CIGUATERA: O MAL QUE VEM DOS PEIXES
INTRODUÇÃO
A intoxicação alimentar por ciguatera está
relacionada ao consumo de pescados contaminados com ciguatoxinas, que são
produzidas por microalgas que se desenvolvem habitualmente em corais ou macroalgas
presentes em águas tropicais ou subtropicais nos oceanos Índico, Pacífico e Mar
do Caribe. A espécie produtora mais comum é o dinoflagelado Gambierdiscus
toxicus. A cadeia começa com a microalga (dinoflagelado) que produz a
ciguatoxina e vive na superfície de algumas algas. As microalgas são comidas,
diretamente, pelos invertebrados filtradores e pelos peixes
herbívoros e onívoros que se alimentam de algas, e, indiretamente, pelos peixes
carnívoros que se alimentam dos invertebrados e dos peixes herbívoros ou
onívoros. Como a ciguatoxina é cumulativa no organismo dos seres ao longo da
cadeia alimentar, a medida em que se sobe na cadeia, maior será a quantidade de
toxina acumulada. Assim, um peixe carnívoro terá, provavelmente, maior
quantidade acumulada do que um herbívoro. Das espécies de peixes implicadas com
esse tipo de envenenamento (mais de 400 em todo o mundo), a maioria possui alto
valor comercial para a alimentação humana e constitui a base de muitas
industrias pesqueiras e peixarias locais. Normalmente, essas espécies estão
livres da contaminação (boas para a alimentação). Estas toxinas são inativadas pela cozedura,
congelação ou pelo suco gástrico. Cerca de 10 000 a 50 000 pessoas são afetadas
anualmente pela intoxicação, sendo só registados cerca de 2-10% dos casos.
SINTOMAS
Os indivíduos
afetados por intoxicação por ciguatera desenvolvem uma constelação de sintomas
que podem ser gastrointestinais (diarreia, náuseas, vómitos e dor abdominal),
neurológicos (parestesias das extremidades, prurido, tontura, ataxia ou
descoordenação motora)
ou cardíacos (bradicardia, hipotensão ou bloqueio aurículo ventricular). Nos casos
mais graves, as vítimas podem entrar em estado de choque e morrer. Além disto,
os indivíduos que já tenham sofrido este tipo de intoxicação devem ter cuidados
redobrados, pois a sua sensibilidade à toxina é muito mais elevada e, desta
forma, basta consumir uma pequena dose para apresentar claros sintomas de
intoxicação alimentar.
DICAS DE PREVENÇÃO PARA O CONSUMIDOR:
- Adquira peixes de coral apenas em lojas conhecidas e de confiança;
- Nunca adquira peixes de coral cuja origem seja desconhecida;
- Evite consumir grandes quantidades de peixes de coral de uma só vez;
- Aconselha-se escolher peixes de coral com menos de 3 Kg, pois o nível de concentração da toxina aumenta com o tamanho do peixe;
- Evite consumir a cabeça, pele, vísceras, órgãos reprodutores e ovas de peixes de coral, partes em que a toxina se concentra;
- Ao consumir peixes de coral, evite o consumo de bebidas alcoólicas, nozes ou feijões, pois estes alimentos tendem a agravar os sintomas de intoxicação alimentar;
- No caso de sintomas de intoxicação por ciguatera, procure, de imediato, assistência médica.
TRATAMENTO
O tratamento da intoxicação ciguatera é essencialmente de suporte,
baseado nos sintomas apresentados pela vítima. Vários tratamentos já foram
sugeridos, porém nenhum comprovou pleno sucesso. A lavagem gástrica seguida pela ingestão de carvão ativado em solução de
sorbitol possui um valor apenas limitado e, ainda assim, somente se
administrado dentro das três primeiras horas após a intoxicação. As náuseas e
vômitos podem ser controlados com antieméticos. O maior problema sistêmico é a
hipotensão. Neste caso, o recomendável é a administração intravenosa de
gluconato de cálcio. A arritmia que leva à insuficiência cardíaca e à
hipotensão responde bem à administração de atropina intravenosa. Durante a
recuperação da intoxicação, a vítima deve excluir de sua dieta os seguintes
alimentos: peixes e frutos do mar, bebidas alcoólicas e nozes e seus óleos. A
ingestão desses alimentos pode resultar na exarcebação da síndrome da
ciguatera.
Referências:
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