quarta-feira, 17 de outubro de 2018

                                                   CIGUATERA: O MAL QUE VEM DOS PEIXES



INTRODUÇÃO
A intoxicação alimentar por ciguatera está relacionada ao consumo de pescados contaminados com ciguatoxinas, que são produzidas por microalgas que se desenvolvem habitualmente em corais ou macroalgas presentes em águas tropicais ou subtropicais nos oceanos Índico, Pacífico e Mar do Caribe. A espécie produtora mais comum é o dinoflagelado Gambierdiscus toxicus. A cadeia começa com a microalga (dinoflagelado) que produz a ciguatoxina e vive na superfície de algumas algas. As microalgas são comidas, diretamente, pelos invertebrados filtradores e pelos peixes herbívoros e onívoros que se alimentam de algas, e, indiretamente, pelos peixes carnívoros que se alimentam dos invertebrados e dos peixes herbívoros ou onívoros. Como a ciguatoxina é cumulativa no organismo dos seres ao longo da cadeia alimentar, a medida em que se sobe na cadeia, maior será a quantidade de toxina acumulada. Assim, um peixe carnívoro terá, provavelmente, maior quantidade acumulada do que um herbívoro. Das espécies de peixes implicadas com esse tipo de envenenamento (mais de 400 em todo o mundo), a maioria possui alto valor comercial para a alimentação humana e constitui a base de muitas industrias pesqueiras e peixarias locais. Normalmente, essas espécies estão livres da contaminação (boas para a alimentação).  Estas toxinas são inativadas pela cozedura, congelação ou pelo suco gástrico. Cerca de 10 000 a 50 000 pessoas são afetadas anualmente pela intoxicação, sendo só registados cerca de 2-10% dos casos.

                                          SINTOMAS       
Os indivíduos afetados por intoxicação por ciguatera desenvolvem uma constelação de sintomas que podem ser gastrointestinais (diarreia, náuseas, vómitos e dor abdominal), neurológicos (parestesias das extremidades, prurido, tontura, ataxia ou descoordenação motora) ou cardíacos (bradicardia, hipotensão ou bloqueio aurículo ventricular). Nos casos mais graves, as vítimas podem entrar em estado de choque e morrer. Além disto, os indivíduos que já tenham sofrido este tipo de intoxicação devem ter cuidados redobrados, pois a sua sensibilidade à toxina é muito mais elevada e, desta forma, basta consumir uma pequena dose para apresentar claros sintomas de intoxicação alimentar.

                                DICAS DE PREVENÇÃO PARA O CONSUMIDOR:
  • Adquira peixes de coral apenas em lojas conhecidas e de confiança;
  • Nunca adquira peixes de coral cuja origem seja desconhecida;
  • Evite consumir grandes quantidades de peixes de coral de uma só vez;
  • Aconselha-se escolher peixes de coral com menos de 3 Kg, pois o nível de concentração da toxina aumenta com o tamanho do peixe;
  • Evite consumir a cabeça, pele, vísceras, órgãos reprodutores e ovas de peixes de coral, partes em que a toxina se concentra;
  • Ao consumir peixes de coral, evite o consumo de bebidas alcoólicas, nozes ou feijões, pois estes alimentos tendem a agravar os sintomas de intoxicação alimentar;
  • No caso de sintomas de intoxicação por ciguatera, procure, de imediato, assistência médica.


                                                                        TRATAMENTO
O tratamento da intoxicação ciguatera é essencialmente de suporte, baseado nos sintomas apresentados pela vítima. Vários tratamentos já foram sugeridos, porém nenhum comprovou pleno sucesso. A lavagem gástrica seguida pela ingestão de carvão ativado em solução de sorbitol possui um valor apenas limitado e, ainda assim, somente se administrado dentro das três primeiras horas após a intoxicação. As náuseas e vômitos podem ser controlados com antieméticos. O maior problema sistêmico é a hipotensão. Neste caso, o recomendável é a administração intravenosa de gluconato de cálcio. A arritmia que leva à insuficiência cardíaca e à hipotensão responde bem à administração de atropina intravenosa. Durante a recuperação da intoxicação, a vítima deve excluir de sua dieta os seguintes alimentos: peixes e frutos do mar, bebidas alcoólicas e nozes e seus óleos. A ingestão desses alimentos pode resultar na exarcebação da síndrome da ciguatera.



Referências:



Nenhum comentário:

Postar um comentário