Há trilhões de
micro-organismos, incluindo bactérias, fungos e vírus, no interior de seu trato
gastrointestinal. Você tem em seu corpo aproximadamente o mesmo número de microrganismos,
principalmente no intestino grosso, quanto de células. Mas apenas de 10% a 20%
das bactérias do intestino são iguais às de outros indivíduos.
Os microbiomas diferem
imensamente de pessoa para pessoa, dependendo de dieta, estilo de vida e outros
fatores. E eles influenciam tudo: saúde, apetite, peso e humor.
MICROBIOTA INTESTINAL
As bactérias
que habitam o nosso trato gastrointestinal são reconhecidas como constituintes
de um órgão funcionalmente ativo, chamado microbiota intestinal. No intestino
grosso, onde a microbiota é mais numerosa e diversificada, há o predomínio da:
- Microbiota probiótica: composta por bactérias com ações benéficas para o organismo, sendo as bifidobactérias e os lactobacilos.
- Microbiota patogênica (potencial nocivo): composta por
gêneros como Clostridium,
Pseudomonas, Klebsiela e Enterobacter.
O equilíbrio
entre a microbiota probiótica e a patogênica é crucial para a saúde humana, e,
quando há aumento na proliferação de bactérias patogênicas, temos um quadro de
disbiose intestinal.
INFLUÊNCIA DA
DIETA NO MICROBIOMA
INTESTINAL
A dieta tem uma enorme
influência sobre o microbioma intestinal. Pesquisas mostram relações entre a
dieta ocidental, tipicamente rica em gordura animal e proteína e pobre em
fibras, com o aumento da produção de compostos causadores de câncer e
inflamação. A dieta mediterrânea, por outro lado, que é tipicamente rica em
fibras e com pouca carne vermelha, foi ligada ao aumento dos níveis de ácidos
graxos fecais de cadeia curta, que tem efeitos anti-inflamatórios e melhoram o
sistema imunológico.
Para manter o equilíbrio da microbiota intestinal inclua
na sua alimentação:
- Fibras insolúveis: presentes nos grãos integrais, nos cereais
integrais, auxiliam na formação do bolo fecal;
- Fibra solúvel: presentes nas polpas de frutas, verduras e legumes.
A pectina é considerada uma boa fibra solúvel. Elas auxiliam na normalização
da microbiota intestinal, são eficientes para tratamento da constipação
intestinal, diminuem o índice glicêmico dos alimentos, aumentam o poder de
saciedade de uma refeição, auxiliam no tratamento do colesterol;
- A
suplementação de probióticos como: iogurte e leite fermentado, sendo os mais conhecidos os
lactobacillus vivos, podem ajudar a manter o equilíbrio da
microbiota intestinal, sendo excelentes para regularizar o
funcionamento do intestino e reduzir o número de bactérias potencialmente patogênicas;
- Incluir
alimentos e bebidas fermentadas na sua dieta, como o Kefir.
- Evitar açúcares, gorduras e alimentos industrializados, pois
aumentam a permeabilidade intestinal e contribuírem para a absorção de
substâncias nocivas que elevam a inflamação sistêmica.
EQUILÍBRIO
DA MICROBIOTA INTESTINAL PARA EVITAR
DOENÇAS
O equilíbrio da microbiota intestinal é
fundamental para manter a nossa saúde em dia.
O desequilíbrio da microbiota intestinal está sendo
associada a vários problemas de saúde, como por exemplo:
- Ganho de
peso;
- Inflamação;
- Obesidade;
- Resistência
à insulina;
- Doença
inflamatória intestinal;
- Câncer colo
retal;
- Gota;
- Síndrome do intestino irritável (SII)
BENEFÍCIOS DA MICROBIOTA HUMANA
A
microbiota é multifuncional e tem a capacidade de:
- Auxiliar na digestão de polissacarídeos
vegetais;
- Sintetizar e excretar vitaminas, como ocorre
com bactérias entéricas, que produzem vitaminas K e B12 e bactérias láticas,
que produzem outras vitaminas do complexo B;
- Impedir a colonização por patógenos, por meio
da competição por sítios e nutrientes essenciais;
- Antagonizar outras bactérias, por meio de
síntese de substâncias inibidoras ou letais contra espécies não pertencentes à
microbiota normal;
- Promover o desenvolvimento de tecidos, como o
ceco e tecido linfático no trato gastrointestinal;
- Estimular a produção de anticorpos naturais,
em baixos níveis, contra os componentes da microbiota normal e que são capazes
de reconhecer cruzadamente patógenos relacionados;
- Controla o sistema imunológico, pois, ajuda o
sistema imune na apresentação de antígenos, o que torna o organismo mais
tolerante a alguns determinantes imunológicos, reduzindo assim as respostas
alérgicas a comida e antígenos ambientais;
- Beneficia a saúde do coração e do cérebro;
- Controla o açúcar no sangue e diminui o
risco de diabetes.
DOENÇAS ASSOCIADAS A MICROBIOTA INTESTINAL
A saúde do
intestino tem grande influência no sistema nervoso central, uma vez que nossa
microbiota intestinal é capaz de estimular sinais cerebrais relacionados à
modulação de neurotransmissores, funções imunológicas e hormonais associados à
fisiopatologia da ansiedade e do estresse. Como mecanismo, estudos sugerem que
bactérias intestinais atuam no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, via
responsável pela produção de cortisol e catecolaminas que, em desequilíbrio,
desencadeiam o estresse e a ansiedade. Tais sintomas podem ser atenuados com
algumas estratégias nutricionais voltadas para a melhora da composição da
microbiota intestinal.
A
imunoglobulina A (IgA) é o anticorpo mais importante para a mucosa intestinal,
por mediar reações de tolerância. Entretanto, o quadro inflamatório da disbiose
intestinal predispõe à redução da transcrição dessa imunoglobulina,
interferindo na integridade e saúde da mucosa intestinal. Um estudo publicado
pela Nature
enfatizou a relação entre intestino e trato respiratório, através
do eixo intestino-pulmão. Os autores pontuam que o quadro de disbiose
intestinal pode ser um potente gatilho para doenças que atingem o trato
respiratório (por exemplo, asma, rinite e sinusite) e a adequação do perfil
microbiano intestinal pode melhorar a sintomatologia que envolve essas
condições.
Existem
evidências de que a microbiota intestinal está intimamente ligada ao risco de
obesidade. Segundo uma meta-análise publicada pelo “Nutrition
Research”, estudos em humanos e em animais mostram que a microbiota
intestinal é um dos determinantes para a obesidade. A microbiota
intestinal difere entre indivíduos magros e obesos e, nestes últimos, pode
induzir uma inflamação de baixo grau, perpetuando a obesidade e predispondo a
morbidades associadas, como o diabetes tipo 2. A obesidade e os distúrbios
metabólicos relacionados são caracterizados por alterações específicas na
composição e função da microbiota do intestino humano, de acordo com recente
estudo publicado pela “Nutrition Today”, pode alterar o balanço energético,
prejudicando a utilização de energia a partir da dieta e influenciando genes
que regulam o dispêndio e o armazenamento de energia.
REFERÊNCIAS
https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-47296603
Paixão, L. A.; Castro, F. F. S. A colonização da microbiota
intestinal e sua influência na saúde do hospedeiro. Ciências da Saúde,
Brasília, v. 14, n. 1, p. 85-96, jan./jun. 2016.
Chavasco, J. K. Microbiologia e a Microbiota Humana. Unifal.
MG. 2017.
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