. Esses
mecanismos de defesa podem, geralmente, ser transferidos de uma bactéria para
outra. Quando uma bactéria adquire diversos mecanismos e passa a ser resistente
a uma variedade enorme de antibióticos, ela se torna uma superbactéria.
As superbactérias ganharam destaque primeiro dentro dos hospitais,
onde o uso de antibióticos é mais intenso e a transmissão de bactérias mais
eficiente. Elas ainda são importantes causas de infecções graves entre
pacientes hospitalizados. No entanto, atualmente, já sabemos que as
superbactérias podem ser encontradas também em indivíduos saudáveis da
comunidade, animais, alimentos e no meio ambiente.
Infecções por essas bactérias estão se tornando cada vez mais
comuns e algumas delas são resistentes a praticamente todos os antibióticos
existentes. Ao mesmo tempo, a velocidade com que os cientistas descobrem novos
antibióticos vem sendo cada vez mais lenta. Nesse cenário, a Organização
Mundial de Saúde estima que, se nada for feito para controlar essas
superbactérias, até 2050 elas serão responsáveis por cerca de 10 milhões de
mortes por ano no mundo, tornando-se mais letais que o câncer. Além disso,
de acordo com estimativas globais, até 2050 as infecções por superbactérias
gerarão um custo de aproximadamente 84 trilhões de dólares para a economia
global.
Uma das principais bactérias resistentes a medicamentos é a Staphylococcus aureus,
sendo a forma resistente à meticilina (MRSA) a mais comum. A MRSA é encontrada
em praticamente todo o mundo, normalmente em Unidades de Terapia Intensiva
(UTI), onde causam sérios problemas. Essa superbactéria, além de ser resistente
a vários antibióticos, é capaz de colonizar instrumentos médicos.
Em 17 de abril de 2014, um trabalho intitulado Transferable Vancomycin
Resistance in a Community-Associated MRSA Lineage alertou
a respeito de uma nova superbactéria do tipo VRSA (Vancomycin Resistent
Staphylococcus aureus) resistente à meticilina e à vancomicina.
Essa bactéria, chamada de BR-VRSA, foi descoberta no Brasil e é um tipo ainda
mais resistente de Staphylococcus aureus. O que a diferencia das outras
bactérias do tipo VRSA é o material genético herdado de bactérias que são
encontradas em ambientes fora dos hospitais. Essa característica é importante
porque torna mais fácil a sua disseminação.
Outra superbactéria que reflete um grande problema nos hospitais
do mundo todo é a chamada KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemases). Ela produz
carbapenemases do grupo A, enzima responsável por inibir a ação dos antibióticos
que possuem o anel betalactâmico. Isso faz com que as opções de medicamento no
tratamento dessa bactéria sejam diminuídas. A KPC acomete normalmente pacientes
imunodeprimidos, em especial aqueles que estão na UTI.
Existe ainda uma superbactéria chamada NDM-1, que inicialmente
surgiu na Índia e Paquistão, mas, posteriormente, espalhou-se por praticamente todo
o mundo nos ambientes hospitalares. Ela apresenta um gene responsável pela
produção de uma enzima que atua nos antibióticos betalactâmicos, conferindo
resistência a esse medicamento.
Podemos concluir que várias são as superbactérias existentes no
planeta e que todas elas constituem um grave problema para o ambiente
hospitalar, uma vez que atacam pacientes com doenças graves ou extremamente
debilitados. Conter o avanço de superbactérias é uma tarefa difícil e necessita
de uma ação conjunta de profissionais da saúde, pacientes e até mesmo dos
governantes. Profissionais da saúde devem ter em mente que a prescrição de
antibióticos só deve ser feita quando necessário e todos os procedimentos
hospitalares devem ser feitos com total higiene, utilização de jalecos, toucas
e luvas. Os pacientes, por sua vez, devem ficar atentos às recomendações
médicas e nunca se automedicar. Já os governantes devem dificultar a venda
indiscriminada de antibióticos e criar políticas que incentivem a pesquisa
sobre essas bactérias.
Figura adaptada de Antibiotic Resistance Threats in the United States,
2013, CDC.
REFERÊNCIAS
http://www.comciencia.br/resistencia-antibioticos-e-as-superbacterias/
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/superbacterias.htm
https://mdemulher.abril.com.br/saude/
SANTANA, E. et al. Artigo de Revisão Estafilococos em
alimentos. Arq. Inst. Biol., São
Paulo, v.77, n.3, p.545-554, jul./set., 2010.
RADDI, M., LEITE, C. e MENDONÇA, C. Staphylococcus aureus:
Portadores entre manipuladores de alimentos. Rev. Saúde Pública., São Paulo, 22(1) : 36-40, 1988.
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